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Império paulista: varejo tem 14 mil reis registrados na Junta Comercial

Entre o Rei do Mate e O Rei das Alianças, monarquia está entre as principais inspiração do setor

Por Renato Jakitas
Atualização:

Os republicanos venceram a disputa pelo poder no País faz 123 anos. Mas, pelo menos no cartório, essa vitória não foi suficiente para interromper a dinâmica proliferação de monarcas pelo Brasil. Se não entre pessoas físicas, pelo menos entre as de cunho jurídico.

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Levantamento realizado no banco de dados da Junta Comercial de São Paulo (Jucesp) aponta para a existência de quase 14 mil ‘representantes da coroa’ entre as empresas do estado. São negócios que ostentam o nome ‘rei’ como marca, sempre seguido pelo ramo de atuação e revezando-se entre as seguintes variações semânticas: ‘Rei do’, ‘do rei’ e por aí vai.

Em comum, além do nome é claro, esses empreendimentos dividiam o anseio de seus proprietários de se fixarem como referência no segmento de atuação. Estratégia essa idealizada pela família Nasraui quando, em 1979, o patriarca Kalil comprou uma casa de mate na Avenida São João, em São Paulo. Para marcar a nova gestão, o empresário – dono de outros estabelecimento na vizinhança – trocou o nome do local para Rei do Mate.

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“A gente queria ser o melhor no assunto. Não tinha café, não tinha alimentação. Era uma loja só de chá-mate”, lembra Antonio Carlos Nasraui, filho de Kalil, com quem divide o comando do negócio. Foi Antonio Carlos, aliás, quem iniciou na década de 1990 o processo de expansão da marca por meio de franquias e da ampliação do portfólio. Essas estratégias catapultaram o Rei do Mate à liderança da categoria. Hoje, a rede conta com 305 unidades, faturou R$ 170 milhões em 2012 e quer chegar a R$ 200 milhões em 2013.

“Hoje o rei é muito empregado pelo varejo, mas não era assim quando começamos. No ano passado, investimos R$ 2 milhões em ações de marketing para manter essa comunicação com o público”, afirma Antonio Carlos Nasraui.

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Outro empreendimento originário do centro da cidade, O Rei do Armarinho é ainda mais antigo e também administrado por gente ciosa da descendência real. Fundado em 1926, o estabelecimento está hoje em sua terceira geração, capitaneada por Pierre Sarruf, neto de sírios.

“O nome foi dado da proposta de sermos o número um. Antigamente, o tipo de produto ‘armarinhos’ tinha muita procura (pela população). E envolvia outros itens, como lixa de unha e grampo de varal, por exemplo. O nome também surgiu em função desse monte de miudezas”, explica Pierre Sarruf.

O estabelecimento ainda atua na região da Rua 25 de Março, centro de comércio popular da cidade São Paulo, e também na internet, por meio de um e-commerce. “Temos até o logotipo de um reizinho na marca. É um nome muito forte. A gente roda o Brasil inteiro e é realmente bastante conhecido”, afirma.

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A poucos quilômetros da empresa de Pierre Sarruf, na Avenida Rangel Pestana, há um outro negócio que se estabeleceu, segundo sua fundadora, Corina Marta da Silva, às custas do sangue azul do nome. O Rei das Alianças existe há 20 anos e, além da loja do Brás, conta com uma filial no Shopping Metrô Boulevard Tatuapé, além de uma fábrica que abastece 200 lojas.

“A marca incomoda um pouco porque você é cobrado pelo cliente”, destaca Osmar da Silva Lopes, responsável pelo negócio. “Tem gente que vem aqui e diz ‘só tem isso?’ A pessoa viu na marca ‘rei’ uma coisa muito maior do que é, na verdade, nosso pensamento do mercado.”

 
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