Herdeiro da Natura investe R$ 10 mi em venda direta de cursos

Fernando Seabra planejou durante um ano e meio negócio de educação à distância

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Por Renato Jakitas
Atualização:

 Após algumas incursões como empresário, Fernando Seabra atribui ao acaso o fato de agora investir no mercado de venda direta. Herdeiro de Luiz Seabra, sócio-fundador da Natura, ele vem refazendo o caminho tantas vezes percorrido pelo pai famoso: bate ponto em reuniões para convencer donas da casa e chefes de família a investirem em seu produto para engrossar o orçamento no final do mês. 

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Longe de cremes para o rosto, perfumes ou maquiagens, o negócio de Fernando Seabra envolve módulos de aprendizagem de idiomas, preparatórios para o Enem ou programas profissionalizantes de cinco horas a nove meses de duração. Batizado de Titan Educação, ele investiu R$ 10 milhões e um ano e meio de planejamento para lançar uma startup que comercializa educação à distância no formato de venda direta multinível.

O modelo multinível possibilita que o revendedor recrute indiretamente outros vendedores, participando posteriormente nos resultados do seu grupo nas vendas de porta em porta. O problema é que, apesar de explorado com sucesso no Brasil por marcas como Herbalife e Mary Kay, o sistema tem histórico de insucessos ou marcas mal intencionados, que ocultam dentro do modelo o esquema da pirâmide, que é crime no Brasil - quando o serviço ou produto oferecido ou não existe de fato ou não é a fonte principal dos recursos obtidos pela empresa. 

"O marketing multinível é delicado, com marcas excelentes e outros negócios não tão sérios. Mas eu analisei profundamente esse conceito e conclui que é muito forte para o mercado de educação à distância", afirma Seabra, que há dois anos é sócio de outros dois empreendimentos no ramo, a eVox e a Help Provas.

Integrando conteúdo de fornecedores parceiros, como Endeavor e a britânica Pearson, a startup oferece uma centena de cursos agrupados em sete áreas de conhecimento. Assim, pretende em um ano levantar um faturamento bruto médio de R$ 60 milhões. 

Para alcançar a meta, Fernando Seabra tem a tarefa de recrutar até fevereiro do ano que vem 100 mil revendedores, que ele chama de 'empreendedores'. Para integrar a base de revendedores, a empresa cobra uma taxa de adesão de R$ 69 e o relacionamento é de compra e revenda. "O empreendedor compra os cursos entre 30% e 50% abaixo do valor que vai vender. Já temos 10 mil empreendedores", conta ele, que para convencê-los projeta uma receita mensal de R$ 1 mil a R$ 1,5 mil "desde que se empenhem", diz. 

"Todo mundo que vende Tupperware, Herbalife, cosméticos e roupas com a venda direta vive um momento de relacionamento, de interação com o usuário final que também consome educação e que pode consumir nossos produtos", afirma. "Existem 4,5 milhões de revendedores de venda direta no Brasil. Acho que nosso produto se adequa a 20% desse total."

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Demanda. Para Onófrio Notarnicola Filho, professor de tecnologia em inovação e especialista da Associação Brasileira de Educação à Distância, o modelo de venda direta é, além de novo e até inusitado, bem-vindo para um setor que, segundo ele, demanda novidades em seu formato de comercialização. 

"É um modelo novo, precisamos observar. Mas eu acredito na venda direta como ferramenta de comercialização", afirma o especialista, que faz um alerta sobre o perfil de cursos adequados para o sistema. "Observamos que cursos rápidos tendem a ser melhores recebidos pelo consumidor do que os cursos longos", afirma.

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