Corte nobre tem espaço no Brasil do churrasco

Consumidor brasileiro busca cada vez mais as lojas especializadas em produtos diferentes, mas o mercado não é fácil

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Por Vivian Codogno
Atualização:

O Brasil cultiva e abate todos os anos cerca de 200 mil cabeças de gado. É dali que grandes marcas extraem carne para abastecer o varejo tradicional no País e alguns cortes específicos seguem para a exportação. E durante muito tempo, cortes como chorizo, ancho e kobe beef, considerados de qualidade pelo mercado, ficavam restritos a países da Europa e Ásia.

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Recentemente, entretanto, um movimento de empreendedores que buscam retomar no Brasil o consumo dessa carne que costuma, por tradição, ir para o exterior, fomenta o crescimento das butiques de carne. Ele são especializados na produção e comercialização desses itens para o consumidor final.

O consultor da Beef & Veal, Roberto Barcellos, explica que o consumo de carnes especiais no Brasil tende a crescer na esteira da ascendente sofisticação do consumo por parte da população. “O brasileiro está em uma fase de aprendizado de comer carne, processo que já aconteceu com o vinho, por exemplo. Nunca se falou tanto em carne como hoje”, afirma.

Para o especialista, por mais que os preços estejam oscilantes, o consumo dos cortes nobres demora a cair, uma vez que o produto é direcionado ao nicho de apreciadores do gourmet. “O churrasco é o verdadeiro prato brasileiro, não a feijoada. Tanto que o Brasil exporta esse formato. Agora, precisamos ser referência não apenas no modelo, mas também na qualidade da carne. Até então, os clientes preferiram os cortes argentinos e uruguaios”, pontua.

O conceito de carnes de qualidade já é trabalhado em São Paulo por marcas tradicionais como a Wessel, que está no mercado desde 1964.

Proveniente de uma família de imigrantes húngaros, István Wessel se orgulha de ser a quinta geração a cuidar da marca que, de acordo com o próprio empreendedor, trouxe o primeiro carpaccio e o primeiro hambúrguer premium para o Brasil, além de ter criado o modelo de embalagem a vácuo.

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“Em 1974, fizemos a primeira casa de carnes sem açougueiro. Queríamos expandir e seria muito difícil controlar a qualidade se cada açougueiro oferecesse a carne de uma forma para os clientes. Mas as pessoas não entendiam, por isso, desenvolvemos toda uma forma de embalar para que o produto ficasse transparente aos olhos do cliente. Hoje, tudo que está no mercado é inspirado na nossa marca”, relembra.

Diante do panorama atual da economia, István precisou mudar algumas estratégias de negócios para manter a empresa competitiva. Entre elas, distribuir seus produtos para supermercados especializados em produtos gourmet e manter apenas um ponto de venda exclusivo, além da fábrica onde a carne é embalada.

“Vendemos uma matéria-prima que a pessoa tem de transformar em um prato, em uma refeição, gostar e voltar a consumir. Portanto, a marca só se fortalece se há padrão e regularidade. Uma coisa exclui a outra”, conceitua István.

O especialista em carnes da Scot Consultoria concorda com o empresário. “Padronização e regularidade são os principais pontos da carne gourmet e a maioria dos produtos não tem”, analisa.

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