Na contagem regressiva para a Páscoa, o Festival Internacional do Cacau e Chocolate, realizado há dez anos na Bahia e há cinco no Pará, chega em abril a São Paulo pela primeira vez reunindo marcas de várias partes do Brasil, da grande indústria e de pequenos empreendedores. Já em maio, a cidade recebe a segunda edição da Bean to Bar Chocolate Week, que também reúne seminários e feira com degustações, mas voltado para a produção em menor escala e artesanal.
Em seguida, o foco se desloca para o sul da Bahia, região de maior produção cacaueira do País, onde uma tour passeará por fazendas produtoras, como extensão da Bean to Bar Chocolate Week. Em paralelo, será realizado o 1º Simpósio Internacional de Cacau e Chocolate, em Ilhéus (BA), com palestras de professores e pesquisadores daqui e de fora. A ideia de tudo isso, dizem os organizadores, é fomentar a cultura do cacau, buscando melhorar sua qualidade e, consequentemente, a do chocolate feito no Brasil.
Com o mesmo intuito de aperfeiçoar a matéria-prima, no dia 22 de fevereiro será entregue na Bahia os prêmios do 1º Concurso Nacional de Cacau Especial do Brasil. Ele é organizado pelo Centro de Inovação do Cacau (CIC) em parceria com a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), órgão público que existe desde a década de 1950.
“A gente espera melhorar a seleção das amêndoas brasileiras e também aumentar nossa capacidade de ser premiado lá fora”, diz Cristiano Villela, diretor científico do CIC. Das 53 inscrições, 20 amostras (Bahia, Pará e Espírito Santo) estão sendo julgadas, seguindo parâmetros internacionais, diz. Entre os finalistas está o produtor e chocolateiro Rogério Kamei, da Fazenda Bonança (BA), que mantém sua fábrica de chocolates Mestiço em São Paulo.
Suas barras - feitas ao estilo “bean to bar” (da amêndoa à barra), em pequena escala - estão confirmadas no Festival do Cacau e Chocolate, ao lado de marcas como Luisa Abram, Gallette e LaBarr. Todas fazem parte da Associação Bean to Bar Brasil, que promove a Bean to Bar Chocolate Week em maio e é composta de pequenos empreendedores de chocolate, que começaram suas produções de forma caseira.
Mas nem só de pequenos é feito o festival, que inclui ainda nomes da indústria como Callebaut e Cacau Show. “A gente quer que o mercado use cacau. Vai ter até um expositor da Bahia que faz tudo menos chocolate, como cachaça de cacau”, conta Marco Lessa, idealizador do festival e que estima receber em torno de 70 expositores, sendo 40 marcas de chocolate. O festival, de 12 a 14 de abril, vai ocupar cerca de 4 mil metros quadrados do Pavilhão da Bienal. “A gente quer até plantar cacau no parque Ibirapuera”, diz ele.
Tanto o festival na Bienal quanto a Chocolate Week preveem, além de vendas e degustações, palestras com gente do setor. A chocolateira Luisa Abram, que faz suas barras com cacau selvagem da Amazônia, é uma das palestrantes confirmadas para o festival e também deve falar durante a Bean to Bar Chocolate Week, ao lado de especialistas estrangeiros como Greg D’Alesandre (da marca americana Dandelion).
Luisa é um case que ilustra o setor dos pequenos fazedores de chocolates, em plena ascensão. Começou sua produção em 2015, num cômodo de 5 metros quadrados no apartamento da família, e hoje, já num novo imóvel, produz 300 quilos de chocolate por mês, que vende inclusive na rede Pão de Açúcar.
A Bean to Bar Chocolate Week vai de 16 a 19 de maio, com palestras voltadas a empreendedores do setor nos dois primeiros dias (em espaço a confirmar) e feira com degustações e workshops para o público geral nos últimos dias (no Espaço Tangram, na Vila Madalena).
“A gente vai ter a presença de produtores de cacau com amostras de 3 ou 5 kg que podem ser vendidas. Além disso, a gente vai ter espaço de exposição de máquinas para o bean to bar”, conta uma das organizadoras do evento Juliana Aquino, que é produtora de cacau (fazenda Vale Potumujú), fazedora de chocolate (marca Baianí) e uma das fundadoras da associação.
Em paralelo, esse evento vai abrigar o próximo encontro do grupo Mulheres no Chocolate, criado no fim do ano passado por empreendedoras do ramo e cuja primeira reunião foi no dia 2 de fevereiro. E ainda o prêmio Bean to Bar Brasil, voltado para as pequenas marcas artesanais de chocolate, organizado pela especialista Zélia Frangioni.
De volta à Bahia, o 1º Simpósio Internacional de Cacau e Chocolate será realizado de 23 a 25 de maio com o apoio da Universidade Federal da Bahia e do CIC, e contará com nomes internacionais de instituições como The International Cocoa Organization (ICCO).