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Marcas querem que franqueado vire dono

A proposta é muito simples: achar bons empresários e fazer deles proprietários de diversas unidades

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Por Redação
Atualização:

O evidente amadurecimento do mercado de franquias brasileiro, que faturou R$ 89 bilhões no ano passado, mudou também a forma como as redes lidam com seus franqueados. Diante do crescimento acelerado do setor, que ultrapassa a casa de dois dígitos há quase uma década, e do bom desempenho da economia, que elevou o número de investidores dispostos a entrar nesse segmento, as marcas se interessam cada vez mais por parceiros com perfil de liderança dispostos a administrar não apenas uma unidade, mas um grupo de lojas. Para as redes, essa é uma forma de potencializar os resultados nas unidades bem-sucedidas e aumentar o envolvimento dos parceiros com a marca. Para os empreendedores, é a oportunidade de reduzir custos e ampliar lucro e produtividade. “Quando a pessoa tem um número maior de lojas da mesma marca, maximiza o investimento porque pode fazer gestão compartilhada do estoque e da equipe, além de ganhar mais experiência”, afirma Filomena Garcia, diretora da consultoria Franchise Store.::: Siga o Estadão PME nas redes sociais ::::: Twitter :::: Facebook :::: Google+ :: Nos Estados Unidos, é comum a figura do franqueado que comanda centenas de unidades. No Brasil, embora as redes sempre tenham incentivado esse tipo de crescimento, o interesse hoje é maior em virtude do aumento do poder aquisitivo, da concorrência e do número de investidores. Mas ter perfil empreendedor é muito importante. “As franquias se deram conta de que franqueados mais profissionais geram um ciclo virtuoso de crescimento que beneficia a todos”, diz o presidente da consultoria Práxis Education, Adir Ribeiro. Mas segundo ele, a falta de capacidade gerencial continuar a ser um problema no País. “Nós damos prioridade para o candidato que se dispõe a comandar de perto a operação. Se ele tiver bom desempenho, vai ser natural abrir outra unidade e, quando isso acontece, é preciso assumir a postura de gestor”, explica Daniel Kalaes, gerente de expansão da SMZTO, rede que comanda marcas como o Instituto Embelleze e OdontoCompany. É o caso do empreendedor Dalton Polete Neto, 27 anos, que gerencia quatro unidades da Griletto. Para administrar o negócio de maneira organizada e dar conta de 80 funcionários, ele abriu um escritório, contratou assessoria contábil e um profissional de recursos humanos para comandar todos os processos seletivos. O investimento compensa. Além dos custos do escritório serem diluídos em quatro lojas e assim pesarem menos no caixa do empreendedor, Dalton ganhou agilidade nas contratações, reduziu custos, problemas com mão de obra e aumentou sua rentabilidade. Hoje, o empresário fatura em média R$ 400 mil por mês com as unidades e conversa com a rede para a abertura de mais uma. “Conforme você se aprofunda e adquire experiência em uma franquia, consegue melhorar o desempenho e também aumentar sua capacidade de investimento”, explica. Quem já opera como franqueado ainda pode negociar facilidades no fechamento de um novo contrato – prazos de pagamento maiores ou até mesmo descontos na taxa de franquia estão entre os benefícios oferecidos normalmente. Mas esse crescimento não é para qualquer um. Além de apresentar bom desempenho, que comprove a capacidade de administrar outras unidades, o franqueado também precisa garantir ao franqueador que a expansão não vai afastá-lo do dia a dia da operação. “Nós só aprovamos a abertura de uma loja quando o candidato tem condições de estar presente na unidade ou de contratar um gerente para isso”, afirma Daniel Kalaes, da SMZTO.Capacitação. No caso de Dalton, por exemplo, a Griletto só autorizou a compra de novas unidades quando ele garantiu que manteria visitas diárias às lojas. Mesmo tendo contratado gerentes, o empreendedor frequenta pelo menos dois pontos por dia. “Quando você tem várias operações, todos os processos ganham proporção e te obrigam a adotar um estilo de administração mais profissional e próprio, que não dependa só da orientação da franquia”, explica Dalton Polete. É por causa disso que algumas redes já investem na criação de cursos específicos para formar franqueados com capacidade de liderança e gestão do negócio de maneira mais independente. O grupo Trigo, que administra as redes Spoleto, Domino’s e Koni Store, desenvolve o projeto-piloto de uma universidade corporativa, que deve começar a funcionar no ano que vem. O curso será uma espécie de pós-graduação em administração de franquias com duração prevista de um ano. “Nós queremos que nossos franqueados cresçam e tenham uma postura mais profissional”, diz Renata Rouchou, diretora de expansão da marca.Diversificar. Outra maneira de um franqueado crescer como empresário é adquirir franquias de redes diferentes. “É interessante para o investidor ter mais segurança caso o desempenho de um dos negócios comece a cair”, analisa o consultor Adir Ribeiro, da Práxis Education. Essa foi a opção da empresária Fátima Cerantola, que ao lado dos pais e da irmã Ana Maria, comanda oito unidades da Hering, duas da marca PUC, três da Lupo e ainda duas da Havaianas. Juntas, as lojas faturam R$ 13 milhões por ano. “Nós diversificamos dentro do mesmo ramo, mas apostando em nichos diferentes”, explica a empreendedora. A vantagem, segundo ela, é equilibrar os ganhos e reduzir o impacto da sazonalidade – enquanto as lojas da Hering e Havaianas vendem bem no verão, por exemplo, as unidades da Lupo faturam mais no inverno. Antes de diversificar os investimentos, no entanto, ela recomenda que o franqueado desenvolva-se dentro de uma mesma marca. “É importante para entender melhor o sistema em si e aprender com alguns erros.” Outra dica da empreendedora é a pessoa não apostar em segmentos muito diferentes. Ela mesma precisou vender a franquia de uma loja de produtos para casa que havia aberto. “Era um negócio totalmente diferente do que estava acostumada e não tinha como me aprofundar no ramo”, conclui.

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