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Feirinhas de pequenas empresas voltam após longa pausa com ajuda de lojas físicas

Grupos de negócios independentes, como Mercado Conecta, Feira na Rosenbaum e Jardim Secreto, recuperam tombo da pandemia com lojas coletivas e atividades presenciais

Por Jorge C. Carrasco
Atualização:

Nos últimos dois anos, a crise sanitária causada pela pandemia da covid-19 forçou o encerramento de eventos e feiras por todo o País, desmantelando muitas microempresas que ainda não haviam migrado para o digital ou cuja renda principal não estava no comércio eletrônico. Contudo, as recentes flexibilizações das medidas sanitárias têm proporcionado a retomada das atividades do setor, pressagiando a volta de feiras, coletivos comerciais e lojas compartilhadas, que, após uma longa pausa, movimentam mercados locais com produtos feitos por pequenos negócios.

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Criado na pandemia a partir da união de artesãos e pequenos empreendedores que buscavam atingir um público maior com a realização de feiras, o Mercado Conecta tem se tornado uma alternativa coletiva para as marcas superarem as dificuldades na crise. A ideia de juntar pequenos negócios de produções artesanais surgiu em 2017, quando Carlos Vidigal, o porta-voz e fundador do Mercado Conecta, decidiu criar no Facebook um grupo chamado Expositores de Feiras do Brasil (EFB).

“Eu já trabalhava no setor quando tive a ideia de criar uma ferramenta que permitisse dar apoio aos artesãos espalhados por todo o Brasil,” conta Vidigal. “Na época, eu costumava participar em vários eventos e muitas pessoas que me conheciam acabavam me chamando para pedir dicas sobre preços, sobre o funcionamento das feiras. Então, achei que criar um grupo nas redes sociais poderia juntar muita gente com o mesmo interesse, para que pudessem compartilhar experiências.”

Ao grupo se juntaram mais de 1.700 empreendedores, que passaram a se reunir para realizar compras coletivas de matéria-prima para economizar custos. No final de 2019 decidiram organizar a primeira feira, mas em 2020 veio a pandemia e, com ela, também veio a necessidade de se voltar ao mundo digital. “A gente montou, primeiramente, um marketplace online, para ajudar a vender os produtos dos nossos colaboradores. E depois começamos a desenvolver eventos virtuais,” conta Vidigal.

O fundador do Mercado Conecta, Carlos Vidigal, na loja física do coletivo, que ficano bairro do Brooklin, zona sul de Sao Paulo. Foto: Taba Benedicto/Estadão

De acordo com ele, no primeiro evento, em agosto de 2020, participaram 25 marcas e 800 clientes. Nesse período o grupo trocou o nome para Mercado Conecta. O empreendimento continuou sendo uma ponte virtual entre artesãos e clientes nos meses subsequentes, realizando cerca de 12 eventos online e chegando a arrecadar desta maneira em torno de R$ 500 mil. Até que em julho de 2021 o grupo inaugurou o Espaço Mercado Conecta — um mix de loja e café, no bairro do Brooklin, em São Paulo. 

No espaço físico, as marcas passaram arealizar oficinas para capacitação e conexão entre empreendedores e a comunidade local. Atualmente, o espaço conta com 70 marcas e, segundo seu fundador, a meta é expandir o negócio para uma participação de pelo menos 300 marcas por mês, em iniciativas como feiras e eventos online.

Feiras pioneiras também se reinventam

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No início de 2020, a estilista e curadora de arte Cristiane Rosenbaum preparava-se para o que prometia ser um ano intenso. Seu empreendimento, a Feira na Rosenbaum — plataforma criativa que realiza desde 2012 eventos itinerários de design independente, artesanato e arte brasileira — tinha programado diversas edições por todo o País. Em abril, a feira estaria em Recife, depois passaria por Fortaleza, seguindo para Maringá, São Paulo, Curitiba, entre outras cidades.

Porém, semanas antes de iniciar, a pandemia deixaria a feira — e todos seus colaboradores — em uma situação de incerteza. “O nosso mercado sofreu muito. Muita gente se viu sem possibilidades de se sustentar, sem possibilidade de vender seus produtos”, afirma Cristiane Rosenbaum. “Então, nós levamos a feira para o mundo digital.”

Segundo a empreendedora, muitos colaboradores se juntaram para comercializar seus produtos pelo e-commerce da própria feira e pelas redes sociais. “Foi muito difícil porque muitos artistas só tinham experiência com vendas presenciais, tentamos acolher a todos para que pudessem levar seus produtos aos clientes através das nossas plataformas”, diz ela.

Feira Jardim Secreto em espaço ao ar livre de São Paulo; em 2021, o grupo criou a Casa Jardim Secreto,loja física colaborativa com mais de 70 marcas. Foto: Larissa Dare

Meses depois, um novo modelo híbrido foi lançado, mantendo as vendas por canais digitais junto com um evento presencial limitado na capital paulista. “Tentamos manter o nosso trabalho em conjunto com artistas e artesãos na pandemia. As maiores marcas conseguiram felizmente se adaptar rapidamente a esse novo modelo, enquanto nós focamos bastante em ajudar os empreendedores de menor porte que não tinham como se manter sozinhos”, disse a curadora.

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Atualmente, 10 anos após sua fundação, a Feira na Rosenbaum está lançando a sua primeira loja física, que abriu as portas em fevereiro, na Rua Mateus Grou, no bairro de Pinheiros, São Paulo. O showroom planeja reunir diversas marcas de design e moda, alinhadas a valores de inclusão e sustentabilidade. Além disso, as feiras itinerantes continuarão ocorrendo neste ano pelo País.

“Os últimos dois anos foram muito difíceis, mas agora estamos muito mais otimistas, as coisas parecem melhorar,” comentou Cristiane. “Todo mundo está muito animado. É uma volta muito feliz.”

Público com saudade de eventos presenciais

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Fundado em 2013, o Grupo Jardim Secreto é outra das iniciativas que estão voltando a encontrar presencialmente o público após um longo período de restrições sanitárias. O projeto, que se consolida há quase uma década como uma rede de pequenos produtores e artistas independentes, proporcionou nos últimos anos um espaço para que empreendedores comercializassem produtos — inclusive na pandemia. 

Marcas de design e artesanato na loja física do Mercado Conecta, em São Paulo; meta é coletivo reunir pelo menos 300 marcas por mês. Foto: Taba Benedicto/Estadão

“Além da feira, nós tínhamos também um festival que desenvolvemos desde 2016 até 2019. Mas com a covid tudo parou e passamos a apostar, como muitos empreendedores, nas vendas online,” comentou Claudia Kievel, cofundadora do Grupo Jardim Secreto. O coletivo possuía um galpão que abrigava no seu espaço cerca de 130 pequenos negócios, que acabou fechando também no meio da pandemia.

Em 2021, o grupo criou a Casa Jardim Secreto — uma loja colaborativa que dá espaço a mais de 70 marcas independentes, artistas e artesãos, com um sistema de negócios híbrido, entre as vendas físicas e online. E recentemente, a Feira Jardim Secreto está voltando para o presencial, realizando eventos na Praça Dom Orione, no bairro de Bela Vista, em São Paulo. 

“As pessoas sentiam muita falta do encontro físico, então agora estamos tendo a oportunidade de atingir o público dessa forma presencial”, diz Claudia Kievel. “Passamos de uma feira pequenininha a um coletivo consolidado de artistas com produtos autorais e sustentáveis, que trazem o melhor da arte independente para o público e impulsionam a economia local.”

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