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Medo do Aedes se torna um bom negócio

Empresas de dedetização relatam alta de até 60% na procura pelo serviço particular

Por Vivian Codogno
Atualização:

A proliferação do Aedes aegypit e a gravidade das doenças que o mosquito pode transmitir tem causado um movimento atípico em empresas de dedetização: pessoas e donos de empresas agora buscam com maior frequência esses serviços para afastar o risco de contaminação pelo zika vírus, dengue e chikungunya.

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O fenômeno ainda não é detectado em números pela Associação dos Controladores de Vetores e Pragas (APRAG), mas a instituição já consegue identificar um movimento de chamados que vai além da sazonalidade natural do segmento. O setor tende a receber mais pedidos no verão, período do ano em que o ciclo de insetos e pragas também é mais acelerado.

Para Sérgio Bocalini, biólogo responsável pela APRAG, os chamados atípicos têm chegado de condomínios e empresas, que abrem mão do controle periódico habitual, que varia entre um ano e seis meses, para intensificarem o combate ao Aedes aegypit. “As pessoas e as empresas começam a ter dificuldade em resolver o problema da proliferação do mosquito e partem para o trabalho profissional”, explica Sérgio Bocalini.

Em São Paulo, Estado que viveu a pior epidemia de dengue da sua história no ano passado, com 649 mil casos e 454 mortes, 612 dos 645 municípios tiveram transmissão do vírus. Já o zika vírus, suspeito de estar associado ao nascimento de bebês com microcefalia, má formação cerebral que pode resultar em deficiências ou mesmo a morte do bebê, avança pelo País.

Esse cenário preocupante, que se repete desde janeiro deste ano, reflete diretamente no movimento de empresas como a dedetizadora DDDrin, que atua na capital.

Dos 1,5 mil atendimentos realizados em janeiro, 20% foram para controle de pernilongos, aumento de 50% em relação ao mesmo período do ano passado. “O aumento de pedidos é substancial, principalmente em áreas grandes de condomínios, clubes e pátios de empresas”, conta o diretor da DDDrin, Jean Claude Ville.

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O serviço, que no caso do empreendimento tem custo mínimo de R$ 800, passou a ser solicitado por residências, algo que não acontecia no ano passado na DDDRin. “Todos os dias enviamos alguma equipe para controle do Aedes. As pessoas estão realmente preocupadas”, analisa o empreendedor.

O perfil do atendimento também mudou. Antes, o controle de vetores e pragas acontecia em um mesmo local (empresa ou residência) a cada seis meses ou uma vez por ano. Desde janeiro, porém, chamados por visitas periódicas se multiplicaram. Conforme explica o diretor da empresa, o fenômeno acontece porque, em uma área residencial, o mosquito que vem de um criadouro pode circular por outras casas. “Acabamos intensificando os programas de controle mensal e semanal em residências.”

Na Loremí, o aumento nos chamados para combater o Aedes foram ainda mais expressivos. O biólogo responsável pelo departamento técnico da dedetizadora, Diego Canteiro, relata alta de 60% nos pedidos concretizados e espera que esse número aumente ainda mais até o fim do período de chuvas.

Na empresa, a aplicação do ‘fumacê’, como é conhecida a técnica de extermínio do Aedes aegypti mais comum, pode custar a partir de R$ 600 em uma residência, serviço que até o meio do ano passado era solicitado de forma pontual. Há pouco mais de seis meses, porém, o telefone da Loremí toca todos os dias. Do outro lado da linha, clientes em busca de uma solução rápida para o problema. Por isso, a empresa se prepara para faturar com a perspectiva de um salto nas solicitações de atendimento, mas garante que não aumentou o preço.

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“Tendo em vista toda a repercussão na mídia, a população ainda está assimilando o risco do mosquito”, analisa Canteiro. “O inseto voador atinge a todos, desde residências e condomínios até empresas. É um nicho que tende a crescer ainda mais”, avalia o biólogo. A empresa já estuda aumentar a equipe caso o incremento da demanda realmente se perenize.

Obrigatório. O porta-voz da APRAG, Sérgio Bocalini, pontua que, em alguns casos, como o de empreendimentos, o controle de mosquitos e pragas, em geral, é determinado por lei, o que também amplia a procura pelos serviços das dedetizadoras. “Há uma obrigatoriedade legal de alguns setores fazerem o controle de pragas. São cadeias (de empresas) que naturalmente procuram esses serviços e agora intensificam o combate”, analisa Bocalini.

Esse cliente corporativo beneficia empresas como a TSERV, rede que atua em polos industriais como os instalados em Mogi das Cruzes e São José dos Campos, no interior do Estado. Nos serviços totais ligados ao extermínio do Aedes, que vão desde o ‘fumacê’ até a limpeza de possíveis focos do mosquito, houve aumento de 40% nas solicitações. O crescimento, mesmo que de forma mais sensível, vem sendo notado por Rafael Lins, o responsável técnico da rede, desde 2011. Mas, a partir de dezembro do ano passado, houve incremento na procura pelos serviços – no caso apenas do combate ao mosquito, os chamados cresceram 30%.

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“As doenças pegaram todo mundo. Não tem como diferenciar. O mosquito ataca classe A, B”, analisa. “Houve uma demanda maior pela repercussão da mídia. Tem gente de fora com medo de vir para o Brasil por causa disso. Afeta o mais pobre, o mais rico. Todo mundo se assustou”, garante Lins.

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