26 de maio de 2015 | 07h08
O bom momento do surfe brasileiro, potencializado pelo título mundial conquistado por Gabriel Medina no ano passado, tem motivado as redes de lojas especializadas no esporte e impulsionado a expansão desses negócios por meio de franquias. Ainda é difícil calcular o impacto financeiro a ser contabilizado com o novo ídolo, mas é fato que o feito ajuda a criar uma nova geração de praticantes e, claro, de futuros consumidores.
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Em geral, essas lojas não focam apenas no surfe, mas vendem produtos relacionados ao skate e outras modalidades radicais. O público de praticantes é pequeno e minoria entre os clientes, um grupo formado em sua maioria por pessoas que simpatizam com as marcas e, principalmente, com o estilo de vida que esses esportes, em sua essência, representam.
A marca australiana Quiksilver, por exemplo, está presente no Brasil há mais de duas décadas, inicialmente com produtos licenciados. Em 2005, a empresa resolveu assumir a operação com um sócio local e, desde 2013, responde por 100% do negócio para impor um novo ritmo de expansão.
Foram abertas quatro lojas próprias para que elas servissem de modelo para o projeto de expansão por franquias, iniciado há dois meses com a busca de interessados em abrir uma unidade. Só a inauguração das lojas próprias exigiu investimento de pouco mais de R$ 10 milhões.
"O momento que o surfe como competição está vivendo hoje é histórico e nunca teve tanta atenção nas mídias de massa. Em contrapartida, o momento áureo do surfe conflita com o cenário econômico e é difícil mensurar o retorno que a conquista vai trazer para o negócio como um todo", afirma o diretor-geral da marca no País, Gustavo Belloc.
De acordo com o executivo, o objetivo é marcar presença nas principais capitais e cidades do interior. Para este ano, devem ocorrer entre cinco e dez inaugurações. O potencial avaliado pela marca é de 60 lojas em até cinco anos.
A empresa não trabalha com apenas um modelo de loja, mas com formatos variados que podem contemplar até as três marcas do grupo: Quiksilver, Roxy e DC Shoes. O investimento inicial vai de R$ 350 mil, para uma unidade de 40 metros quadrados, até R$ 700 mil para um espaço de 120 metros quadrados. O faturamento médio mensal das unidades pode variar de R$ 1,6 milhão a R$ 3,2 milhões por ano com previsão de retorno entre 32 e 34 meses.
Para evitar confronto com as lojas multimarcas que vendem os produtos Quiksilver, a empresa tem tomado cuidado. "Estamos sendo bem cautelosos na nossa distribuição", diz Belloc. A cautela significa restringir a abertura em algumas praças e também propor a franquia primeiramente para o cliente multimarcas.
A marca brasileira Mormaii também segue em expansão e trabalha com um novo projeto de loja, inspirado em uma casa de praia. "A marca nasceu na praia. Buscamos trazer isso para dentro da loja e sair do formato de 'surf shop'. A marca começou no surfe, mas extrapolou o surfe. A gente fala que a Mormaii é uma marca dos esportes livres", explica Apanati Vicenzi, gerente de marketing da Mormaii da área de franquias.
A Mormaii foi criada pelo médico Marco Aurélio Raymundo, conhecido como Morongo, em Garopaba, Santa Catarina. Como ele sofria com a água gelada, resolveu produzir uma roupa de neoprene para enfrentar o frio na hora de surfar. "A gente fica feliz com o momento que o Brasil está vivendo e esse movimento do surfe é super importante para nós. Percebemos mais crianças entrando nas lojas. O Brasil estava carente de ídolos", afirma Apanati.
Atualmente, a rede tem 27 lojas e planeja fechar o ano com 40 unidades. Abrir uma loja Mormaii exige investimento médio de R$ 500 mil, com retorno em três anos. Na média, uma unidade instalada em shopping fatura de R$ 80 mil a R$ 120 mil por mês.
Multimarcas. Fundada em Porto Alegre, a loja multimarcas Trópico também comemora o bom momento do surfe brasileiro. "Tem toda uma geração enxergando o surfe como alternativa. O efeito econômico na venda ainda é pequeno, mas o efeito visibilidade, o interesse para o início de novos praticantes é significativo e representa um incremento de consumo no médio e longo prazos", diz o diretor de expansão da Trópico, Gustavo Schifino.
No ano passado, já aproveitando o interesse maior pelo esporte, a marca abriu cinco lojas e chegou a 26 unidades. Para este ano, a rede deve chegar a 30 operações no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A expectativa é entrar no Paraná e no Sudeste em 2016. Uma franquia da Trópico custa de R$ 300 mil a R$ 500 mil, com faturamento médio de R$ 1 milhão por ano e prazo de retorno de três a quatro anos.
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