Empresários adotam esportes radicais para aliviar o estresse

Viver no limite, ao contrário do que parece, pode ser uma ferramenta poderosa para aliviar o estresse do cotidiano

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Por Renato Jakitas
Atualização:

Quando o assunto envolve o mundo dos negócios, há quem diga que o empreendedorismo é de longe a mais radical das modalidades corporativas. Alguns empresários, entretanto, parecem incorporar esse conceito até as últimas conseqüências. São donos de empresas que, a despeito de todas as dificuldades encontradas no âmbito profissional, tornam-se adeptos de esportes pouco convencionais.

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A ideia é aproveitar o tempo livre para injetar um pouco mais de adrenalina na vida. Como resultado, dizem que encontram uma ferramenta poderosa para extravasar o estresse, absorver lições e exemplos de superação ou, simplesmente, passar o tempo.

Dono de uma empresa de embalagens plásticas na cidade de São José dos Campos, interior de São Paulo, Carlos Canellas é um bom exemplo disso. Há alguns anos ele passou a exercer o montanhismo como caminho alternativo para aliviar a tensão do cotidiano. O novo hobby transformou a sua vida. ::: Siga o Estadão PME nas redes sociais ::: :: Twitter :: :: Facebook :: :: Google + :: “Eu sempre gostei de esportes e, especificamente, de esportes tidos como mais radicas. Mas, quando eu descobri o montanhismo, fiquei apaixonado. A complexidade que envolve uma expedição, desde a preparação física até a logística de viagem e a subida da montanha em si, agregou muito para a minha trajetória de empresário”, conta.

Canellas mergulhou na prática do alpinismo. E, montanha após montanha, passou a nutrir objetivos mais ambiciosos. Até que, em 2008, uma fatalidade por pouco não sacramentou o final de sua atividade paralela. “Estava movimentando uma carga na empilhadeira do trabalho e acabou caindo tudo no meu braço. Foram 2,5 mil quilos de material em cima do meu braço. Tive três fraturas expostas e praticamente perdi um dedão. Na mesa de cirurgia, conversando com o médico, eu falei, ‘poxa, se for arrancar meu braço, coloca no lugar um gancho que eu vou subir o Everest’”, lembra.

O braço do empresário não precisou ser amputado. E o objetivo de escalar o maciço rochoso mais alto do planeta, com o cume a 8.850 metros acima do nível do mar, foi colocado em prática no primeiro semestre de 2011. Após três anos de preparação física e técnica, Canellas passou a integrar um time seleto de apenas 13 brasileiros que realizarem o feito. “Pra mim, significou vencer uma tragédia pessoal. Isso sem contar a série de privações e desafios que encontramos ao longo da jornada da subida em si. Fatos que me ensinaram muito sobre perseverança e estratégia. Isso tudo eu carrego para dentro de minha empresa”, afirma.

Para atingir esse e outros objetivos, Canellas precisou aumentar o tempo dedicado ao esporte, o que não foi ruim para sua empresa de embalagens. “Aprendi a delegar responsabilidades, já que passei a me ausentar com mais frenquência. Isso melhorou o desempenho da empresa, que não é mais tão dependente de mim e passou a agregar melhor os talentos.”

“Um novo olhar sobre a vida” O discurso de motivação e eficiência apregoado pelo empreendedor alpinista é, há anos, o ganha-pão de Rodrigo Reinere, sócio da Grade 6, empresa estabelecida em Campinas e que prepara empresários como Canellas para expedições.

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“Os benefícios que um esporte radical e de superação podem trazer a um empresário são diversos. Cada indivíduo tem seu objetivo com a prática. Mas, de uma forma geral, eles buscam com essas experiências a superação de desafios, o autoconhecimento. Com a privação que uma escalada, por exemplo, pode proporcionar, a pessoa tende a mudar o foco de pensamento. Quando estamos nesses locais ermos, passamos a enxergar a vida por outra perspectiva”, observa Reinere.

Queda livre

Outro que gosta de visualizar o mundo por um ângulo distinto é Rosano Feccomandi, dono de um comércio especializado em radiadores na cidade de Americana, também no interior paulista. Aos 52 anos, ele é adepto do paraquedismo, esporte que começou a praticar aos 24 anos, mas que é uma paixão de infância. Seu pai o levava para assistir no aeroclube de Americana a apresentação de um grupo de paraquedistas, os Canibais.

“Além da paixão pela queda livre, meu pai também deixou pra mim a empresa que hoje eu toco, mas que ele inaugurou no ano em que nasci, em 1959”, afirma.

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Já experiente, tanto em radiadores quanto em saltar de aviões, em 1992 Feccomandi sofreu um acidente durante um pouso. Por descuido, atingiu o chão com velocidade acima do esperado e, assim, fraturou 16 ossos do pé. Fato que o afastou do esporte por 17 anos. Foi quando percebeu a importância que o paraquedismo ocupava em sua vida.

“Eu me afastei completamente. Mas, no íntimo, sentia muita falta. Era como se uma parte importante faltasse dentro de mim. Algo que me completava.”

Feccomandi retornou em 2009 motivado pelo filho, que não só herdou a paixão do pai como deixou o ramo dos radiadores – quebrando o ciclo de uma sucessão naturalmente esperada – e mudou-se para a cidade de Boituva para atuar profissionalmente como instrutor de paraquedismo.

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Desde então, Feccomandi tem por hábito ir de Americana até Boituva aos finais de semana onde faz, por mês, uma média de quatro saltos.

“Algumas pessoas podem olhar e dizer que pular é coisa de louco. Mas tem quem goste. É algo que, para mim, traz benefícios. Não é fácil nosso cotidiano com o trabalho e as obrigações. E quando eu pulo, é como se pendurasse tudo em um cabide”, define.

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