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Entrevista: 'O desafio de se tornar versátil'

Para Ana Vecchi, especialista em franchising, adaptar a mentalidade tradicional das empresas para uma gestão mais dinâmica e colaborativa é o objetivo

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Por Redação
Atualização:

Uma economia dinâmica pede por empresas igualmente versáteis. É isto que a consultora e especialista em franchising, Ana Vecchi, afirma ser o maior desafio para as empresas de franquia em 2019: adaptar a mentalidade tradicional do setor para mudanças mais ágeis e criar uma cultura de gestão mais colaborativa, envolvendo os franqueados nas decisões das redes.

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Nesta entrevista, ela também trata das tendências dos setores, de microfanquias e do crescimento de multifranqueados.

Quais são as tendências, de uma maneira geral, para o setor de franquias neste ano?  Definir uma nova cultura no modelo de gestão é o principal desafio, até mais do que mudança de equipamentos e de fornecedores. Na nova economia, assimétrica e disruptiva, a tecnologia vem possibilitando um crescimento exponencial, portanto é preciso haver um novo mindset (mentalidade) entre franqueador e franqueados. Esta é a realidade das startups. Fazer isso sem invadir territórios anteriormente definidos, sem ferir contratos de franquia já assinados; não ocorre da noite para o dia, mas não é impossível. Outra tendência é que o setor de serviços deva crescer mais por ainda ser um segmento que favorece os investimentos, por não demandar grandes estoques e por ainda existir a necessidade de bons prestadores de serviços.  O setor de alimentação também deve ampliar sua forma de atuação com fast-food casual e franquias de minicentros de distribuição com foco em delivery, por exemplo.Na última pesquisa da ABF, o setor de construção apresentou crescimento de 12,9% no 1º trimestre de 2019 . O que pode ter ocasionado isso?  Acredito ter sido, num primeiro momento, o ânimo em função de mudança de governo com o mercado reagindo positivamente, consumindo mais que nos anos anteriores. Há uma infinidade de lançamentos de empreendimentos, com os investidores apostando que esta mudança se sustente por mais tempo, melhorando ainda mais com a reforma da previdência. O consumidor final estava carente de ser cuidado e investiu em reformas, coisas para casa. Os serviços de manutenção e limpeza estão com mercado mais aquecido também pela percepção das corporações em gestão preventiva no que tange à manutenção elétrica, hidráulica, de ar condicionados, etc. O que estava adormecido, por falta de esperança no reaquecimento da economia, parece ter despertado. Vamos ver por quanto tempo.

Segundo Ana Vecchi, segmento deve se manter em alta neste ano Foto: Sergio Morita

Há um tendência de crescimento do número de multifranqueados? Isso é algo benéfico para o segmento de franquias? Na verdade, não é mais uma tendência, mas já acontece há anos. É uma ótima opção para ambos os lados – franqueados e franqueadores. Tendo regras e limites claros, questões de sigilo, análise de perfil de quem vai assumir mais unidades e, criando a estrutura para administrar vários negócios de diferentes setores, tudo bem. Setores distintos não concorrem e do mesmo setor somam conhecimento. Quem não adoraria ter um franqueado com todas as marcas de uma praça de alimentação, operando com excelência todas elas e com capacidade de lidar com os clientes conforme o dia, a promoção e o perfil do shopping?

As microfranquias são associadas à falta de profissionalismo e de estrutura. Isso ainda é verdade? As microfranquias passaram por isso que você disse. Houve uma quebradeira feia, que prejudicou muitos franqueados, mas houve também um saneamento de mercado, franqueados que compraram franqueadoras. O modelo evoluiu, assim como seus gestores, e há um comitê de microfranquias, que estuda e estrutura a forma de atuação das empresas associadas à ABF. O que tem ocorrido é a adequação dos modelos de negócios franqueados, nos últimos anos, em função da recessão, o que possibilitou o crescimento de microfranquias com franqueadoras mais estruturadas e profissionalizadas.

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