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Jovens brasileiros desbravam e ainda lutam para sobreviver no mercado de impressoras 3D

Jovens buscam espaço para se consolidar em mercado que deve emplacar nos próximos meses

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Por Renato Jakitas
Atualização:

Fazer o download do tênis da moda e deixar a impressora 3D materializar a aquisição enquanto você toma um banho e se prepara para sair parece tão improvável quanto foi, em tempos de pré-internet, encomendar os produtos que vão abastecer a dispensa da cozinha com alguns poucos cliques no computador, sem precisar sair do sofá.

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Um grupo de jovens brasileiros, entretanto, não só vislumbra essa possibilidade, como trabalha para que ela seja, desde já, o caminho para ganhar a vida. Em geral, eles pagam o ônus de inovar em um país sem tradição em tecnologia de ponta. Mas, com um ou outro tropeço, indicam que já existe demanda para o negócio por aqui.

 

"Desde que entrei nessa área, trabalho direto, das 8h à meia-noite, praticamente todos os dias", afirma Rodrigo Krug, que há dois anos mantém uma microfábrica de impressora 3D incubada dentro da PUC-RS, onde estuda engenharia desde 2006.

Ele começou a sondar esse mercado há seis anos e, mais dedicado aos seus projetos de automação do que à carreira acadêmica, suspendeu o curso universitário, que promete retomar ainda este ano. "A empresa cresceu. Pensei que ia ter demanda para uma ou duas máquinas por mês, mas hoje fazemos entre 40 e 50 delas", afirma o empresário, que faturou R$ 800 mil no ano passado e, neste, prevê algo em torno de R$ 1,4 mil.

Os principais clientes da Cliever, que é como se chama a empresa de Rodrigo Krug, não são consumidores finais, mas empresas dedicadas ao desenvolvimento de produtos e que, por isso, precisam recorrer a esses protótipos no decorrer do processo criativo.

O rol de compradores engloba pequenas, médias e grandes marcas, com destaque para peixes grandes como Embraer, Intelbras e a Nissan-Renault. "Normalmente, as impressoras são adquiridas pelos departamentos de pesquisa e desenvolvimento. Já existem 320 de nossas máquinas por aí. Neste ano, queremos colocar 1,2 mil impressoras na rua. O que a gente faz, vende", diz ele, que já conta com 12 funcionários e comercializa cada impressora por R$ 4.650, cerca de 40% do preço da opção importada, a Maker Bot.

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Mas até pouco tempo, o principal concorrente de Rodrigo Krug não era uma marca importada, e, sim, uma pequena fabricante nacional - a Matemáquina, tocada por três sócios paulistanos, dois deles egressos da Escola Politécnica da USP. Curiosamente, as duas empresas eram desconhecidas do mercado até que em 2012 decidiram expor seus produtos na Campus Party, híbrido de feira de tecnologia e evento de cultura digital que acontece em São Paulo todos os anos.

"A gente não se conhecia e, de repente, de zero, o mercado local passou a ter duas empresas", lembra Felipe Sanches que, ao contrário da Cliever, que tem um modelo mais tradicional de negócio, optou pelo sistema de software livre. Assim, tanto os códigos operacionais quanto o sistema do hardware da Matemáquina estão disponíveis no site da empresa para download e eventuais modificações de projeto.

Mas hoje, ao contrário da marca gaúcha, que cresce e agora começa a se preparar para expandir pela América do Sul, os paulistas suspenderam as vendas e, no momento,pensam em novos modelos para rentabilizarem a criação. "Vendemos nosso produto por R$ 3,7 mil, mas o custo de produção é muito alto e não está nos oferecendo uma margem de lucro bacana", confessa Sanches. "A gente quer investir em educação, aproveitar esse nosso conhecimento adquirido e, agora, tentar oferecê-lo como produto para escolas e instituições que queiram ensinar programação e modelagem 3D para crianças", conta ele, que já tem acordos assinados com unidades do Sesc e um colégio de São Paulo.

Futuro. Segundo Gabriela Celani, professora de arquitetura e urbanismo da Unicamp, projeto como o de Felipe Sanches tendem a encontrar oportunidades no mercado. Na opinião da especialista, iniciar uma cadeia produtiva em volta da produção de impressoras 3D é uma opção viável de negócio. "Assim como já aconteceu com os microcomputadores, que viu o interesse econômico sair da produção de hardware para os programas e sistemas operacionais, haverá demanda por softwares tridimensional", diz ela, que também acredita na elaboração de produtos, com projeto posteriormente disponibilizado na internet para download dos interessados.

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