Crédito a pequenas empresas subiu 35% em 2020; pedidos dobraram

Apesar do aumento na concessão de empréstimos no segundo trimestre do ano passado, subiu apenas 1% o número total de negócios que obtiveram o recurso

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Por Redação
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A busca por crédito para garantir a sobrevivência dos pequenos negócios em 2020 mais que dobrou nos últimos seis meses: foram 38% de pedidos ante 18% no mesmo período de 2019. O volume de empréstimo concedido também registrou alta, de 35%, no segundo trimestre do ano passado, mas o número total de empresas que obtiveram o recurso não acompanhou esse movimento: cresceu apenas 1%. Os dados fazem parte da oitava edição da pesquisa Financiamento dos Pequenos Negócios no Brasil, produzida anualmente pelo Sebrae e realizada entre os dias 14 de setembro e 11 de novembro.

O levantamento ouviu 1.201 empresários de todos os 26 Estados e do Distrito Federal, sendo que 661 eram donos de microempresas (ME), 234 comandavam empresas pequenas e 306 eram microempreendedores individuais (MEI). O volume de crédito concedido passou de R$ 65 bilhões no segundo trimestre de 2019 para R$ 87 bilhões no mesmo período de 2020, sendo que 83% ficou concentrado nas empresas de pequeno porte. As ME ficaram com 12% desse montante e 5% foi destinado aos MEI.

Volume de crédito concedido a pequenos negócios passou de R$ 65 bilhões no segundo trimestre de 2019 para R$ 87 bilhões no mesmo período de 2020. Foto: Fábio Motta/Estadão

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Segundo o presidente do Sebrae, Carlos Melles, "os dados indicam que, neste contexto, as empresas que conseguiram crédito já possuíam um relacionamento bancário e foram favorecidas por uma boa organização financeira". O ano de 2020 também registrou grande proporção de pequenos negócios que tomou empréstimos em bancos como pessoa jurídica (79%), um recorde desde 2013, quando a pesquisa foi iniciada.

Dos empresários que tentaram obter crédito em 2020, a maioria usaria o dinheiro para capital de giro. As outras demandas, como para reforma ou ampliação do negócio e compra de máquinas e equipamentos, tiveram queda no ano passado. Entre os novos empréstimos ou financiamentos tomados, 55% foram por meio do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), lançado pelo governo federal para atender os pequenos negócios impactados pela crise do novo coronavírus.

O programa nacional e a disponibilização de novas linhas de crédito com garantias do Sebrae, por exemplo, via Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas (Fampe), também podem ter refletido na melhor percepção dos empresários sobre os bancos. O relato de dificuldades quanto às taxas de juros caiu de 44% para 18% e com exigência de garantias foi de 20% para 11%. Ainda assim, o Sebrae avalia que, para 2021, um dos principais desafios do empreendedor será reduzir a burocracia, fator importante para facilitar a aquisição de crédito.

A pesquisa também identificou que os empresários relataram menos dificuldades na obtenção de empréstimos bancários - 69% em 2019 contra 63% em 2020 - e aumentou a proporção de pequenos negócios que utilizou recursos de bancos oficiais - de 8% para 13%.

E embora o interesse por financiamento tenha crescido, muitos empresários ainda desconhecem alternativas para ajudar na manutenção dos negócios. O levantamento mostrou que 91% deles não sabem sobre o Empresa Simples de Crédito (ESC) nem a possibilidade de empréstimos em instituições financeiras por meio de canais digitais. Este meio já foi utilizado por apenas 12% dos empreendedores, seja pelo site do banco ou aplicativo.

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O Sebrae explica que o ESC é um tipo de negócio que "vai realizar operações de empréstimos e financiamentos exclusivamente para microempreendedores individuais (MEI), microempresas e empresas de pequeno porte, utilizando-se exclusivamente de capital próprio". Saiba mais aqui.

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