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Com inovação, têxteis enfrentam concorrentes da Ásia e faturam até R$ 4 milhões todos os meses

Pequenas fabricantes apostam na criação de novos produtos e conseguem faturar até R$ 4 milhões por mês

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Por Renato Jakitas
Atualização:

Espremidas pela disputa entre os grandes grupos nacionais e fabricantes asiáticos – sobretudo chineses –, as pequenas e médias indústrias do setor têxtil começam a buscar na inovação uma saída para se desgrudar da concorrência e incrementar o faturamento do setor.

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Com produtos de alto valor agregado, elas pilotam iniciativas que estão na vanguarda do desenvolvimento de novos produtos, fornecem para marcas de prestígio e projetam crescimento na casa dos dois dígitos. De quebra, ainda contabilizam faturamentos que podem chegar a R$ 4 milhões todos os meses.

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Esse é exatamente o caso da mineira Fitas Britânnia, que opera há 20 anos na cidade de Barbacena (MG). A empresa abocanha R$ 4 milhões mensais produzindo fitas rígidas e elásticas, laços, flores e aplicações para marcas de lingerie, moda e decoração.

Dona de uma carteira com 1,8 mil clientes ativos, a Britânnia fornece para marcas como Victor Hugo, Hope, DeMillus e Valisere. “Todo mundo compra da gente”, afirma Rebeca Veloso, filha dos sócios Mark Shaw e Ana Cristina Veloso, os fundadores da empresa. “Nós investimos muito em novidades. Mantemos um ritmo de quatro coleções anuais, antecipando o que vai ser a tendência daqui a dois anos. Como nós, no mundo, não existe ninguém. Nem na Europa, muito menos na China.”, destaca.

Com um portfólio de 1.200 produtos, a empresa mineira cresceu 28% em 2011 e, para 2012, projeta a elevação de 20%, cifras que já refletem a desaceleração na economia como um todo. Um cenário de queda nos negócios que, de uma maneira geral, é esperado por todos os empresários do ramo, inclusive Paulo Abdalla, que há 10 anos criou a HJ Têxtil justamente para fugir da briga com os chineses.

De origem síria. Abdalla é a terceira geração da família à frente de uma empresa de tecelagem. Ele acompanhou de perto o início da entrada dos importados asiáticos no país, que no ano passado foi o principal responsável pelo déficit de US$ 4,75 bilhões na balança comercial do setor (cerca de R$ 9,65 bilhões), segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit).

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“Não dá para bater de frente com os chineses. Eles vendem por aqui uma camiseta pronta pela metade do preço do nosso tecido. O jeito é buscar um diferencial e atuar nisso com muita competência”, destaca Abdalla, que atualmente comercializados para marcas do porte de Osklen e Redley. “A gente só trabalha com produtos de ponta, matérias-primas como fibras de modal e de liocel, que é extraída da polpa da madeira.”

Ao contrário do que faziam seu pai e avô, que tinham no chão de fábrica o principal filão, Abdalla terceirizou 90% da produção e voltou-se quase que exclusivamente para a criação. “Quase não somos mais uma indústria. A gente se tornou uma empresa de inovação”, diz ele, que projeta crescer entre 10% e 15% este ano. “No ano passado, nossa evolução foi de 25%.”

Outro exemplo de diferenciação no mercado vem da paulista Mônica Boock, sócia da E-Tex, que desenvolve e produz tecidos 100% reciclados para a indústria da moda.

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A empresa estabeleceu uma rede cooperativista para comprar retalhos de confecções Brasil afora, reciclar o insumo em fios em sua fábrica em São Paulo e, posteriormente, transformar o produto em rolos de jeans e de malharias que seguem para marcas como Le Lis Blanc e TNG.

Dessa forma, a empresa deve faturar R$ 1,2 milhão em 2012, um crescimento de 20% em comparação a 2011. Os desafios da empresa, diz a empresária, passa por convencer o governo em oferecer incentivos para quem atua com esse nicho - “a isenção de impostos sobre o retalho adquirido, por exemplo” - e ampliar o espaço dos tecidos reciclados nas coleções das marcas. “Tivemos de apertar nossas margens para 6% a 7% porque o preço do produto ainda é alto”, destaca.

 
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