
16 de abril de 2015 | 07h03
A combinação de uma situação econômica complicada, a baixa confiança do consumidor que reflete no comportamento de compra e as temperaturas mais baixas devem fazer do inverno um grande teste para as paleterias. A opinião é do especialista em food service e fundador da Food Consulting, Sergio Molinari. E as empresas traçam estratégias para enfrentar o período.
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O modelo de negócio deve passar por um verdadeiro teste agravado por dois fatores. O primeiro é o inverno, que marca uma redução importante do consumo de sorvete no Brasil. O segundo é a própria situação econômica. "A baixa confiança do consumidor reflete no seu comportamento de compra", diz Molinari.
Segundo Molinari, a paleta não é um produto de baixo valor, considerando que é um sorvete e comparando com outras alternativas. "A conjugação do inverno com a situação econômica e o humor do mercado tendem a fazer com que o inverno seja um teste para o mercado. A expectativa é que a redução de concorrentes e de pontos de venda comece a se acentuar nesse inverno", completa.
Estratégias. A maior marca do segmento, a Los Paleteros, anunciou esta semana um pacote de ações. Uma delas foi o lançamento de um novo modelo de franquias, um carrinho para ser operado em shoppings, que exige investimento inicial de R$ 140 mil, ante os R$ 435 mil para abrir uma loja e os R$ 290 mil para o quiosque. Atualmente, a rede tem 84 unidades e projeta mais 75 pontos em 2015, sendo 35 do novo modelo.
A Los Paleteros também inaugurou um laboratório para o desenvolvimento de novas paletas, na unidade de Moema. Os clientes poderão ver o processo por meio de vitrines, que só serão fechadas em caso de receitas confidenciais. A empresa ainda anunciou dois novos sabores. O primeiro é o iogurte com frutas vermelhas, resultado da parceria com a Perfetti Van Melle, da bala Fruittella Grego. O outro sabor é o Crunchy Cream, feito a base de nata com baunilha com pedaços de biscoito de chocolate, resultado de uma parceria com o Rock in Rio.
Novos produtos. Criada em março de 2014, a Me Gusta, localizada na Rua Augusta, vai enfrentar seu segundo inverno. De acordo com o sócio Gabriel Simões Jorge Fernandes, no ano passado, o produto ainda estava em ascensão e as pessoas estavam curiosas para experimentar um produto que ia se tornar a sensação do verão. "Nesse inverno o produto não é mais novidade", afirma Fernandes, que ressalta que a empresa não é uma paleteria, mas que trabalha com picolés.
Para enfrentar o período, Fernandes investe no desenvolvimento de novos produtos focados no inverno (que ele prefere não revelar por enquanto), além de se preocupar em manter o padrão de qualidade. A Me Gusta segue com a loja física e com a participação em feiras.
Cenário. Molinari avalia as paleterias como parte de um processo de diversificação e sofisticação do consumo de alimentos no Brasil de forma geral. Segundo ele, quase todo tipo de alimento, se comparar os mercados de dez, cinco anos e hoje, passou por transformações e ganhou novidades, conceitos e variações. "O próprio tempo valida quais modelos se perpetuam mais e quais não se confirmam", diz.
O que normalmente acontece é que os novos conceitos têm um determinada curva de maturidade, de um 'boom' nos primeiros meses e, em seguida, um processo natural de acomodação. Diante desse cenário, o consultor destaca que as paleterias são a bola da vez na diversificação no consumo no mercado de sorvetes e deve passar por uma acomodação. "É esperado que passada a febre da largada ocorra um processo de seleção natural das paleterias".
O consultor acredita que o modelo de negócio não deve morrer. Isso porque o produto se adequa ao mercado brasileiro, mas devem sobreviver as empresas que abastecem adequadamente os pontos de venda, quem trabalha com preços mais adequados e compatíveis com a qualidade e vendem produtos que fazem sentido.
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