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Indústria tradicional passa a pagar mais e exigir frutos melhores

Harald reverte a lógica da indústria, aumenta a remuneração dos produtores e aposta no retorno da qualidade

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Líder no segmento de coberturas e segunda empresa de chocolates do mercado B2B, a Harald Chocolates aposta em uma estratégia diferente das usadas pelos grandes players do mercado: em vez de depreciar o preço do cacau, paga mais caro pelo insumo. Em contrapartida, pode exigir dos fornecedores – pequenos produtores da Bahia, região Transamazônica e Baixo Xingu – matéria-prima de qualidade superior para fabricar os produtos Melken Unique, nome de sua linha premium.

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“Não existe segredo para fazer um bom chocolate. Nós temos equipamentos sofisticados como o de marcas internacionais renomadas e temos uma formulação boa. Só não tínhamos um cacau com a mesma qualidade”, explica Ernesto Ary Neugebauer, que comanda a empresa fundada, em 1981, com o pai e o irmão.

Para tentar quebrar o ciclo vicioso pelo qual o chocolate brasileiro viveu por décadas, porém, foi preciso investir. O trabalho começa na escolha dos fornecedores. “Eles têm que entregar um cacau que cumpra cerca de 30 quesitos de qualidade. Eles estavam acostumados a cumprir cinco ou seis. É um trabalho constante, de reeducação da forma como o cacau era negociado. Pagamos muito mais caro, mas o resultado é um chocolate mais puro”, explica.

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Atualmente, a linha premium corresponde apenas a 1% do faturamento total da Harald. O porcentual ainda pequeno, entretanto, não desanima Ernesto. “A linha está crescendo gradativamente. É uma mudança muito grande. A maioria dos chefs ainda tem preconceito com o chocolate nacional.”

A insistência de Ernesto em fabricar um produto de qualidade tem outra justificativa. E das mais importantes. Ele nasceu na família chocolateira responsável por fundar a Neugebauer, a primeira fábrica de chocolates do Brasil, em 1891.

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Localizada em Porto Alegre, ela ficou na família por quase um século, até sua venda, em 1981. Ainda na década de 80, Ernesto Harald Neugebauer, pai de Ernesto, fundou a Harald com os filhos. Desde então, o empresário se dedica a entender como o produto nacional foi perdendo qualidade ao longo dos anos. “De vez em quando a gente come um chocolate que comia na infância e tem a nítida impressão de que ele era melhor. Não é impressão: ele era melhor mesmo! Recuperar estes processos, que começavam com o chocolateiro escolhendo o cacau, é desafiador. Mas compensa”, finaliza o empresário. 

:: O cacau que atraiu o sócio norte-americano :: A história de Diego Badaró, da AMMA Chocolates, é única. Disposto a trabalhar com cacau, o primeiro passo foi convencer gente de fora que o Brasil tinha um produto de qualidade. Assim, ele chegou ao sócio, o norte-americano Frederick Schilling. Badaró enviou amostras aos Estados Unidos, Schilling ficou surpreso e veio ao País. Hoje, a AMMA produz 200 quilos do produto na versão premium por dia e exporta metade. “Está tudo integrado: a natureza, os processos e a forma como a gente entende o chocolate. Essa era a bebida dos deuses. Não dá pra produzir, produzir, produzir. Tem que respeitar os ciclos da natureza, do cacau.”

 
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