19 de março de 2014 | 07h10
Os riffs pesados e as letras de contestação deixaram de ser a única especialidade de roqueiros dos cenários nacional e internacional. Eles dão uma lição de ousadia e empreendedorismo ao entender que a música também é um negócio e usar sua influência para diversificar seus investimentos, seja por meio do licenciamento de produtos – camisetas, perfumes, entre outros – ou da criação de novas empresas.
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Foi de olho em um novo nicho que o vocalista do Iron Maiden, Bruce Dinckinson, aliou sua paixão pela aviação a um novo modelo de negócio. Em 2012, Dinckinson, que também é piloto, investiu 1,7 milhão de libras – o equivalente a R$ 6,7 milhões – na criação da Cardiff Aviation, empresa de reparos de aeronaves.
Caminho semelhante foi trilhado pelo vocalista do U2, Bono Vox. Considerado um bem-sucedido homem de negócios, Bono, juntamente com Edge, companheiro de banda, é dono do hotel Clarence, em Dublin. O músico também é sócio da empresa de investimentos Elevation Partner, que em 2009 comprou uma cota de 1,5% das ações do Facebook por US$ 90 milhões.
O negócio de hotéis atraiu também o ex-integrante do Abba, Benny Anderson. A proposta de Anderson para o hotel Rival, que fica em Estocolmo, na Suécia, é que o cliente tenha no quarto aquilo de que realmente precisa. A originalidade do artista também se reflete na decoração: todos os quartos seguem temas de filmes clássicos suecos.
Os três músicos têm em comum a compreensão de que não é fácil ter negócios distintos sob a mesma marca, escolha que, em muitos casos, pode ser arriscada. “Embora a imagem possa dar um impulso para o negócio, o uso da marca pode ser um demérito em mercados em que o artista não atua”, explica o professor de empreendedorismo do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), Marcelo Nakagawa.
O especialista aconselha, no entanto, que as bandas explorem sua marca para atingir seu público e conquistar fontes complementares de renda.
No Brasil, bandas como Titãs, Os Paralamas do Sucesso e Ratos de Porão investem fortemente em sua marca por meio de produtos licenciados, sejam camisetas, chinelos ou cervejas, vendidos prioritariamente em suas lojas online. A banda Beatles 4Ever, por sua vez, foi mais ousada e abriu uma loja física na capital paulista, localizada na Galeria do Rock, local que reúne, além de amantes do rock, adeptos à soul music e ao hip-hop.
Iniciativas como essas são bem vistas sob a ótica do empreendedorismo,segundo o professor do Insper, Marcelo Nakagawa. “Faz sentido pensar na música como um negócio. O trabalho e o talento dos músicos são transformados em produtos e serviços e há um consumidor para ambos”, avalia o especialista, para quem investir em um produto para o seu próprio público nada mais é do que um tiro certeiro.
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