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Financiamento coletivo ainda tem de provar seu valor

Modelo funciona bem nos EUA, mas no País está muito ligado com iniciativas culturais, o que reduz o desembolso

Por Renato Jakitas
Atualização:

Em tempos de economia criativa e cultura de internet, o financiamento coletivo despontou no mundo com uma alavanca de ouro às empresas que precisavam de capital para custear projetos de alto risco. No Brasil, porém, o modelo segue buscando validação, com empreendedores alheios ou céticos em relação aos seus benefícios.

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Também chamado por crowdfunding, sua terminologia em inglês, o financiamento coletivo foi uma alternativa encontrada por startups com dificuldades em captar recursos no mercado tradicional. Os empreendedores apresentam seus produtos em sites especializados em intermediar a negociação e, ao longo de 30, 40 ou 60 dias, tentam levantar os recursos projetados para tirar uma ideia do papel.

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O maior site de crowdfunding do mundo é o Kickstarter, que no ano passado anunciou ter atingido a meta de US$ 1 bilhão em recursos movimentados por mais de 5,4 milhões de investidores (denominados apoiadores). Um óculos de realidade virtual, projeto inicialmente lançado no site, foi posteriormente adquirido pelo Facebook por US$ 2 bilhões.

No Brasil, o líder do setor é o Catarse, criado em 2011 por três amigos de faculdade. Em 2014, o site intermediou R$ 12 milhões em investimentos e, neste ano, prevê alcançar R$ 20 milhões, resultando para a companhia em faturamento bruto de R$ 1,6 milhão. “Acho que o brasileiro ainda está se acostumando com o modelo”, diz Diego Reeberg, sócio do Catarse.

A grande aposta do rapaz para, de fato, ganhar escala com sua empresa é pouco a pouco inverter uma tendência massiva por projetos de cunho cultural, como livros, filmes de curta-metragem e também discos, que movimentam uma receita média baixa por investidor e não contribuem com o desenvolvimento do ecossistema de inovação no site.

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No caso do Catarse, oito em cada dez projetos são como o de Filipe Larêdo, dono da Editora Empireo. Para promover o seu negócio e ajudar a custear gastos extras com projetos especiais, ele tem optado por recorrer ao financiamento coletivo em alguns lançamentos. “Fiz isso com dois livros. Em um, pedimos R$ 25 mil e conseguimos R$ 28 mil. É uma boa ferramenta”, afirma Larêdo.

“Hoje, 80% dos projetos são relacionados com a área cultural e o tíquete médio é de R$ 128 por apoiador. Os produtos de design, por exemplo, movimentam um tíquete médio bem maior”, destaca Reeberg, que sonha, por exemplo, para que apareçam no Catarse mais ideias como a de Márcio Sequeira de Oliveira, que em setembro do ano passado iniciou uma campanha no site para produzir um kit onde se possa estudar e ensinar o comportamento das estruturas arquitetônicas.

Chamado Mola, a meta inicial de Oliveira era obter R$ 50 mil dentro do financiamento coletivo, dinheiro que seria empregado para arcar com os moldes e custos de fabricação de um primeiro lote. Mas o resultado alcançado ultrapassou os R$ 600 mil. “A gente bateu a meta em dois dias”, conta Oliveira. “Foi uma surpresa para todo mundo”, diz ele, que há dez anos trabalha no projeto, desde que se formou em arquitetura, e agora se prepara para entregar as encomendas a partir do segundo semestre deste ano.

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“A gente espera que sucessos como o da Mola inspirem novos empreendedores e atraiam para dentro do Catarse produtos assim. O tíquete médio para os investimentos da Mola foi em torno de R$ 500”, afirma Diego Reeberg, que concorre com os sites internacionais.

Um exemplo disso é a opção de Henry Suzuki, criador de uma linha de tampas de garrafas que se transformam em peças de Lego, a Clever Caps. O produto foi criado ao custo de R$ 2 milhões, investimento alto e que ele vem tentando recuperar ao lançar há pouco mais de um mês uma campanha no site de financiamento coletivo americano Indiegogo. A meta de Suzuki é levantar US$ 100 mil e iniciar a produção em escala. “Eu considerei uma campanha em um site brasileiro, mas a impressão que tenho é de que não existe demanda para o mercado de crowdfunding no Brasil.”

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