
16 de dezembro de 2015 | 07h09
A cotação atual do dólar, na casa dos R$ 4, e o cenário político-econômico brasileiro podem estimular o dono de uma rede de franquias a iniciar o processo de internacionalização da marca. Essa é uma alternativa interessante, mas que exige cuidados por parte do franqueador pois trata-se de um desafio duplo: mostrar a proposta de valor do produto para um cliente de cultura diferente e provar que o modelo de negócio é interessante no exterior.
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Além disso, o interessado precisa saber que a legislação, e os processos, são diferentes. “Tem muita gente que tem essa percepção que levar uma rede para o exterior é um desafio muito simples. E não é. Não basta ter um investidor, diz Sherban Leonardo Cretoiu, professor da Fundação Dom Cabral.
A fundadora da Sodiê Doces, Cleusa Maria da Silva, por exemplo, vivencia essa situação no momento. A empresa tem candidatos interessados em abrir uma unidade no exterior desde 2013, mas a marca começou a colocar o plano em prática apenas neste ano. Ela está na fase dos registros de produtos e tenta, com a ajuda da multinacional Nestlé, exportar o mesmo creme de leite e leite condensado usados nas receitas da marca. “Eu imaginei que fosse mais fácil. Meu sonho de ir para lá continua firme, vamos ver se será possível em 2016”, conta Cleusa. O “lá” a que ela se refere são os Estados Unidos e a instalação será em Miami, Orlando ou Flórida.
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Giraffas e Morana são exemplos de como é difícil o processo de internacionalização. A primeira marca começou a estudar a expansão em 2006 e só em 2011 inaugurou a primeira loja na Flórida. “A rede se dedicou nessa fase de planejamento porque sabia do tamanho do desafio e da ousadia que é levar uma marca brasileira para um mercado extremamente maduro e competitivo”, afirma o diretor de expansão do Giraffas, Eduardo Guerra.
A rede tem hoje seis lojas próprias e quatro franquias nos Estados Unidos. O plano é abrir cinco unidades no ano que vem. Segundo Guerra, a rede tem conversado com muitas pessoas interessadas no modelo. “A operação americana é mais complexa, envolve investimento em dólar, mudança de vida. É uma operação nova.”
Já a Morana começou sua atuação no exterior com o envio de peças para uma rede espanhola, mas a transação não se mostrou viável. O grupo chegou a abrir algumas lojas, mas recuou com a crise econômica mundial que começou em 2008 e ganhou força um ano depois. O cenário melhorou e hoje são três lojas nos Estados Unidos e uma operação de atacado.
O diretor de expansão e desenvolvimento do Grupo Ornatus, Eduardo Morita, conta que aumentou o número de brasileiros interessados em abrir uma loja fora do Brasil e cabe a ele mostrar a realidade. “Não é só ter dinheiro e achar que os Estados Unidos vão te aceitar. Eu tenho falado: não existe mágica e nem caminho alternativo.”
:: Caminhos para o mercado internacional ::
Loja própria - O franqueador instala a sua própria operação na região escolhida e começa a abrir lojas. É o caso, por exemplo, da Morana. Mas a rede já pensa em um projeto para franquear a marca para os interessados.
Direta - A rede busca franqueados individuais e precisa prestar serviços e dar suporte. De acordo com a ABF, modelo funciona muito bem em países mais próximos, que têm similaridade de sistemas alfandegários, por exemplo.
Join venture - A rede faz sociedade com algum empresário no país em que pretende atuar. É o parceiro quem vai estabelecer uma nova empresa no local e atuar como franqueador para montar unidades próprias e franquias.
Master franqueado - A marca concede a um determinado empresário local o direito de explorar um território, definido previamente, para atuar como se fosse a franqueadora. Ele vai treinar e dar consultorias de campo, por exemplo.
Parceiro - É estabelecido um território para um empresário atuar com todas as operações próprias. Cada empresa precisa fazer seu planejamento e decidir o melhor modelo. Uma forma não exclui a outra.
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