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É mais fácil e barato abrir empresa em Nova York do que em SP, dizem sócios de Fashion.me

Pouca burocracia e, acredite, até aluguel acessível em ponto nobre de Manhattan pegaram de surpresa os sócios Flavio Pripas e Renato Steinberg

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Por Vanessa Beltrão
Atualização:

Com 1 milhão de usuários, site com versão em inglês e aporte financeiro de investidor internacional, os fundadores da rede social de moda Fashion.me acharam que o ano de 2012 seria propício para sua estreia internacional. Escolheram os Estados Unidos para esse processo. E, no fim das contas, ficaram surpreendidos com o resultado.

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"A gente descobriu que é mais rápido e mais barato ter uma empresa em Nova York do que aqui, em São Paulo", afirma Renato Steinberg, que ao lado do sócio Flavio Pripas participou do 3º Encontro Estadão PME, na segunda semana de outubro.

E por "mais rápido" e, principalmente, "mais barato", os dois fazem questão de ressaltar que não escolheram qualquer lugar para a subsidiária norte-americana do negócio fundado em São Paulo, há quatro anos. "Estamos em Nova York, em plena Sétima Avenida, perto da Times Square", afirma Pripas, que além do aluguel mais acessível, conta que precisou de dois dias para abrir a empresa. "No Brasil, foram quatro meses", destaca.

Todo esse processo de internacionalização da Fashion.me é apenas um reflexo das mudanças profissionais que começaram de forma bem despretensiosa na vida dos dois empresários.  Profissionais envolvidos com tecnologia para o mercado financeiro, os amigos particulares decidiram unir forças empreendedoras ao identificar um interesse comum em suas esposas: abrir uma loja de roupas.

Na época, em 2008, por conta dos custos envolvidos, os casais decidiram começar o negócio pela internet. “Seria uma oportunidade de treinar e para as esposas, um passatempo. A verdade é que não estávamos levando a sério. A gente estava bem da nossa maneira e os dois não queriam gastar dinheiro”, lembrou Flavio Pripas.

O site entrou no ar com o nome de byMK, iniciais de Marcela, mulher de Flavio, e Karen, casada com Renato. Além de falar sobre moda, uma ferramenta foi criada para que o próprio usuário pudesse gerar conteúdo: encontrar uma peça de roupa, combinar com outras, publicar isso na web e assim criar uma identidade virtual.

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Segundo Pripas, a mudança de patamar aconteceu ainda em 2008, quando todo mundo começou a falar em rede social no Brasil e no mundo. “Percebemos sem querer que tínhamos criado uma”, completou.

O negócio cresceu e o site passou a ter cada vez mais acessos. Por isso, em abril de 2009, a dupla tomou a decisão de largar seus empregos para se dedicar ao projeto. Além da mudança profissional, houve também a troca do nome. Nascia o Fashion.me.

De acordo com Renato Steinberg, a inovação do projeto, o objetivo de tornar-se global e o interesse em focar ainda mais na conversa sobre moda impulsionaram essa mudança.

“Existem poucos concorrentes no mundo, ninguém muito consolidado, e a gente acha que é um mercado grande o suficiente, assim como o LinkedIn é para os profissionais”, afirmou Steinberg, mencionando a famosa rede social profissional.

A mudança de nome, no entanto, trouxe pequenos problemas, afinal, alguns usuários deixaram a rede social com as alterações promovidas, inclusive, no layout da nova plataforma.

Tradução. Para Renato Steinberg, o que o Fashion.me fez foi traduzir uma conversa que já existia no mundo offline para o online. “Moda é uma coisa muito social, as meninas vão ao shopping e conversam o tempo inteiro se a bolsa combina com o sapato”, comentou.

Hoje a rede já tem uma versão em inglês. Por isso, neste ano, a marca abriu um escritório na cidade de Nova York.

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Cultura. A expansão para o exterior possibilitou a dupla de empresários criar uma percepção sobre as diferenças entre os usuários. “O brasileiro faz amizade muito fácil, consegue conversar com alguém que nunca viu na vida e chamar de amigo. O americano quer se relacionar com as pessoas que ele conhece. Esse tipo de diferença é algo que a gente está começando a modelar dentro da nossa rede social”, afirmou Renato.

O processo de internacionalização da marca, conforme revelou a dupla, também foi possível porque eles receberam este ano um aporte da Intel Capital, braço de investimentos da multinacional Intel.

Contando a história do Fashion.me, Renato e Flavio revelaram que um dos segredos para uma empresa na internet funcionar é evitar a todo custo um planejamento engessado. As amarras, segundo eles, podem impedir o negócio de adaptar-se a um mercado em evolução.

Dessa maneira, um dos desafios do Fashion.me é adaptar-se a popularização dos tablets e smartphones. “A experiência e o engajamento que a gente traz para as pessoas têm que estar disponíveis em todos os lugares”, analisou Flavio.

Outro desafio da empresa – e de todos os negócios de uma maneira ou de outra envolvidos com o mundo digital – é a capacidade de transformar boas ideias em dinheiro. “As redes sociais são difíceis de serem monetizadas. Existe uma dificuldade de gerar receita que não seja por anúncios”, afirmou o coordenador do Núcleo de Estudos e Negócios em Marketing Digital da ESPM, Pedro Waengertner.

 
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