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Doceiras disputam Páscoa com supermercado

Segundo a Abicab, crise deve ajudar fabricante de ovos artesanais a ganhar mercado frente às opções industrializadas

Por Vivian Codogno
Atualização:

Em um momento em que o preço do cacau é influenciado pela alta do dólar no Brasil, surge uma oportunidade para as docerias que confeccionam ovos artesanais de chocolate. Para conquistar os clientes que estão assustados com os preços praticados nos supermercados, esses microempreendedores apostam na sofisticação de seus produtos para atrair clientes.

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A Abicab, associação que reúne os produtores de chocolates e confeitos no País, não tem uma estimativa da fatia das docerias artesanais no mercado brasileiro. O presidente da entidade, Ubiracy Fonseca, acredita, no entanto, que o segmento está deverá passar por um período de expansão. “São produtos diferenciados, que buscam ganhar um nicho de mercado com um conceito que envolve embalagem, modelo e forma alternativos. Existe um consumidor procurando por isso.”

O mercado de ovos artesanais cresce, segundo Fonseca, calcado em marcas de pequeno porte. No ano passado, o País produziu 19,7 mil toneladas de chocolate para a Páscoa – o que corresponde a 80 milhões de ovos –, aponta a Abicab.

‘Gourmet’. A doceira Marlene Glinkoski Silveira começou, ainda no ano passado, a migrar sua produção do produto comum para o “gourmet” – confeccionado, na maior parte das vezes, com chocolate belga.

Ao estabelecer uma margem de 30% em relação aos custos com matéria-prima e embalagem, ela vem conseguindo, apesar do real desvalorizado, manter-se competitiva em relação aos ovos industrializados.

A empreendedora Regina Nevoni Ferreira também investiu na qualidade dos ingredientes, apesar da retração da economia. “Há uma mudança de hábito do consumidor. Minha produção é exclusivamente personalizada, com um nível bacana que o cliente reconhece”, explica Regina, que pretende vender 500 ovos nesta Páscoa cobrando R$ 80 o quilo, em média.

O preço, porém, pode aumentar de acordo com o acabamento exigido pelo consumidor. “O acabamento mais simples que produzo é com amêndoas. É daí para cima.”

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Segundo Marlene, no entanto, mesmo com o esforço para segurar a alta de preços, a crise teve efeitos sobre seu negócio. Os pedidos, este ano, demoraram bem mais a chegar. Geralmente, faço meu estoque de insumos entre novembro e dezembro. Dessa vez, decidi comprar apenas em fevereiro”, explica a doceira, que cobra R$ 17,50 por um ovo simples de chocolate ao leite de 250 gramas. Já um recheado, feito para comer de colher, com o mesmo peso, sai por R$ 40, em média.

‘Transformadoras’. Na distribuidora de chocolates Bondinho, o movimento aumenta cerca de 30% nas semanas que antecedem à Páscoa. As “transformadoras” – como o proprietário do negócio, Cadu Heilberg, define as pequenas empresárias – são as responsáveis por manter os corredores cheios.

“Os ovos sobem de preço no supermercado, e as produtoras home made criam diferenciais para se destacar, mantendo a margem alta. Isso vai mudar o conceito de ovos de Páscoa”, diz o empresário.

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