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Depois da aposentadoria, o sonho de abrir o negócio próprio

Conheça histórias de quem abriu mão da tranquilidade pelo desafio de comandar uma pequena empresa

Por Renato Jakitas
Atualização:

 Filha de italianos, a juíza aposentada Vera Damaso cresceu em torno de mesas fartas. E a imagem da família – pais, tias e avós – pilotando um fogão nunca a abandonou. Talvez por isso não surpreenda o fato de que ao abrir mão da toga que vestiu por décadas, Vera optou pelo avental e não o pijama; por panelas e pratos cheios em vez da tarde calma no clube.

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Aos 56 anos, ela comanda há dois o restaurante Zéffiro em São Paulo. Vera montou o negócio em apenas três meses, assim que se deu conta de que a aposentadoria estava chegando. “Um dia parei para refletir e disse: ‘nossa, eu vou me aposentar daqui a alguns meses’”, lembra a empreendedora. “Acho que trabalhava tanto que nem percebi como o tempo passava. Foi quando resolvi que era hora de realizar meu sonho.” ::: Estadão PME nas redes sociais ::: :: Twitter :: :: Facebook :: :: Google + :: Não desfrutar da calmaria a que tem direito uma ex-magistrada com 34 anos de carreira pode soar muito estranho para alguns. No entanto, o caso de Vera não é tão esporádico assim, segundo apontamentos de Pedro Gonçalvez, analista do Sebrae. Ele é responsável por uma pesquisa que monitora a abertura de empresas no estado de São Paulo a partir da faixa etária de seus fundadores.

Gonçalvez é preciso ao afirmar que muita gente opta pelo empreendedorismo após a aposentadoria. “Em São Paulo, 13% dos novos negócios têm sócios com idade acima dos 50 anos”, diz. “São aposentados ou quem está perto de se aposentar.”

Para o consultor, esses profissionais chegam ao mercado em pé de igualdade com a faixa etária predominante no empreendedorismo – pessoas com idades entre 25 e 39 anos (que respondem por 50% das novas empresas). “Chama nossa atenção a competitividade dos mais velhos, que não parecem perder para os mais novos. O número de empresas abertas e fechadas por eles é, proporcionalmente, o mesmo que verifica-se entre os jovens”, destaca o consultor.

De fato, cogitar a hipótese de falhar é impensável para o ex-metalúrgico Antonio Neves Luna. Ele aposentou-se da função de reparador de veículos na Volkswagen em 2008, quando tinha 47 anos. Estava na empresa alemã desde os 25 anos e, assim que saiu, começou a analisar oportunidades de novos negócios para empreender. Luna sentia-se com energia e não pretendia ficar em casa parado de jeito nenhum. “Eu estou novo e, enquanto der e tiver saúde, vou trabalhar”, diz.

A oportunidade para não ficar parado veio do filho, que tinha concluído um curso de inglês em uma unidade da rede de idiomas CNA. “Ele vivia me falando da empresa, que seria legal montar uma franquia. Um dia fui lá conhecer e gostei.”

Luna investiu R$ 200 mil no negócio em 2010, exatamente a quantia que recebeu em virtude da aposentadoria. O ex-metalúrgico diz que ficou assustado pois o montante era “o dinheiro de toda uma vida”. Mas, passado o susto inicial, criou coragem e foi em frente.

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“Fiz a melhor coisa que poderia ter feito. Tivemos algumas dificuldades no começo, principalmente com funcionários. Mas isso já está resolvido e agora o negócio está nos trilhos”, afirma Luna, que conta com 450 alunos. “Quero continuar, vou trabalhar para crescer aqui e, daqui para a frente, expandir. Nós vamos ter outra escola, você vai ver”, conclui.

 
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