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Companhia de teatro apresenta peças em português em Nova York

Espetáculos são encenados em bares e promovidos através de festas e eventos

Por Danielle Villela e Thiago Mattos
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Nova York — Pode parecer loucura que um grupo de brasileiros tenha decidido empreender com a própria companhia de teatro em Nova York, cidade que abriga o polo teatral mais competitivo do mundo. Ao desafio de montar espetáculos e atuar na Big Apple, os atores e produtores Débora Ballardini, Andressa Furletti e Thiago Félix adicionaram um elemento que lhe torna únicos entre as centenas de montagens dos circuitos da Broadway, Off-Broadway e Off-Off-Broadway: as peças são encenadas exclusivamente em português.

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Fundado em 2012, o Grupo Ponto BR é a única companhia brasileira de teatro que atua em Nova York. Entre as montagens estão uma peça de Nelson Rodrigues e duas temporadas de um espetáculo sobre a vida e a obra de Vinícius de Moraes.

"Nosso principal objetivo é trazer a cultura brasileira de uma forma criativa, ultrapassando os estereótipos brasileiros", afirma Félix, que se mudou do Rio de Janeiro para Nova York em 2008 em busca de novos aprendizados no teatro.

A presença da língua portuguesa nas montagens vem de um sonho acalentado por Débora, que saiu de Curitiba em 1995 para passar dois meses em Nova York, onde está até hoje. "Eu queria teatro em português, assim como a comunidade hispânica faz com trabalhos em espanhol. A comunidade brasileira é enorme. E não só por isso, mas o Brasil está na moda em Nova York, é música brasileira, é comida brasileira, e o teatro brasileiro?", questiona.

Outro elemento inovador do Grupo Ponto BR tem relação com o local de suas apresentações, que são encenadas em bares e não apenas em teatros. No espetáculo sobre Vinícius de Moraes, poesias e músicas eram interpretadas por personagens criados pelo poeta, com exibição de legenda simultânea em um telão.

Financiamento. Mesmo com tanto investimento em criatividade, os sócios da companhia não financiam as produções apenas com os recursos vindos através da bilheteria, já que isso faria com que o preço do ingresso chegasse aos US$ 100. "Não queremos colocar esse valor ainda, exatamente porque queremos formar um público. A gente quer manter o espetáculo acessível", explica Andressa, que desde 2007 saiu de Belo Horizonte para Nova York.

Com isso, o valor arrecadado com a bilheteria pelo grupo cobre, em média, um terço do valor dos espetáculos — para efeito comparativo, um ingresso para "O Fantasma da Ópera" varia entre US$ 75 e US$ 270 na Broadway.

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Entre as estratégias para tornar possível a realização dos espetáculos, a companhia promove festas e eventos de brunch brasileiro. "É realmente desgastante ter que pensar em produzir um evento para conseguir produzir uma peça", afirma Débora.

Incentivos. Embora admita que o financiamento de produções teatrais não seja fácil em nenhum dos dois países, Félix acredita que alguns elementos são mais favoráveis no Brasil. Para ele, as leis de incentivo à cultura e os editais são vantagens do mercado cultural brasileiro."Os Estados Unidos é um país absolutamente privado e você tem que conhecer realmente quem dá o dinheiro", afirma.

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