Inteligência artificial e plataforma de áudio fortalecem ramo editorial

Ferramenta Clarice.ai usa inteligência artificial para ajudar a aperfeiçoar a escrita; já audiobook como alternativa a livro impresso faz negócio quadruplicar na pandemia

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Por Nathalia Molina
2 min de leitura

Doutor em Linguística Computacional pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e pós-doutor em Computação Criativa pela Universidade de Coimbra (Portugal), Felipe Iszlaji lançou em dezembro de 2020 o primeiro corretor de estilo em português, o Clarice.ai. Batizada em homenagem à escritora Clarice Lispector, a ferramenta combina inteligência artificial e machine learning para aperfeiçoar a escrita.

“Sempre atuei na interface do digital com a linguagem. Quando trabalhei com marketing para a internet, lia textos e vi excesso de advérbio, palavras gramaticais mais do que semânticas. Não existia uma tecnologia que ajudasse redatores e editores”, conta.

Redores e editores são, aliás, o maior público do Clarice.ai, somando hoje 1,3 mil usuários; em seguida vêm os novos escritores. A assinatura custa R$ 15 por mês no plano anual (ou R$ 19,90 no mensal), e a integração com Google Docs está em teste. Um plano para empresas será lançado em breve; para uma equipe de dez pessoas, o valor mesal será equivalente a R$ 16,90 por membro.

Iszlaji atuou como consultor do Museu da Língua Portuguesa e do Google para a ferramenta que converte voz em escrita e vice-versa. Também já tinha feito o Dicionário Criativo, para ajudar escritores, jornalistas, publicitários, roteiristas e compositores. 

Com Lucas Spreng, especialista em sistemas para internet, lançou o Clarice.ai, com investimento inicial de cerca de R$ 250 mil, entre recursos de Love Money e do programa de Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Pipe/ Fapesp). 

Agora tem mais R$ 700 mil do mesmo programa para usar até 2022. “Linguistas e computeiros estão trabalhando juntos para tornar o processamento de linguagem cada vez mais natural”, diz.

Felipe Iszlaji criou o primeiro corretor de estilo para língua portuguesa, batizado de Clarice.ai. O recurso tecnológico ajuda a escrever melhor. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

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Livro por voz

Outro serviço pouco conhecido pelos autores independentes é a possibilidade de alcançar as pessoas com audiolivros. “Temos acordos com editoras e também recebemos obras na página autores.tocalivros.com”, diz Ricardo Camps, sócio da Tocalivros. Criada no fim de 2014, a plataforma tem quase 2,4 mil audiobooks e, desde dezembro, cerca de 15 mil ebooks.

Formado em administração pública, Camps conta que passou a ouvir muito audiolivro uns três anos antes, por indicação do irmão e atual sócio, Marcelo, que é engenheiro de produção.

“Comecei com livros técnicos, sobre negócios e carreira.” Depois experimentou outros conteúdos. “Escutei Crime e Castigo em 20 horas. Devo ter ouvido em três semanas, fiquei fascinado. É um autor que eu não leria. É muito grande, uma literatura muito densa.”

No fim de janeiro, a empresa se mudou para uma nova sede em São Paulo, com seis estúdios em um escritório de 211 metros quadrados. A Tocalivros não abre o valor, mas revela que quadruplicou o faturamento anual durante a pandemia. Para 2021, a expectativa é continuar em expansão. 

“O audiolivro é acessível, barato em comparação com outras coisas. É vantajoso tanto financeiramente quanto se a pessoa é analfabeta ou tem dificuldade na leitura ou alto grau de dislexia.” A assinatura custa R$ 14,90 – alguns títulos são pagos à parte, caso de A Guerra dos Tronos.

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