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Drinque na garrafa expande para prateleiras de empórios

Antes só apreciado em balcão de bar, gim tônica engarrafado ganha mercado em São Paulo e no Rio

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Por Ana Paula Boni
Atualização:

Na falta de um bartender, um gim tônica agora também pode sair das prateleiras do supermercado, num movimento que já vinha se consolidando lá fora e ganha corpo no Brasil. Há pouco mais de um mês, durante o carnaval, duas marcas de gim tônica na garrafa tomaram as ruas, ou melhor, os copos de paulistanos e cariocas.

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Além da paulistana Easy Booze e da carioca Ginz, outros empreendedores engrossam o filão do drinque pronto para levar. É o caso da Babuxca, marca criada em 2016 e que planeja iniciar exportação neste ano, e da Kiro, marca de bebida não alcoólica que vem apostando em parcerias com destilados para abocanhar o público.

A Easy Booze nasceu da ideia dos meio-irmãos Luiz Felipe Bordon e George Affonso Ferreira, que queriam empreender com coquetel e, depois de abandonar a ideia da michelada (receita mexicana que leva cerveja, limão e temperos), chegaram à mistura de gim com tônica. A eles se juntaram Luiz Otávio Carvalho, que fez todo o branding da marca ao longo do ano passado, e Pedro Tavares de Almeida, que trouxe a expertise do mundo das bebidas.

Pedro também dá expediente na empresa da família, o grupo da cachaça Velho Barreiro e outras bebidas, como o gim Bara, lançado no ano passado. Como já havia criado a tônica premium St Pierre, desde o fim de 2017 no mercado, conseguiu trazer receita e escala industrial para o negócio Easy Booze.

Os sócios da Easy Booze (a partir da esq.) Pedro Tavares de Almeida, Luiz Otávio Carvalho, Luiz Felipe Bordon (ao fundo) e George Affonso Ferreira. Foto: Foto: Werther Santana/Estadão

Depois de lançarem a gim tônica tradicional, que é encontrada em empórios como Casa Santa Luzia, Quitanda, Varanda e entra em breve numa grande rede de supermercados, agora estão na produção da gim tônica zero e da ginger gim (ginger ale, bebida à base de gengibre, misturada a gim). Em fase de estudos está o spritz (em alusão à bebida aperol spritz, que leva bitter e espumante).

A ideia é vender no primeiro ano de empresa 30 mil caixas (cada um com 12 garrafas de 210 ml, a preço médio R$ 15) e faturar em torno de R$ 5 milhões. Além da expertise de Pedro no ramo das bebidas, o grupo acumula outras experiências: Bordon é sócio do restaurante Tetto, e George é cofundador do aplicativo de limpeza Parafuzo.

No caso da Ginz, o carioca Pedro Kacowicz partiu (sozinho) de uma receita desenvolvida dentro de casa, com aparatos domésticos, para chegar ao gim tônica vendido em cerca de 20 pontos no Rio. Ele foca em lanchonetes e restaurantes que não tenham bartender para preparar o drinque na hora.

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Para escalar o negócio, reproduz a receita em parque industrial no interior de São Paulo, ao estilo cigano, famoso no negócio das cervejarias artesanais. Ele projeta uma produção de 550 mil litros em três anos, para faturar R$ 10 milhões. 

Gim tônica da marca carioca Ginz. Foto: Foto: Pedro Kacowicz

A Babuxca, que foi criada há três anos em São Paulo, também está no momento de fazer as contas na casa do milhão. Fundada por três amigos, Marcelo Ajzen, Carolina Mentlik e Daniel Chinzon, faturou no último ano em torno de R$ 600 mil vendendo pelo Brasil três receitas de coquetel que levam cachaça e mel como base, além de fruta (limão, tangerina ou frutas vermelhas).

Mas a marca acabou de receber na sociedade Pedro Tavares (o mesmo da Easy Booze) e está vendo as possibilidades de escala crescerem e o faturamento mais do que dobrar. Como possui acesso a parque industrial, Pedro traz celeridade e baixo custo à produção, que hoje é terceirizada em etapas no interior de São Paulo.

“O mercado de cachaça hoje é muito tradicional e não tem tanto apelo com os jovens. A Babuxca vem tentando mudar isso. E agora a gente tem um produto de cachaça, que é o mercado que Pedro conhece, e do público jovem, que ele alcança com o gim e outras bebidas”, avalia Daniel.

Garrafas da Babuxca, coquetel que leva cachaça, mel e fruta (limão, tangerina ou frutas vermelhas) Foto: Foto: Divulgação

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Outros players

Nessa dança das bebidas, a Kiro (marca de switchel, bebida não alcoólica que combina mel, vinagre de maçã e gengibre) também apostou fichas nos destilados. Criada em 2017, a marca – fruto da sociedade entre Roberto Meirelles, Leeward Wang e Lena Mattar – fez uma parceria no carnaval do ano passado com o gim Virga, e depois na Copa da Rússia com a vodca Tiiv.

No último ano-novo, experimentou um lote com a cachaça Água Branca, da Catimba, e durante o carnaval foi a vez do gim Easy Booze (mistura que ainda pode ser encontrada em pontos da cidade). Agora, os sócios estudam se as parcerias podem virar negócio permanente.

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Um dos pioneiros em coquetéis engarrafados, o bartender Ale D’Agostino também promete novidade. Ale, que abriu o bar Apothek há dois anos como extensão da sua marca de drinques, agora estuda usar um galpão industrial para escalar a produção.

Ele começou com negroni, old fashioned e boulevardier e hoje vende garrafas de negroni, negroni com jerez e dry martini, somando cerca de 100 garrafas por mês.

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