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Empreendedores apontam barreiras a negócios negros além do dinheiro

Na área da capacitação, iniciativas buscam criar um ambiente de permanência sustentável dos profissionais negros no mercado de trabalho e diminuir a desigualdade racial

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Por Julliana Martins e Pablo Santana
Atualização:

Especiais para o Estado

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A visibilidade do ecossistema negro ajuda na autoestima dos empreendedores negros e, a partir do momento em que eles começam a se ver como empresários, conseguem alavancar os resultados de maneira mais efetiva, analisa o cofundador da Diáspora.Black, Antonio Pita.

Foi esse empoderamento que fez com que a Diáspora.Black, plataforma de hospedagens para negros similar ao Airbnb, saísse da posição de acelerada e passasse a apoiar outros empreendimentos, como parte do Afrohub.

“Entendemos que o próximo passo da Diáspora é o fortalecimento do espírito financeiro dentro da comunidade e esse é o mote do black money, que traz diferentes iniciativas atuando para potencializar essa troca econômica”, diz Pita, segundo quem criar ambições nos empreendedores faz com que eles entendam a potência dos seus negócios e busquem novos mercados.

Em Salvador, a 2ª edição do programa da Vale do Dendê, voltada a bares e restaurantes, tem inscrições até 15 de julho. Foto: Alex Dantas

Fundadora e CEO da BlackRocks, Maitê Lourenço concorda que iniciativas como essas ajudam a quebrar uma barreira de desigualdade que vai além do dinheiro. “O acesso ao financiamento esbarra no racismo. Esse crédito está disponível, ele existe e é oferecido para qualquer pessoa, mas a população negra passa pelo crivo do racismo. Como consequência, sempre vão ver os nossos negócios como pequenos, sendo que a gente tem um potencial muito grande.”

Na área da capacitação, iniciativas buscam criar um ambiente de permanência sustentável dos profissionais negros no mercado de trabalho e diminuir a desigualdade racial. O Instituto Identidades do Brasil (ID_BR) desenvolve o programa “Sim à Igualdade Racial” oferecendo bolsas de estudos de inglês em parceria com a Cultura Inglesa, no Rio de Janeiro, e com o CelLep, em São Paulo, e ainda bolsas de MBA e especialização em parceria com a Fundação Dom Cabral.

“A educação é peça-chave na transformação da sociedade, mas precisa estar conectada com o mercado de trabalho. Para tornar o sistema mais saudável e gerir melhor os recursos, a população negra precisa ser considerada enquanto potência de mercado”, afirma a diretora executiva, Luana Génot. “Não queremos deixar mais talentos negros no esquecimento porque todos saímos perdendo.”

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Inscrições abertas

A BlackRocks realiza inscrições até 30 de junho para o IdeiAção Tech, workshop gratuito voltado a afroempreendedores que visa agregar valor aos negócios com o uso de tecnologias como chatbot e inteligência artificial. Será realizado nos dias 13 e 27 de julho, na sede da IBM em São Paulo.

Estão abertas também as inscrições para a primeira edição do “Afrolab para Elas” em Belo Horizonte (MG), realizado de 5 a 10 de julho pelo Instituto Feira Preta.

Em Salvador, a segunda edição do programa de aceleração da Vale do Dendê está com inscrições abertas até 15 de julho. Com foco no mercado de gastronomia, o edital é destinado a bares e restaurantes que atuam na capital baiana.

Já a Afrohub realiza até dezembro 20 workshops gratuitos voltados ao afroempreendedorismo, sendo quatro em São Paulo e 16 distribuídos entre Rio de Janeiro, Porto Alegre, Brasília, Belo Horizonte, Salvador, Recife e Belém.

Os inscritos participarão de painéis voltados para a decodificação de ferramentas e estratégias para o crescimento dos negócios e networking.

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