Food truck contorna a burocracia, ganha as ruas de SP e já tem gente faturando alto

Demanda atual muito aquecida faz com que os empreendedores se organizem de maneira autônoma em São Paulo

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Por Renato Jakitas
Atualização:

Quatro meses após a sanção da lei que libera a venda de comida de rua na capital paulista, a primeira leva de veículos transformados em restaurantes, lanchonetes e afins começa a efetivamente sair das garagens. E isso, mesmo sob fortes restrições. É que o setor ainda aguardava, até o fechamento desta edição, pelo processo licitatório que vai definir onde serão os pontos públicos de food truck distribuídos pelos distritos de São Paulo. Mas, respaldados pela força de uma demanda cada vez mais ansiosa, os empresários não estão nem aí para a lentidão do poder público. Eles se apressam em lançar caminhões e furgões adaptados e começam a invadir os espaços privados da cidade.

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“Eu nem quero (entrar) nessas licitações”, afirma Jorge Boratto, fundador da rede de lanchonetes Burger Lab, negócio que já tem dois food trucks em circulação há dois meses. “Eu tenho visto que como eu, os grandes players não querem ficar nos pontos da Prefeitura. A lei não está feita de fato, não está regulamentada e, para falar a verdade, esse é um assunto que não me atrai”, diz.

Boratto circula com seus veículos em feiras, eventos e shows e, por mês, contabiliza faturamento de R$ 140 mil por unidade. “A gente quer ficar em shows, em eventos, casamentos, outras coisas que não sejam lidar com fiscal da Prefeitura, com as regras, com um monte de burocracia”, explica o empresário, que já franqueou o modelo. “A gente entrega o truck por R$ 350 mil e, por ser um modelo novo, nós cuidamos da operação”, conclui.

Ironicamente, o primeiro caminhão da Burger Lab foi lançado não para rodar a cidade, mas para ocupar um único endereço, o Food Park Butantã, primeira praça de alimentação voltada para o nicho em São Paulo.

A iniciativa é encampada por Maurício Schuartz e Daniela Narciso, dupla que já organiza a Feirinha Gastronômica, realizada aos domingos na Praça Benedito Calixto, em Pinheiros. Com 16 vagas para trucks, 13 para barracas e seis carrinhos, o espaço reúne 100 empresários, que se revezam diariamente.

“A demanda, sem dúvida, está maior que a oferta e a gente percebe isso. Temos hoje mais de 50 pedidos de empresários para entrar em nosso parque”, conta Daniela. Em um sábado, dia em que o espaço recebe até 4,5 mil visitas na feira, ela cobra R$ 500 para o estacionamento de cada veículo e, assim, planeja abrir mais quatro empreendimentos parecidos na Grande São Paulo até o final do ano. “Estou negociando áreas no ABC, Itaim e Perdizes.”

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Quem já está na expectativa das novas vagas criadas por Maurício Schuartz e Daniela Narciso é o norte-americano David Wolf. Ele se prepara para colocar na rua o primeiro dos cinco caminhões programados para este ano. “Eu acredito muito nesse setor no Brasil”, conta. Para driblar a falta de experiência na área gastronômica, ele aposta em parcerias com restaurantes que não querem ou não podem investir em um veículo. “Eu preparo o caminhão e procuro parceiros”, diz.

A primeira associação foi firmada com a Paella Pepe, restaurante de comida espanhola do Ipiranga. “Pra gente, que buscava se expandir, foi uma oportunidade”, conta Fabio Benedetti, sócio do restaurante. 

 
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