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Conheça o Vale do Silício com jeitinho bem mineiro

Empresas pequenas e médias de Santa Rita do Sapucaí devem faturar algo em torno de R$ 2,7 bilhões apenas em 2014

Por Renato Jakitas
Atualização:

O mundo tem produzido algumas versões para o Silicon Valley, região famosa por reunir empresas de alta tecnologia na Califórnia. Poucas, entretanto, são tão pitorescas quanto a instalada em Santa Rita do Sapucaí, cidade localizada no sul do estado de Minas Gerais.

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O lugar é um vale entre serras e fazendas de leite e de pés de café. Mas engana-se quem pensa que a vocação econômica local gira em torno das atividades do campo, como sugere a visão das ruas de paralelepípedos, comércio tímido e alguns cavalos atados de frente para portões.

Dos 38 mil habitantes de Santa Rita, 14 mil (37%) dão expediente em firmas cujo capital intelectual é a matemática binária da eletrônica. Lá existem 153 empresas, três a mais do que em 2012. Descontando as dez consideradas de grande porte (uma delas, a Linear, foi comprada pela japonesa Hitashi), as 143 que restam são micros, pequenas e médias, majoritariamente jovens e que movimentam um faturamento anual projetado em R$ 2,7 bilhões para 2014, 12% a mais em relação ao desempenho de 2013.

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Em tempos de empresários com os pés no freio, Santa Rita experimenta uma onda de investimento, mais modesto que nos últimos quatro anos, é verdade, quando avançou em média 30%, mas ainda assim acima da média do País. A explicação vem do perfil dos negócios, em sua maioria dedicados à cadeia de telecomunicações – uma área que corre atrás do prejuízo em infraestrutura – e todos dirigidos à demanda corporativa.

Um caso prático disso é o da Petcom, especializada em projetos de cabeamento e ‘conectorização’ de fibras óticas. Fornecedora de empresas como a Vivo, a Petcom saltou de um faturamento de R$ 23 milhões em 2013 para os R$ 40 milhões estimados para este ano. O número de projetos com a participação da empresa cresceu exponencialmente e, para custear o ganho de escala, ela está para inaugurar um novo galpão que vai ampliar de 2,2 mil para 5 mil metros quadrados sua área construída, saindo de 105 para 293 funcionários.

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“A gente pode dizer que, em um momento em que a indústria vai mal, aqui é como se fosse um Brasil que dá certo”, resume Roberto de Souza Pinto, presidente do Sindicato das Indústrias de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares do Vale da Eletrônica (Sindvel) – Vale da Eletrônica é a marca cunhada pelo marketing para alavancar o polo nacionalmente.

A animação do líder sindical esconde alguns problemas na região, como a escolha pouco lucrativa de alguns empresários pela produção de sistemas de circuito fechado de televisão, um nicho há anos controlado pelos asiáticos e que oferece baixa margem de lucro no mercado. Mas os bons exemplos, indubitavelmente, superam os maus.

“A maioria das empresas está bem porque houve investimento em inovação e eficiência, com certificados de qualidade”, conta Marcos Goulart Vilela, que abriu em 1983 a segunda empresa de eletrônica da cidade, a Leucotron, hoje com 170 funcionários e R$ 40 milhões faturados. “Graças a esse investimento conseguimos sobreviver à abertura das importações na época do Collor”, conta.

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O investimento em educação, que está por trás da estruturação do polo (leia mais sobre isso nesta página), também é fundamental para a região sobreviver aos importados. “O que fazemos é criar coisas novas o tempo todo”, afirma Carlos André Salvador, dono da Biquad Tecnologia. O empresário de Mococa, interior de São Paulo, chegou a cidade para estudar na Inatel, referência em formação de engenheiros para a indústria de telecomunicação.

“Eu estudei aqui e como encontrei um ecossistema todo montado, fiquei”, conta o empreendedor, que hoje desenvolve equipamentos para radiodifusão e atualmente fatura R$ 3 milhões. “Eu tenho de 10 a 15 fornecedores para tudo que preciso localizados a cinco quilômetros daqui”, afirma Salvador, revelando outro dos segredos da região.

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