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Creme de leite vegetal é nova aposta de foodtechs no mercado vegano

Após os leites feitos de aveia e outras plantas, itens como creme de leite e molhos avançam no mercado 'plant based'; empresas como Nude, A Tal da Castanha e Nice Foods miram novas texturas

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Foto do author Juliana Pio
Por Juliana Pio
Atualização:

Os laticínios vegetais estão ganhando mais espaço no cardápio dos brasileiros. Se antes o foco da produção plant based (à base de plantas) era a variedade de matérias-primas (aveia, arroz, soja), agora empresas como Nude, A Tal da Castanha e Nice Foods miram em sabores, texturas e funcionalidades semelhantes aos alimentos de origem animal. Assim, lançam novos produtos além do leite, como cremes, molhos e pastas, e incrementam a culinária vegana e vegetariana

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O objetivo, de acordo com Alexander Appel, fundador da Nude, foodtech de substitutos lácteos à base de aveia, é levar os alimentos vegetais do café da manhã às outras refeições do dia. A empresa, que também tem Giovanna Meneghel como sócia, recebeu recentemente aporte de R$ 25 milhões e desenvolveu um creme culinário vegano para ser utilizado em receitas doces e salgadas. 

“Aproveitamos a expertise do nosso leite Barista para criar um creme que também tem uma boa performance na cozinha, é neutro e traz cremosidade”, ressalta o executivo. A ideia é ser uma alternativa ao creme de leite de origem animal, ingrediente comum de pratos como estrogonofe, molhos e brigadeiro.

Foodtech Nude inova ao lançar creme de leite vegetal que pode ser utilizado em receitas doces e salgadas. Foto: Edu Rodrigues/Divulgação

O produto, embalado em uma caixinha TetraPak de 200g, é composto por água, base de aveia, óleo de canola, emulsificante, carbonato de cálcio, goma xantana e sal marinho. Assim como os demais leites de Nude, também estampa a sua pegada de carbono no rótulo. A emissão em todo o processo de produção - da plantação até as gôndolas - é de 0,68Kg CO2e por kg.

O creme culinário de aveia já está disponível nos supermercados em que a foodtech está presente, foodservices, como cafeterias, e e-commerce com o valor sugerido de R$ 6,89. “O grande desafio do setor é a penetração em varejos menores, via distribuidores. Eles ainda não estão prontos para isso. É preciso criar um canal para os produtos plant based”, acrescenta Appel.

Assim como a paulistana Nude, a cearense Positive Brands, pioneira no mercado de leites vegetais no Brasil com A Tal da Castanha (ATDC), também inova ao lançar na próxima quinzena uma linha culinária à base de oleaginosas, seguindo os pilares da marca: ingredientes 100% vegetais, naturais e formulações clean label (rótulo limpo). 

Batizada de Cremeria, a linha de cremes e molhos vegetais prontos para consumo se propõe a facilitar a vida das pessoas na cozinha, o que pode vir a atrair novos consumidores ao mercado plant based.

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O primeiro lançamento é o creme de leite feito à base de amêndoas, com textura encorpada, livre de lactose, caseína, aditivos, aromas e conservantes artificiais, além de sabor leve para combinar com receitas tradicionais. A caixinha de 200 g será vendida a partir de R$ 9,90. 

O creme de leite feito à base de amêndoas é o primeiro produto da linha Cremeria a ser lançado pela A Tal da Castanha. Foto: Positive Brands/Divulgação

Segundo Felipe Carvalho, sócio da Positive Brands, a proposta de se criar um creme de leite vegetal vai ao encontro do que a empresa tem feito para tornar a marca A Tal da Castanha uma alternativa geral ao universo lácteo. “Iniciamos com os leites vegetais e, agora, vamos entrar no mercado com a Cremeria e ter uma ampla oferta de produtos, principalmente, para aplicação culinária, para atender estabelecimentos que carecem dessa demanda, como confeitarias e restaurantes”.

A foodtech ainda irá lançar novas variedades lácteas vegetais, como leite condensado e molhos. “O creme de leite vegetal garante uma substituição perfeita ao de origem animal. Tem o mesmo mesmo nível de gordura, textura e sabor, além de mais saudável por ser zero colesterol e sódio”, salienta Carvalho. 

Tecnologia como aliada

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A Nice Foods, dos curitibanos Paola Stier e Thiago Lorusso, lançou o Nice Milk 2.0, uma nova versão do já conhecido leite vegetal concentrado e em formato de pasta. O produto continua com apenas um ingrediente, a castanha-de-caju crua, sem aditivos, mas sofreu alterações no seu processo para ficar com aspecto mais solúvel e neutro.

Segundo Stier, foi adicionada uma etapa a mais na transformação da castanha, a partir de investimento em tecnologia. Cada pote de 450 ml continua rendendo 7 caixas de leite vegetal (6,5 litros) e 10 de creme de leite (200g). O custo é de R$ 58,90 (R$ 8,45 por litro) e a consistência depende da quantidade de água adicionada ao bater a pasta no liquidificador. 

“O Nice Milk veio para ser o leite mais versátil do mercado. Como diz o slogan, dá para fazer leite, creme de leite, queijo e o que a imaginação permitir”, afirma a fundadora. Na próxima sexta-feira, 11, a startup irá lançar ainda uma versão concentrada em pasta feita à base de aveia, que pode ser consumida pura, adicionada em bebidas ou utilizada para o preparo de receitas, em substituição ao leite condensado, por exemplo, ou para dar brilho e consistência aveludada a caldas de bolo e ganaches. 

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Pasta concentrada de aveia da Nice Foods que permite recriar leite, cremes e molhos. Foto: Thiago Lorusso

O novo produto rende 5 litros de leite vegetal e tem um sabor adocicado, que vem da quebra enzimática do amido da própria aveia, ao ser transformada em maltose, o que garante versatilidade e sabor mais neutro. Não é adicionado açúcar no processo. Cada embalagem de 450g será vendida a partir de R$ 46,50, via e-commerce da marca. 

Dados da Euromonitor revelam que o consumo de bebidas vegetais sem soja, feitas com matérias-primas como aveia, castanhas e amêndoas, cresceu 540% nos últimos cinco anos (2016-2021). A previsão, até 2026, é de alta de 84%, o equivalente a R$ 376,9 milhões, ante R$ 148,7 milhões da soja (o ingrediente amargará queda de 50% nos próximos quatro anos). 

Mapeamento do The Good Food Institute Brasil (GFI) mostra que o País já conta com cerca de 130 empresas atuando no setor de proteínas alternativas (à base de plantas, mas análogas à base animal), focadas em insumos, serviços ou produtos finais. 

Ninguém quer ficar de fora desse mercado, que, mesmo diante da pandemia da covid-19, movimentou cifras recordes em 2020, cerca de US$ 3,1 bilhões globalmente, de acordo com o GFI, mais que três vezes o levantado em 2019 (US$ 1 bilhão). Os investimentos em Soluções baseadas na Natureza (as SbN) são reflexo de uma mudança de comportamento de hábitos e de consumo, impulsionada pelos chamados "flexitarianos".

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