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Empresas familiares parte 1: o poder de resiliência dos negócios

Em série de artigos sobre empreendedorismo em família, especialistas fundadores da consultoria Banyan e autores de livro recém-lançado contam como essas empresas podem ser frágeis ou resilientes

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Por Fernanda Brasil , Josh Baron e Rob Lachenauer
Atualização:

Poucas empresas ficaram imunes aos desafios da pandemia, mas as empresas familiares podem estar prestes a emergir ainda mais fortes do que seus concorrentes. A propriedade familiar traz uma vantagem competitiva em situações que exigem resiliência em vez de crescimento rápido.

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Em nossa pesquisa exclusiva com empresas familiares em todo o mundo, encontramos uma visão otimista de que esses negócios passaram pelo pior, mas esperam ganhar terreno nos próximos meses. São 68% dos entrevistados que acreditam que terão operações mais eficientes quando a pandemia acabar. E mais da metade acredita que haverá novas oportunidades de negócios, processos de tomada de decisão mais eficientes e oportunidades de aprendizado para a próxima geração. 

O sucesso relativo das empresas familiares durante essas circunstâncias difíceis não é uma surpresa. E a importância das empresas familiares na economia é enorme: as estatísticas apontam que as empresas familiares representam 85% das empresas do mundo, e no Brasil são responsáveis por 65% do Produto Interno Bruto (PIB) e empregam em torno de 75% da força de trabalho. Adicionalmente, as empresas familiares têm se provado ser melhores empregadoras e mais comprometidas com as comunidades onde atuam. 

Imagino que você esteja se perguntando: então de onde vem a tão famosa regra das três gerações: “Pai rico, filho nobre e neto pobre”? Empresas familiares podem ser frágeis ou resilientes, dependendo de como seus proprietários se alinham e exercem o seu comando

Josh Baron eRob Lachenauer, cofundadores daBanyanGlobal Family Business Advisors e autores do livro 'The Harvard Business Review Family Business Handbook'. Foto: Divulgação

O que queremos dizer com isto? 

Ser proprietário significa que você tem o poder de definir o rumo do negócio por meio da sua habilidade de influenciar as principais decisões. A maneira como os proprietários exercem esse poder afeta os negócios por anos, se não por gerações. Definimos aqui propriedade como uma série de 5 direitos fundamentais:

  1. Desenhar. O tipo de propriedade pode parecer uma formalidade legal definida em um documento societário. Você pode nunca ter parado para considerar como sua família é sócia nos negócios: qual é a abrangência dos ativos compartilhados, quem pode ser proprietário e quais proprietários detêm o controle. Cada uma dessas decisões tem vantagens e desvantagens para a saúde de longo prazo da empresa e da família empresarial.
  2. Decidir. Os proprietários têm o direito de tomar todas as decisões envolvidas na gestão do seu negócio, se assim o desejarem. Eles escolhem quais decisões manter para si e quais delegar a outros. Eles também determinam como as decisões serão tomadas, seja por regras de maioria, unanimidade ou de alguma outra forma. E eles podem escolher tomar cada decisão conforme as situações surgem ou estabelecer políticas que estabeleçam regras com antecedência. Ao fazer isso, os proprietários exercem seu direito de decidir.
  3. Valorizar. Os proprietários têm o direito de definir “sucesso” como acharem melhor. Eles podem maximizar o retorno aos acionistas, da mesma forma que as empresas listadas em Bolsa, ou abrir mão de parte do retorno por objetivos não financeiros, como a sustentabilidade ambiental. Os proprietários também podem determinar quanto de seus lucros anuais retêm na empresa ou pagam em dividendos. E eles podem decidir se mantêm o controle total ou renunciam a parte dele, trazendo sócios ou contraindo dívidas.
  4. Informar. Os proprietários têm o direito de acessar informações sobre seus negócios, entre elas como está o desempenho financeiro e como as ações estão divididas, ou seja, quem possui o quê. Esse acesso dá aos proprietários o direito de determinarque informação compartilhar com outras pessoas, incluindo familiares, funcionários e a comunidade. Se uma empresa abre o capital, os proprietários abrem mão de grande parte desse direito como parte do cumprimento dos requisitos de divulgação. Quando uma empresa é privada, os proprietários escolhem que informações disponibilizarão tanto para quem trabalha na empresa, quanto para quem não trabalha nela.
  5. Transferir. Por fim, os proprietários têm o direito de escolher como e quando sair da propriedade. Os proprietários podem decidir quem será o novo proprietário do negócio, o momento e a forma da transferência (por exemplo, participação direta, através de holding, etc). Os direitos de transferência têm vários níveis de restrições, dependendo de onde os proprietários moram. Por exemplo, nos EUA, os proprietários podem vender ou dar suas empresas a quem quiserem, exceto se as ações forem mantidas em um trust, que estabelece requisitos específicos. No Brasil, por outro lado, as leis de herança exigem que os proprietários distribuam 50% de seus ativos igualmente entre seus filhos e cônjuge, ficando com flexibilidade na transferência da outra metade.

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Compreender, alinhar e exercer esses direitos de maneira eficaz pode levar ao sucesso de longo prazo. Não os entender ou os aplicar mal pode levar a conflitos familiares e destruir o que uma família levou gerações para construir.

Confira nos próximos dias 17, 18 e 19 os outros três artigos que completam essa série sobre empresas familiares.

* Fernanda Brasil é diretora da BanyanGlobal Brasil. Josh Baron é cofundador e sócio da BanyanGlobal Family Business Advisors e professor adjunto na Columbia Business School. É também coautor do livro The Harvard Business Review Family Business Handbook (Harvard Business Review Press, 2021). Rob Lachenauer é cofundador e CEO DA BanyanGlobal Family Business Advisors. É coautor do livro The Harvard Business Review Family Business Handbook (Harvard Business Review Press, 2021). 

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