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Governança pode ajudar empresas menores

Preceitos de prestação de contas, equidade e transparência estão ao alcance do empresário que busca eficiência

Por Vivian Codogno
Atualização:

A história do negócio de família que perpassa gerações se repete na Cantina Montechiaro. Depois de formar-se em administração, Daniel Rodrigo Caneti de Oliveira assumiu o negócio montado pelo pai, Raimundo Franco de Oliveira, há quase 40 anos. Com a nova função, vieram contas, planilhas desatualizadas e uma cozinha pouco moderna. Daniel precisou, então, organizar o negócio sem deixar o apelo tradicional de lado.

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O caso da família Oliveira é comum em pequenas e médias empresas familiares, que representam 90% dos empreendimentos no Brasil, de acordo com dados compilados pelo IBGE. E para que a transição de comando seja segura, pequenas empresas podem seguir pelo caminho da profissionalização.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), a aplicação dos princípios básicos da governança – transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade – não prescinde a chegada de uma equipe externa na empresa e não exclui a participação da família.

“É muito importante que o fundador do negócio e o atual gestor tenham muito claro o que querem. Não é o filho que vai prestar contas para o pai. Em uma empresa familiar profissionalizada, essa relação é formal”, explica o conselheiro de administração do IBGC, Robert Juenemann. “Quando falamos em crescer e ser eficiente, é preciso delimitar o controle da relação entre os sócios. O que se observa é que esses assuntos não são trazidos à tona.”

A primeira medida de Daniel ao assumir o comando da Cantina Montechiaro foi mudar o contrato social da empresa e ele tornou-se sócio administrador. O negócio passou a ser dividido de forma igualitária entre ele e os pais e o sistema de prestação de contas também mudou.

Conselhos. A fabricante de móveis para escritório MaqMóveis se prepara para a sucessão. O fundador, Roberto da Costa, vai ceder em cinco anos o comando para o filho, Fábio da Costa.

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“Planejar uma sucessão é um processo natural e não motivo de desespero. Passei por todas as áreas da empresa, desde o chão de fábrica. É difícil porque o fundador da empresa é meu pai. Para alavancar a gestão, foram muitos choques”, relata. Dessa maneira, a formação de um conselho administrativo, com reuniões quinzenais, foi fundamental. Dele, participam diretores estratégicos e os pais de Fábio, que são acionistas.

A conselheira e especialista em sucessão e governança corporativa, Patricie Gaidzinski, pontua que, para empresas familiares, o vínculo com os fundadores, mesmo que não estejam mais no comando, é essencial. “É importante que a família detenha a estrutura de controle. Mas, por outro lado, mantenha consultores externos. É o olho do dono que engorda o boi. Isso não quer dizer que você tem que estar na lida do boi todos os dias”, pontua.

::: PARA ENTENDER :::

Acionistas Para fomentar a confiança dos acionistas em relação ao presidente, é preciso manter um protocolo de prestação de contas claro e eficiente. Aqui, é importante, além da transparência financeira, manter um contrato que permita acesso às informações.

Comunicação Todas as decisões precisam ser comunicadas aos acionistas e integrantes do conselho, mesmo aqueles que não atuam diretamente na administração da empresa. Isso implica oferecer, de forma acessível, todas as medidas tomadas pela liderança.

Igualdade É preciso criar mecanismos para assegurar o tratamento igualitário entre todos os acionistas ou partes envolvidas em uma empresa. Qualquer discriminação ou informação privilegiada deve ser inaceitável. Criar um sólido acordo de acionistas é importante.

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