16 de janeiro de 2015 | 07h05
A vida de quem empreende no Brasil já não é fácil com tanta burocracia e altos impostos. E para piorar o cenário, o empreendedor ainda precisa lidar com a falta de água e de energia em diversos pontos da cidade de São Paulo, problemas que têm afetado o faturamento das empresas e deixado os empresários apreensivos.
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"Estamos assustados", disse o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-SP), Percival Maricato. Ele conta que desde março de 2014 a associação já procurava chamar a atenção para problema de falta d´água. "Sem água o restaurante não funciona. A água é fundamental para a limpeza, para cozinhar, para higiene. É trágico para o setor. Estamos preocupados", afirmou.
Em relação à falta de energia, o presidente da associação pontua que os empresários entendem que catástrofes acontecem, mas as reclamações se referem à demora para solução do problema."Tem que ter uma política de crise. A energia é fundamental", afirma.
O proprietário da Quick Pizza, Roberto Rodrigues Junior, convive com a falta de água há pelo menos dois meses, no bairro do Morumbi. Dia sim, dia não a região fica sem água a partir das 17h30. E na madrugada desta quinta-feira, 15, a pizzaria ficou sem energia das 2h às 11h. "É muito ruim não saber o que te espera no seu horário de trabalho. A perspectiva é só negativa e com muito medo", disse.
O empresário toma uma série de medidas para economizar água: utiliza pano em vez de lavar o salão, comprou uma máquina de pressão que utiliza menos água e colocou garrafas dentro das caixas do vaso sanitário para reduzir o consumo, por exemplo.
Outra alternativa foi comprar uma máquina de café de cápsulas, já que a outra máquina precisa da pressão da água da rede para funcionar. Com a falta de água, ele perdia a venda de café. O proprietário ainda reclama do serviço de internet. "Tenho aqui dois serviços de internet para trabalhar. Hora com uma, hora com outra", contou.
Indústria. A situação também não é animadora para as micro e pequenas indústrias. De acordo com o presidente do sindicato do setor, o Simpi, Joseph Couri, a crise hídrica afeta diretamente, com mais gravidade, as indústrias que utilizam a água como matéria-prima na produção, como empresas de cosméticos e do setor de alimentação.
Quando se fala em falta de energia, o problema é ainda mais grave. "Sem energia a indústria não produz absolutamente nada. A empresa para e cria perdas financeiras irreparáveis", afirma. Aliado a esse cenário, Couri também se preocupa com os reajustes constantes na tarifa de energia, o que pode levar a uma crise financeira grave para as empresas.
"É muito mais grave a falta de energia do que a falta de água. A falta de energia é mortal. A falta de água interrompe a produção de determinadas empresas. A falta de energia interrompe o suprimento de todas as empresas", destacou Couri.
Recomendações. Para o presidente do Conselho de Sustentabilidade da FecomercioSP e professor da USP, José Goldemberg, o problema da falta d´água que atingiu os pequenos negócios ainda não é tão grave. "O problema é se a situação se agravar", opinou. Há dois meses a FecomercioSP começou a distribuir uma cartilha com dicas para economizar água. É possível fazer o download do material em: http://www.fecomercio.com.br/PublicacoesCartilhas
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