O pai que passou para o filho, o sobrinho que assumiu com o primo e o empregado que arrendou o ponto do antigo patrão. A chegada de novos empresário no ramo de feiras livres, quase sempre, obedece a ordem da hereditariedade. São, em geral, profissionais envolvidos desde cedo com o dia a dia do ramo. Um negócio que exige conhecimento sobre a mercadoria e tino para lidar com uma mão de obra bastante peculiar.
“No mercado, não existe um curso, uma preparação para um leigo que queira se tornar feirante. Trata-se de um conhecimento que passa de geração para geração”, destaca o especialista.
Marli Ogata, que vende ovos em três feiras da cidade de São Paulo há quase 30 anos, concorda. “Meu marido trabalhou a vida inteira em granjas, com o pai dele. E esse conhecimento todo é nosso diferencial. Só de bater os olhos em um ovo ele sabe apontar se vale a pena ou não comprá-lo”, destaca.
Michel Coelho, que iniciou na feira aos 12 anos levado pelo irmão, destaca a dificuldade em lidar com os empregados como um outro empecilho a atração de leigos. “É um mundo diferente. A gente tem de saber se relacionar com uma mão de obra muito simples, que ganha pouco e precisa estar o tempo todo motivada. O funcionário precisa estar bem para tratar bem o cliente e gritar a manhã inteira na feira”, afirma.
Atualmente, a cidade de São Paulo tem 863 feiras livres semanais. O setor é formado por 12,7 mil feirantes cadastrados pela contagem oficial do sindicato da categoria. Os números paralelos, que incluem donos de barracas não regularizados, sem matrícula na prefeitura, chegam próximo a 20 mil.