
25 de novembro de 2015 | 10h02
Um elefante incomoda muita gente. E, no caso da editora Pipoca Press, isso se transformou na alavanca para o começo de um negócio. Quando decidiram lançar o primeiro volume da série ‘Um elefante incomoda’, os designers gráficos Pedro Lima e Manon Bourgeade encontraram dificuldades para identificar qual seria o selo mais adequado à obra, um livro de carimbos. A saída encontrada pela dupla foi, então, começar a própria empresa.
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Com quatro anos de atuação, a Pipoca Press faz parte de um grupo de pequenas editoras que decidiram manter a independência para diversificar o leque de publicações. A Liga Brasileira de Editoras (Libre), organização que reúne esse tipo de negócio em todo o País, contabiliza 118 empresas, número que tende a ser maior se consideradas, também, as iniciativas de porte ainda menor.
Além de livros, grande parte desses editores seleciona também quadrinhos, fanzines, revistas e até mesmo pôsteres diferentes. E nem adianta o interessado procurar por essas publicações nas lojas das livrarias tradicionais instaladas em shoppings e locais de grande circulação. O e-commerce e o corpo a corpo determinam a chegada desses produtos ao público.
“A liberdade que oferecemos para os escritores é muito atraente. Cada vez mais autores procuram outros caminhos, querem um contato mais direto com o público”, conta Pedro. As feiras literárias independentes das quais sua empresa participa rendem um faturamento de R$ 3 mil por fim de semana de evento. “Há um movimento intenso nas feiras, e das feiras para lojas, galerias e oficinas. Temos crescido de maneira contínua”, comemora.
Já o ambiente de trabalho de Eduardo Lacerda, editor e fundador da Patuá, é sua própria casa, na zona leste de São Paulo. Na companhia de dois gatos, Lacerda recebe 150 originais todos os meses e consegue preparar, publicar e comercializar, em média, dez.
Como único funcionário de sua própria empresa e um catálogo com 330 títulos publicados, vários deles contemplados por prêmios como o São Paulo de Literatura e o Portugal Telecom, Lacerda começa a colher os frutos da Patuá, que deu prejuízo no primeiro ano de atuação, se pagou no segundo e quer faturar R$ 200 mil até o fim deste ano.
A estratégia para o crescimento é desviar das grandes livrarias, que chegam a abocanhar 50% do preço de capa das obras, e participar de saraus, festas literárias e outros eventos estratégicos. Nos lançamentos da Patuá, o empresário costuma fazer uma espécie de ponte entre os autores que publica para, assim, criar um ecossistema fortalecido entre escritores independentes, o que por sua vez fomenta a produção. Para Lacerda, manter a proximidade com os clientes também é fundamental para a sua sobrevivência. “Não vender em livrarias mantém a saúde financeira da empresa. Não é que a editora não quer vender livros e não quer ser comercial. Pelo contrário, dependemos das vendas”, explica.
Dessa forma, a meta de Eduardo para 2016 é conseguir publicar 15 livros por mês, mesmo que isso implique na contratação de pelo menos um assistente. “Uma coisa que aprendi é trabalhar com uma estrutura enxuta. Meus gastos fixos hoje são aluguel, internet e contador”, analisa o empreendedor.
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