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Crise atinge estrangeiros no Brasil

Empreendedores que chegaram ao País durante o ‘milagre de 2010’ conhecem os dissabores atuais

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Por Vivian Codogno
Atualização:

Em São Paulo são onze e vinte da manhã. Em Pequim, dez e vinte da noite. Por Skype da capital chinesa, o norte-americano Alex Tabor não parece sentir os efeitos do cansaço após sucessivas rodadas de conversas com investidores daquele país. Com bom humor apesar do horário, o empresário começa a entrevista com um alerta: “Brazil is not for beginners”.

Alex Tabor, presidente executivo do Peixe Urbano, seguirá na empresa Foto: Divulgação

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Acostumado com a peregrinação em busca de novas propostas de negócios, Tabor é o atual CEO do Peixe Urbano, lembrado como portal pioneiro em compras coletivas no Brasil. Criado entre os Estados Unidos e a Ásia, Alex está entre os empreendedores que escolheram o Brasil para começar um negócio quando o País era visto pelo mundo como a bola da vez para investimentos. 

Em 2010, os elevados índices de consumo atraíram o empresário quando o e-commerce ainda era incipiente por aqui. Acostumado com o modelo de empreendedorismo do Vale do Silício, Tabor enfrenta há quase dois anos a sua primeira recessão econômica como empreendedor. “A China havia puxado o valor das commodities para cima e isso fez com que 2010 fosse um ano muito bom para o Brasil”, relembra. 

Mas logo a saturação no consumo veio e, em 2013, o Peixe Urbano deixou de ser uma fonte inesgotável de faturamento. A proposta de compras coletivas foi então reformulada e hoje o negócio tenta retomar o crescimento como um portal de marketing online para empresas. “É um modelo muito mais bem recebido em um momento de dificuldade econômica”, comenta Alex.

A perspectiva da prosperidade também atraiu o alemão Kai Schoppen, investidor anjo que chegou ao Brasil para liderar o site Bransdclub. “Em 2010 o mercado estava crescendo muito e tinha uma carência grande de profissionais com expertise para e-commerce. Cheguei em meio a esse movimento”, lembra o empresário. No mesmo ano, o Brandsclub foi incorporado ao gigante Buscapé e Schoppen partiu para a Infracommerce, empresa que oferece soluções de tecnologia para comércios eletrônicos. “Estava muito fácil para conseguir encontrar capital de risco no Brasil. Hoje preciso falar com 20, 30 fundos para captar investimento”, conta. “Há uma dor de barriga do venture capital com o Brasil. Esse capital de risco praticamente secou”, lamenta Schoppen. 

A razão para isso, na concepção do empresário, é o ambiente macroeconômico deteriorado. “O investidor está olhando China, Índia, África do Sul, Vietnã, Cingapura. Nesses países, o e-commerce cresce em média 25% ao ano. Aqui, a previsão é de 10%”, analisa.

Imagem. Vindo de Madri também em 2010, o country manager da empresa de marketing digital zenox, Rodrigo Genoveze, teme que a imagem negativa associada à retração na economia e à instabilidade política afastem ainda mais o empresário ‘gringo’. “O Brasil era aquela potência futura. Era estratégico estar aqui. Agora, o mercado não entende o cenário de corrupção que cresce a cada dia”, comenta. O conglomerado responsável pela zenox desistiu, em 2013, de importar outras três empresas de mídia para o País.

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