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Empresas de venda online de passagens rodoviárias miram em possibilidades inexploradas

Click Bus, Brasil by Bus e Rodoviária On Line apostam em alternativa às filas em guichês de rodoviárias e surfam em onda que tende a crescer

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Por Alessandro Lucchetti
Atualização:

A comercialização online de passagens rodoviárias ainda representa uma fatia bastante fina de uma enorme pizza. Em 2016, 5% das passagens foram adquiridos por meio de transações eletrônicas. Naquele mesmo ano, 160 milhões de passagens rodoviárias foram emitidos. Os números fazem parte da segunda edição do estudo E-Rodoviário, elaborado por encomenda da ClickBus, empresa que lidera o segmento.

Os empresários Emerson Cristiano Lima e Nilton Sklaski Junior avaliam que chegou a hora de a venda de passagens rodoviárias on line se popularizar Foto: Raquel Tannuri Santana/Rodoviária On Line

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A boa notícia para as maiores empresas do ramo é o crescimento expressivo do volume de passagens compradas com a ajuda de computadores e celulares. Em 2015, esse número foi de 6,3 milhões de unidades. No ano passado, saltou para 7,9 milhões.  Há entraves significativos para que uma expansão mais acelerada desse segmento se verifique. Um deles é a impossibilidade temporária de impressão de um e-ticket. Isso significa que, mesmo adquirindo a passagem por meio eletrônico, o viajante terá que passar num guichê da companhia de ônibus, na rodoviária ou, na melhor das hipóteses, num quiosque ou terminal de auto-atendimento para imprimir o bilhete. 

As empresas que efetuam a venda online das passagens já dispõem da tecnologia necessária para viabilizar o e-ticket, mas a regulamentação do setor exige que as passagens sejam emitidas por impressoras fiscais, condição necessária para o recolhimento do ICMS, que cabe ao estado de embarque. 

Existe, porém, uma movimentação em Brasília que pode ser determinante para o avanço das OTAs (On Line Travel Agencies; agências online de viagem, em português), acrônimo que designa empresas como a ClickBus, Brasil By Bus e Rodoviariaonline, as maiores a operar no Brasil nesse segmento. 

Um projeto de lei que tramita no Senado pode dar uma injeção de capitalismo de verdade num setor que apresenta monopólio em muitas rotas. Caso a concorrência se instale, as empresas de transporte rodoviário intermunicipal e interestadual terão que cortar custos de comercialização de passagens, reduzindo gastos com a estrutura física dos guichês e com funcionários envolvidos na venda. Ao menos essa é a projeção de Nilton Sklaski Junior, dono da Rodoviariaonline, sediada em Curitiba. 

"O custo de guichês nas rodoviárias é alto", assinala o empresário, que iniciou a vida no empreendedorismo vendendo coxinhas e refrigerantes nas cercanias do Detran e hoje comercializa passagens pelo www.rodoviariaonline.com.br/.

É bem verdade também que há forças atuando em Brasília no sentido de manter como está o setor de transporte rodoviário, ou seja, com pouca concorrência em rotas altamente rentáveis.

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Breno Moraes, dono da Brasil By Bus, percebeu que havia um nicho de negócios na venda eletrônica de passagens de ônibus. Lançou no final de 2011 o site, que originalmente publicava notícias e matérias sobre viagens de ônibus e as possibilidades turísticas que poderiam se iniciar numa rodoviária. No final de 2012 estava lançada a possibilidade de se comprar passagens pelo www.brasilbybus.com. 

Até a Copa de 2014, o site de Breno era o único que tornava possível a aquisição de passagens rodoviárias brasileiras por estrangeiros sem CPF. Por ter esse viés, houve um momento em que 80% do faturamento da empresa era proporcionado por vendas a estrangeiros.

O empresário não teme que as próprias empresas de ônibus desenvolvam sistemas para vender online suas passagens. "Não é a expertise delas. As empresas de ônibus que oferecem venda online normalmente optam por um sistema terceirizado, pagando uma mensalidade. É comum ficarem expostas a fraudes com cartões e não tornarem possível a compra por estrangeiros".

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Cesário Martins, co-CEO da ClickBus, líder do setor, é outro empresário que se diz empolgado com as possibilidades do segmento que escolheu para empreender. Tendo em mente a necessidade de dar uma roupagem moderna ao comércio online de passagens dessa antiga e pouco glamourosa forma de viajar, o homem de negócios cearense deu descontos na última Black Friday, por exemplo.

Engenheiro aeronáutico formado pelo ITA, Martins trocou os aviões pelos ônibus, e atravessou um bocado de dificuldades para conduzir a empresa em seus anos iniciais. "As empresas de transporte rodoviário tinham medo de nós. Foi difícil convencê-los de que somos parceiros, não concorrentes. Vamos caminhar de mãos dadas. Temos um mercado muito grande e significativo, e que tende a crescer".

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