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Crise muda o perfil das startups

Para empreender durante a retração econômica é preciso amadurecer o projeto e inovar na execução

Por Vivian Codogno
Atualização:

Quando a crise aperta, boas ideias não são o bastante para formatar negócios eficientes. Empreender em tempos de retração pode ser, para muitos, uma alternativa para escapar do risco do desemprego, porém, a inovação precisa estar na execução do projeto.

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Um estudo organizado pela escola de negócios da Fundação Dom Cabral indicava, em 2014, que 75% das startups não completavam 13 anos de existência – cerca de 25% das iniciativas empreendedoras do tipo no Brasil sequer completam 12 meses de vida.

Para Pedro Waengertner, CEO da aceleradora de startups Aceleratech, o capital inicial para abrir uma empresa ficou, com a crise, mais precioso para o empreendedor brasileiro. Com isso, é possível notar um aprimoramento do projeto antes de colocá-lo no mercado, o que é, na opinião do empresário, uma das mudanças mais significativas que a retração econômica trouxe para o ecossistema de startups no Brasil.

“Antes, a pessoa chegava munida apenas com a sacada genial. Hoje, a educação empreendedora, mesmo que informal, faz parte do plano de negócios”, pontua Waengertner. “A ideia genial faz o empreendedor se desiludir muito. Geralmente, ela não sobrevive à interação com o cliente”, avalia.

A aceleradora de Pedro recebeu, em 2015, o dobro das inscrições de startups em relação ao ano passado. Ao todo, 30 empresas passaram, ao longo do ano, pelo processo oferecido pela Aceleratech. A idade média dos empreendedores à frente das startups também vem mudando. Em sua maioria, os negócios são liderados por pessoas entre 35 e 45 anos, o que reforça a tese de que as pessoas estão buscando experiência no mercado tradicional antes de empreender.

Apesar desse respaldo, Pedro pontua que a captação de investimentos para esse tipo de negócio pode ficar mais difícil por causa da crise. “Se chegarmos até o meio de 2016 nesse ambiente, o cenário pode degringolar e o impacto maior virá para os investimentos. Quem investe em startups aposta em um retorno em até dez anos. Mas a fé tem limites.”

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Lá fora. O vice-presidente da Standford Angels, organização de investidores-anjo ligada à Universidade de Stanford, no Vale do Silício, Marcelo Manjon, avalia que o capital de risco estrangeiro tende a fugir de países instáveis do ponto de vista econômico e político, como é o caso do Brasil. “Os últimos acontecimentos acabam deixando os fundos com apetite menor para investir. O risco é muito maior no Brasil.

Por aqui, a liquidez é muito maior”, avalia Manjon. O investidor, que apesar de brasileiro vive nos Estados Unidos, chama a atenção para uma cultura comum no Vale do Silício e que tende a se estabelecer aos poucos no Brasil caso a crise perdure. Trata-se da boa relação com o fracasso. Empresários que já falharam em algum momento são, muitas vezes, mais valorizados por lá. “Ele não tem aquele deslumbramento. Novos negócios são para poucos. Quando recebemos algum empreendedor que já esteve envolvido em outra startup, mesmo que não tenha obtido sucesso, tem um peso ainda maior”, pontua Manjon.

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