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Futuro dos desenvolvedores de apps está no mercado corporativo

Pequeno empreendedor pode encontrar caminho próspero no Brasil se souber oferecer soluções para outras empresas

Por Gisele Tamamar
Atualização:

O mercado corporativo é visto como promissor para quem pretende ganhar dinheiro com o desenvolvimento de aplicativos. O futuro do setor foi discutido, durante o 3º Encontro PME, pelo fundador da Anjos do Brasil, Cassio Spina, e pelo dono de duas empresas especializadas em programas para dispositivos móveis, Wilson Baraban Filho.

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Para Spina, o segmento de soluções para as empresas pode ser o foco dos empreendedores iniciantes. “Não existem muitas aplicações integradas com sistemas corporativos. A vantagem é que em qualquer local, em qualquer momento, é possível ter acesso a informação, mas é preciso pensar em um acesso prático. Esse é um caminho interessante que poucas pessoas olham”, disse.

Prova disso é que a maior parcela do faturamento das empresas de Baraban Filho é resultado do desenvolvimento de aplicativos corporativos. Uma das grandes demandas, por exemplo, é a criação do dashboard, sistema para o profissional visualizar todos os processos de uma empresa por meio do aplicativo instalado no smartphone ou tablet.

Dessa maneira, o profissional que estiver em trânsito não precisa entrar na intranet da companhia, acessar o navegador e informar seu usuário e senha para conseguir as informações de que precisa naquele momento. “A grande sacada está aí. A pessoa toca no aplicativo e já abre o dashboard. Ele dá muitos recursos, tanto visual, quanto técnico”, afirmou Baraban durante o Encontro PME.

A recomendação para quem pretende ter clientes corporativos é investigar as necessidades que precisam ser melhoradas e entrar em contato com o mercado em potencial. “Mais importante que a ideia é a oportunidade. Quer fazer alguma coisa? Não comece pela ideia, comece pelo problema, onde você precisa resolver alguma coisa ou o que pode ser melhorado? Esse é o caminho”, destacou Spina.

Na avaliação do criador da Anjos do Brasil, o sucesso depende de dois fatores. O primeiro é a capacidade de execução do empreendedor. “Mas o segundo não depende de nós. É importante ter o timing certo, o que é muito difícil.”

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Escala. Aqueles com planos de empreender com aplicativos para o consumidor final precisarão de escala. Para ganhar dinheiro com produtos que custam perto de US$ 0,99, por exemplo, será preciso que muitas pessoas demonstrem interesse. E conseguir isso não é fácil. Atingir o top 200 na App Store do Brasil exige, pelo menos, 2 mil downloads por dia – e há períodos que nem 3 mil downloads são suficientes, segundo analisou Baraban.

Nos Estados Unidos, a média gira em torno de 10 mil a 15 mil downloads diários. Mas e os aplicativos gratuitos, como torná-los efetivamente lucrativos?

A solução mais nítida para os especialistas é a publicidade. Mas o desenvolvedor pode também colocá-lo à disposição sem custo para ganhar popularidade e, uma vez consolidado, agregar ferramentas que precisem ser compradas. “Buscar o engajamento do usuário é interessante e uma boa alternativa para a monetização”, afirmou Spina.

Para quem estiver na dúvida sobre o lançamento da solução gratuita ou paga, Spina aconselha o empreendedor a avaliar qual tipo de valor está entregando ao usuário. Se o aplicativo for útil, o consumidor estará disposto a pagar. “A melhor forma de aprender é ir para o mercado, testar e interagir. Isso dá para ser feito diariamente”, afirmou.

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O empreendedor ainda precisa ter consciência de que não basta entender de programação para fazer aplicativos. É necessário desenvolver aspectos essenciais, como posicionar seus produtos com destaque na App Store ou Google Play, preocupar-se com comunicação, com o usuário e com a interface – uma mudança de botão pode gerar uma diferença de 50% no resultado final de acessos. “É preciso pensar de forma abrangente e buscar outras especializações”, disse o fundador da Anjos do Brasil.

Início. Os aplicativos entraram na vida de Wilson Baraban em 2009, quando o iPhone começou a ganhar espaço no mercado mundial.

O empresário atuava como gerente de TI de uma universidade, mas resolveu optar pelo mercado de aplicativos. “Comecei a fazer produtos para uso pessoal, aquilo começou a dar certo e vi que era um mercado promissor”, lembrou.

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Um dos aplicativos que fizeram a empresa de Baraban ganhar destaque foi o SP+9, a primeira ferramenta lançada na App Store para o usuário acrescentar automaticamente o dígito 9 nos números de celulares em São Paulo. Essa mudança, em vigor desde o dia 29 de julho, atende resolução da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para aumentar a disponibilidade de números móveis e fazer frente à crescente demanda de novos usuários na Região Metropolitana de São Paulo.

“O SP+9 surgiu de uma necessidade. Procuramos na App Store, vimos que ninguém tinha feito e resolvemos investir. Fomos os primeiros, tanto que a Anatel veio falar com a gente por termos sido os pioneiros”, relatou. Iniciativa. Os especialistas lembraram durante o Encontro PME que ideias não são patenteáveis. Da mesma forma que uma pessoa teve uma sacada no Brasil, outras centenas podem ter o mesmo insight em vários lugares do mundo.

“Invenções são patenteáveis. Por isso, o mais importante é executar essa ideia”, incentivou Spina. Baraban lembrou ainda que dentro da App Store é possível registrar um nome para o aplicativo, desde que não existam similares.

Mas o empresário adverte: no momento em que o aplicativo entra no ar, há o risco de cópia. “Existem empresas especializadas em copiar. A ideia é a mesma, o nome é (quase) o mesmo e a concorrência muda apenas uma letra”, contou Baraban. À empresa responsável pela ferramenta original, resta pedir para que os usuários reclamem sobre a imitação para a Apple.

Banda larga. Os dois participantes também discutiram sobre o problema da banda larga no Brasil como um obstáculo a ser superado. “A falta de conectividade é uma limitação para o crescimento do mercado”, analisou Spina. Para ele, entretanto, a solução é uma questão de tempo. “É um desafio muito grande e eu acho que será superado. Uma melhor qualidade de serviço vai possibilitar aplicativos mais sofisticados, que exigem mais tráfego de dados.”

Baraban, porém, chamou a atenção para o aumento constante das vendas de aparelhos com acesso à internet, apesar da infraestrutura não acompanhar esse comércio com a mesma velocidade. “Há regiões em São Paulo onde você consegue falar no telefone, mas não usar a internet.”

Por isso, o conselho para quem tem planos de desenvolver um aplicativo que inclua a transmissão de dados é limitar essa movimentação ao máximo. “O Instagram só pegou porque ele não transmite imagem em alta definição, senão ninguém ia conseguir enviar a foto. O Instagram é rápido e feito de maneira inteligente”, disse Baraban.

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