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Educação, cidadania e saúde motivam novos negócios de impacto pelo Brasil

Empreendedorismo de impacto social é tema do segundo dia da #SemanaProPME; evento começa na quinta-feira, 26

Por Felipe Tringoni
Atualização:

Quando se fala de negócios que geram impacto social no Brasil, educação é a área que desponta com mais envolvidos. Segundo a plataforma Pipe.Social, 38% das empresas participantes de seu recente mapeamento do setor têm essa área como seu foco de atuação.

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Danielle Brants é uma das empreendedoras que enxergou potencial de negócios relacionados ao ensino. Em 2014, depois de trabalhar no mercado financeiro, a paulistana procurou sintonizar novas tecnologias a desafios educacionais que requerem soluções inovadoras. E fundou a Guten Educação e Tecnologia, empresa que oferece uma plataforma de leitura para o ensino fundamental com conteúdos interativos para alunos, planos de aula que auxiliam professores e avaliação de competências leitoras.

“Comecei a olhar para negócios que poderiam causar um impacto mais direto na sociedade. Na época, estudei os setores que mais podem mudar o país: saúde e educação. Também ficou claro que quase tudo na nossa vida já mudou por causa da tecnologia e da internet: desde nossa forma de cozinhar até ouvir música. Por que nos educamos ainda da mesma forma?”, questiona Brants.

“Vi a oportunidade para criar uma ferramenta que elevasse os níveis de aprendizagem dos alunos – mais especificamente, a leitura”. De acordo com números do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos) usados pela Guten, dos estudantes brasileiros com 15 anos, 50% não atingem o nível básico em leitura e apenas 0,5% alcança o nível máximo de proficiência.

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“Começamos pilotando o produto em escolas particulares e colhendo feedbacks para aprimorá-lo. Depois disso, passamos a vender para o setor privado e expandir. Em paralelo, atendemos também escolas públicas, oferecendo de forma gratuita e identificando novos problemas, para posteriormente fazer negociações com esse setor”, detalha a empresária, que contou com uma aceleração da Artemisia – organização de fomento de negócios de impacto – ainda em 2014. “Foi fundamental. Dificilmente [investidores] conversariam conosco num estágio tão inicial”. A startup fez então sua abertura de mercado e recebeu uma primeira rodada de investimentos em 2015, com alguns investidores-anjo, a própria Artemisia e um outro fundo internacional.

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Atualmente, 66 escolas de todo o Brasil (30 do sistema público) utilizam a plataforma com cerca de 36 mil alunos. Neste momento, a Guten foca suas atenções no próximo ano letivo. “As escolas geralmente se planejam no fim do ano e compram a plataforma entre novembro e janeiro. Nossa meta para 2018 é quadruplicar a quantidade de escolas por todo o Brasil. Já passamos pela validação do mercado e estamos em estágio de expansão rápida”.

Uma solução para reformas

Ainda de acordo com os números do Mapa de Negócios de Impacto Social + Ambiental da Pipe.Social, além da educação, também têm destaque no cenário brasileiro iniciativas em tecnologias verdes (23%), cidadania (12%), saúde (10%), finanças sociais (9%) e cidades (8%). Transitando por essas áreas, o Programa Vivenda realiza reformas de baixo custo no Jardim Ibirapuera (Zona Sul de São Paulo) e no Jardim Lapena (Zona Leste).

Os kits são voltados para banheiro, cozinha, área de serviço, sala e quarto. Custam até R$ 5 mil, podem ser pagos em até 30 parcelas, com entrega feita em até 10 dias, e foram formatados para resolver problemas como falta de ventilação, luminosidade e umidade. “Vimos muitas pessoas que moravam em situação inadequada, com reformas feitas na raça, de um jeito inconveniente”, diz Fernando Assad, que encontrou seus sócios Igiano Lima e Marcelo Coelho num programa de urbanização de favelas da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Social e Urbano) em 2009. “A grande ficha da Vivenda caiu lá, por conta dessa convivência na comunidade e da importância que vimos nas reformas. Pra nós era uma premissa: construir juntos algo que causasse transformação”.

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O trio começou a trabalhar na ideia da startup no Jardim Ibirapuera junto de uma ONG. “Nos propusemos a entender os problemas e conceber juntos um projeto. Eles nos colocaram em contato com cinco famílias e ajudaram a construir o modelo de negócio e operação no segundo semestre de 2012”, segundo Assad.

Assim como a Guten, a Vivenda também passou pela aceleração da Artemisia, que auxiliou a refinar o modelo de negócio e dar início à operação de fato, colocando a empresa no mercado. “Depois disso, no segundo semestre de 2013, fomos atrás de dinheiro para operar mesmo em abril de 2014”.

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Esse primeiro ano serviu para validar os produtos. Posteriormente, começaram a pensar em itens como estruturas de financiamento para os clientes. “São raríssimas as opções para financiar as compras do consumidor de baixa renda. Quando conseguimos destravar isso, começamos a pensar no movimento de expansão”, explica o empreendedor, revelando que a empresa está fechando um novo modelo neste mês de outubro. “Estamos num momento de retomar as vendas e começar a pensar as outras deficiências para abrir novas lojas. Já recebemos demanda de todo o país”.

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