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Investimento em formação com inclusão

Isabela (Coffee Lab) e Juliana (Carambola) fomentam a valorização das comunidades que são parte de seus negócios

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Por Marco Bezzi
Atualização:
Painel: Inovacao na praticacom Juliana Glasser (Carambola). Foto: Rafael Arbex /ESTADAO Foto: Rafael Arbex /ESTADAO

Foi com o tempo que Juliana Glasser descobriu que a vocação da Carambola era a de formar pessoas. A empresa, hoje, tem a missão de transformar a vida de seus colaboradores com oportunidade de inclusão no mercado de Tecnologia da Informação (TI), um dos mais prósperos no mundo. “Quero ser um agente transformador para as minorias”, ressalta Juliana no Encontro Pró-PME

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Com essas credenciais, temas como “vocação” e “inclusão” se destacaram no painel que, além de Juliana, contou com Isabela Raposeiras, fundadora do Coffee Lab, espaço que reúne cafeteria de torras especiais e escola de barista.  Antes de fundar a Carambola, Juliana foi garçonete por muitos anos. A transição para a área de tecnologia foi árdua, mas os resultados podem ser medidos no total de projetos que a empresa já entregou desde 2011: mais de 80 para diversos segmentos e tamanhos. O trabalho de gestora de empresa, entretanto, veio com o tempo. Juliana passou pelo centro de treinamento da Microsoft e trabalhou em grandes empresas: “Não sabia nada, não tinha referência. Fui aprendendo com a Carambola. Já flexibilizei a hierarquia, aumentei salários, baixei. A gente vive no Brasil, onde não é possível planejar tanto.”

Para Isabela, do Coffee Lab, é fundamental ter vocação: “Sou também consultora e só aceito trabalhar com pessoas que tenham inclinação para o negócio”. Para a empresária, nem todo mundo tem a aptidão. “O varejo de alimentos e bebidas é um meio complexo, para um ganho muito baixo. Você paga a folha de pagamento com xícaras de café. O empresário que quer entrar nesse ramo precisa se olhar. Nós somos vistos como vilão, alguém que explora. E eu sou uma pessoa idealista, acredite.” Isabela diz que sua principal bandeira é incentivar os produtores de café. “Compro a saca por um valor cinco vezes maior, pois sei como eles são explorados.”

Segundo dia do encontro Pró-PME. No segundo painel: Inovacao na pratica. com Isabela Raposeira (Coffe Lab) Rafael Arbex (ESTADÃO) Foto: Rafael Arbex (ESTADÃO)

Para manter o padrão de qualidade, ela investe em treinamento “desde o zero”. “Existe um probleminha com o empresário brasileiro: é preguiçoso. Contrata o funcionário e acha que já vem pronto, que não precisa formar. A nossa matéria-prima é humana, não o café.” E admite que exige muito dos funcionários. “Não tenho vergonha de ser rigorosa nem de escolher o meu cliente. No Coffee Lab servimos o café que eu acho ideal. Não perco tempo querendo agradar todo mundo”, justifica.

Para todos 

Tanto no quadro do Coffee Lab como da Carambola há a inclusão de minorias. Isabela chegou ao ponto de lançar uma vaga só para transgêneros. “Precisava acenar que eles podiam se qualificar a trabalhar comigo”, explicou. “Já cheguei a ter quatro trans entre os funcionários e percebi que há a necessidade de ensinar aos outros como se relacionar com eles, como respeitar suas escolhas.” 

Juliana, que se revelou gay aos 19 anos, também busca manter na empresa variedade de gêneros e raça: “Diversidade é acolher. Para qualquer projeto que tenho monto trios, onde uma das pessoas vem de uma minoria. É muito importante conviver com o ‘diferente’. Já tive um colaborador com paralisia cerebral e aprendemos demais . Mas passar esse conceito para empresas maiores não é fácil. Existe uma vontade de fazer diferente, mas elas não sabem como.”

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