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Criação de abelhas é a bola da vez na economia de Franca, no interior de SP

Cidade aposta agora na meliponicultura, que permite produzir mel e própolis até dentro de casa

Por Renê Moreira
Atualização:

A criação de abelhas para a produção de mel, própolis e pólen deixou de ser um hobby em Franca para se tornar uma atividade lucrativa para muitos. Os primeiros criadores surgiram há pouco mais de dois anos e hoje já contabilizam uma produção anual em torno de 20 toneladas de mel – movimentando a economia local em R$ 300 mil. Pode parecer pouco, mas para a prefeitura é um mercado promissor, principalmente porque já há fila de espera nos cursos de aprendizagem.

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O grande problema é que a apicultura exige alguns cuidados e investimentos, já que abelhas não podem ser criadas em casa.Assim, muitos que aprendem a atividade acabam por não entrar no mercado por conta das dificuldades: roupas apropriadas e produção distante de áreas urbanas. Mas isso começa a mudar com o surgimento dos primeiros meliponicultores.

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O nome pode parecer estranho, mas a meliponicultura nada mais é do que a criação de abelhas da espécie melipona (sem ferrão). Ao contrário das apismelifera (com ferrão), elas podem ser criadas até mesmo dentro de casa. É o que faz o biólogo Célio Augusto Rodrigues. Ele é um dos dez meliponicultores de Franca e cria três colônias de abelhas dentro de seu apartamento, no Residencial Ecoville.

Rodrigues conta que a atividade é bem recente no Brasil, surgiu há dez anos. E que das 200 espécies de abelhas sem ferrão que existem no País, apenas 20 podem ser usadas para a produção de mel. Isso ocorre porque muitos insetos não formam colônias e, por isso, não produzem. Além disso, não é possível ainda extrair dessas colônias o pólen, apenas mel e própolis.

O biólogo Célio Rodrigues hoje produz apenas para consumo próprio, mas não vê problema em transformar a atividade em negócio. Mesmo porque, se o pólen ainda não pode ser explorado, o comércio de colônias de abelhas é bem rentável. Como muitas estão em extinção, aproveitar a rápida reprodução garante a venda de cada colônia por até R$ 600.

O Abelha Brasil, maior produtor de Franca, tem hoje mais de 400 colônias. Por sinal, uma das diferenças dessas abelhas está justamente nas colônias, formadas com no máximo dois mil insetos (bem menos que os 10 mil que chegam a ter as colmeias de abelhas com ferrão). A produção também exige alguns cuidados específicos, como a pasteurização do mel. Mesmo assim, Célio Rodrigues garante que vale a pena manter a produção no apartamento. “Não atrapalha em nada.”. 

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ApiculturaAo contrário da meliponicultura, que começa a ganhar espaço na cidade, a apicultura já faz parte da economia de Franca. Hoje já existem mais de 30 produtores, alguns inclusive com venda para todo o Brasil e até exterior. Uma das empresas do ramo, a Ana Clara, produz em média quatro toneladas de mel por ano. Outras também já se destacam no mercado nacional, como a Fauna & Flora.

Motivados pelo sucesso dessas empresas, surgem novos empreendedores. É o caso de Maurício Costa. Após ficar desempregado, ele decidiu iniciar suas atividades no segmento. Todos os dias, gratuitamente, ele retira enxames de casas, árvores e postes. Os insetos capturados vão para seu apiário, hoje composto por 15 caixas de produção. Das colméias ele retira pólen, mel e própolis para vender.  Ele conta que recebe mais de dez chamadas por semana, mas que em alguns casos, quando chega no local, a colmeia já foi queimada. “Muita gente põe fogo por não saber o que fazer.”

Costa não diz quanto ganha com o novo trabalho, mas garante ser o suficiente para levar uma vida razoável.  Atualmente, o quilo do mel no mercado atacado chega a ser vendido por R$ 8, enquanto no varejo pode custar R$ 18. No caso das abelhas sem ferrão, ele é ainda mais caro e pode valer até R$ 70 o quilo. “Dia desses, tirei dez quilos de mel no Jardim Aeroporto”, conta o apicultor, referindo-se a um bairro de Franca.

Projeto PilotoPara orientar os novos criadores e desenvolver cursos na área, a prefeitura de Franca desenvolve colônias e colméias no Parque de Exposições Fernando Costa. Lá, os interessados podem ter aulas práticas e aprender o ofício. Os cursos têm sido realizados com frequência e o próximo deles, de meliponicultura, acontece em outubro. Sem contar a rentabilidade, a criação de abelhas é fundamental para a natureza.

Esses insetos são os responsáveis por 90% da polinização  - troca de gametas das flores. Os outros 10% ficam a cargo do vento e do beija-flor. “Com abelhas toda a produtividade aumenta, mas sem elas algumas culturas nem existiriam, caso das plantações de pera, maçã e abóbora”, lembra o biólogo Célio Rodrigues enquanto convive com suas novas amigas em seu apartamento.

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