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Marca encampa mudança radical para criar produto com sabor de cacau

Decisão de abandonar o bombom com chocolate belga não foi fácil, mas levou empresa brasileira a experimentar o sucesso

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A família Aquim sempre atuou no mercado de luxo. Primeiro com uma trade, depois com loja física no Rio de Janeiro. Entre os itens mais vendidos e com grande destaque do negócio estavam os bombons de fabricação própria. Os clientes eram só elogios para as guloseimas feitas a partir do chocolate belga. Talvez, por isso, os proprietários tenham sido tão impactados com a pergunta feita por um baiano que visitou o local. Depois de experimentar um bombom, questionou: ‘É muito bom. Mas por que chocolate belga? Vocês precisam conhecer o cacau que está sendo produzido na Bahia. Aliás, vocês já foram a uma fazenda de cacau?’

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A pergunta deixou Samantha, uma das sócias, reflexiva. Além de não saber que o Brasil estava produzindo cacau de qualidade, nem ela nem os sócios tinham contato com a cacauicultura. “A pergunta foi uma provocação. Na mesma semana ela decidiu ir para a Bahia”, conta Rodrigo Aquim, irmão de Samantha e também sócio da Aquim Chocolates.

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A visita ao estado e o contato com a cultura do cacau foi determinante para que a família passasse a pesquisar o fruto para produzir o seu próprio chocolate. “É enlouquecedor. Você descobre aromas completamente diferentes. Fomos todos muito impactados pela palheta de sabores que um bom cacau pode dar”, relembra Rodrigo.

Em 2009, a família produziu o primeiro item a partir de um lote de cacau de altíssima qualidade. “Foram feitas muitas pesquisas para que ele fosse fiel ao fruto, para que ele trouxesse o máximo de elementos de todo aquele mundo encantador que conhecemos”, explicou.

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Convencidos de que chegaram a fórmula ideal, faltava ainda resolver uma importante equação: como inserir o novo produto no mercado sendo que o negócio ficou conhecido pela excelência dos bombons feitos com matéria-prima importada? Não teve jeito. Foi preciso renunciar a um deles.

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Mudança. A imersão no universo do cacau mudou os rumos do negócio familiar. “Quando provamos o primeiro lote foi uma catarse. Conseguimos chegar naquilo que queríamos: um chocolate com o gosto do fruto. Não dava mais para continuar fazendo bombom com chocolate belga”, lembra Rodrigo.

A constatação obrigou os sócios a pensarem numa forma de reposicionar a marca no mercado. Eles fecharam a loja que serviu de vitrine para os bombons e fundaram a Q.Chocolate. “Foi um passo arriscado. Não sabíamos como os clientes iriam reagir. Sabíamos que tínhamos que reeducar o paladar das pessoas que gostavam dos nossos bombons”, diz Rodrigo. As medidas foram extremas e passaram inclusive pelo formato dos tabletes. Era consenso entre os sócios que eles precisavam se diferenciar.

Foi então que decidiram procurar o arquiteto Oscar Niemeyer. Não foi difícil convencê-lo a desenhar uma barra que valorizasse todas as histórias que o produto trazia. Hoje, elas são comercializadas em embalagens especiais. Sucesso internacional, o kit é vendido a R$ 1,8 mil no exterior. “Até hoje muitos clientes ficam desapontados quando provam o chocolate. Não é raro alguém questionar a qualidade ou o vencimento. As pessoas ainda não estão muito acostumadas com um chocolate que essencialmente traz o sabor do cacau. Faz parte do nosso trabalho mostrar que ele é puro”, conta. 

 Foto: Estadão
 
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