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Mel brasileiro está quase pronto para conquistar o mundo

Empreendimentos no País exportam 25 mil toneladas; se souberem aproveitar as chances disponíveis, faturamento pode crescer muito nos próximos dez anos

Por Gisele Tamamar
Atualização:

Enquanto o consumo de mel no Brasil ainda é pequeno, as empresas do setor enxergam nas exportações uma forma de crescer e ampliar o faturamento. No ano passado, o País registrou forte crescimento nas vendas para o mercado internacional e subiu seis posições no ranking mundial, ocupando agora o 8º lugar em valor. 

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O crescimento foi de 82% em comparação ao ano anterior e o movimento de US$ 98,5 milhões. Mas depois do pico no ano passado, as vendas, nos primeiros meses do ano, desaceleraram – houve queda de 17,4% em valor e 18,9% em volume.

Mesmo com essa redução, o presidente da Associação Brasileira de Exportadores de Mel (Abemel), Carlos Pamplona, segue otimista e classifica a situação como “queda natural”. Isso porque os dois anos anteriores ao recorde também registraram queda grande de safra no Nordeste por causa da seca. Em 2014, ocorreu grande demanda no mercado internacional e aumento do dólar, o que elevou as exportações. “Nos dois últimos meses o mercado externo deu uma parada. Eles compraram muito e deram uma parada esperando a produção dos Estados Unidos, que vem no fim de julho”, diz. 

Apesar da retração, Pamplona enxerga grandes oportunidades no mercado. “Se o Brasil se preparar, existe um potencial de 100 mil toneladas nos próximos cinco a dez anos. Hoje, o Brasil exporta 25 mil toneladas. Se conseguirmos absorver esse ‘buraco’, as empresas podem ter um aumento de faturamento de até US$ 400 milhões”, afirma. 

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Essa demanda vai aparecer porque a expectativa é que a China consuma todo o mel produzido no planeta, o que deve desabastecer mercados como os Estados Unidos e Europa, grandes consumidores do produto. Aliado a esse cenário, o mel deve ganhar força por estar ligado ao conceito de alimentação saudável. 

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Segundo Pamplona, a oportunidade existe, principalmente, para os produtores profissionais – a indústria chega a ficar com a capacidade produtiva ociosa por falta do item. “Quem quiser investir em mel, abelha, além de ganhar dinheiro, vai surfar na oportunidade da falta de oferta no mercado internacional.” Ainda de acordo com o especialista, o apelo saudável é interessante, mas o setor tem o preço como principal barreira, influenciado pelos custos de produção e alta do dólar. 

Negócios. Os Estados Unidos são o principal comprador do produto brasileiro. O presidente da associação destaca, ainda, que o mel brasileiro é bem visto no mercado por ser puro e livre de resíduos; as abelhas brasileiras são ‘africanizadas’, ou seja, mais resistentes e que não necessitam, por exemplo, do uso de medicamentos.

A empresa que começa a exportar, geralmente, faz as primeiras vendas a granel. Com o tempo, e ao conquistar a confiança dos compradores, o empreendimento pode começar a estampar o rótulo do produto com a sua marca e, dessa maneira, agregar valor ao negócio. É o que faz a Novo Mel, empresa do próprio Pamplona. Ele exporta de 20% a 30% da produção. 

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“A gente escolheu essa estratégia para ter o produto com a nossa marca e não depender do preço internacional. A gente depende do dólar, sim, mas temos um preço fixado porque dominamos o código de barras e vendemos para o consumidor final”, explica Pamplona, que pretende, inclusive, crescer 30% este ano.

Tradição. A família do empresário Daniel Henrique Breyer tem tradição no setor. Antes de montar a empresa que leva o sobrenome da família, o avô de Daniel tinha uma escola de apicultura e fundou o negócio, em 1980, por conta de um produto a base de própolis que ele desenvolveu. O mel começou a ser exportado em 2001 e hoje é o carro-chefe do empreendimento. As exportações representam 80% do faturamento da Breyer, que cresceu em média 10% ao ano nos últimos cinco anos.

 

“A conjuntura econômica que a gente tem percebido no mundo e no Brasil não está boa. O mercado tem se comportado de maneira atípica, mas ainda assim temos perspectiva de crescimento”, afirma Daniel, que é diretor administrativo; o pai dele, Henrique, é o presidente da companhia. “O maior desafio que o Brasil tem hoje é aumento da produção e profissionalismo no campo”, diz Daniel. 

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Oportunidade Quem quiser investir no setor vai encontrar espaço na produção de mel. A indústria tem operado com capacidade ociosa.

Qualidade Por causa das abelhas resistentes e que não necessitam de remédios, o mel brasileiro é valorizado no mercado internacional.

Potencial Expectativa é que a demanda pelo mel cresça com o aumento da demanda na China, o que restringirá o acesso de outros países.

Valor  Em geral, as empresas começam exportar a granel e depois passam a estampar a marca nos seus rótulos.

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