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Cogumelo é alternativa para faturar no campo

País importa boa parte dos produtos, entretanto, consumo crescente abre caminho para quem quer começar no setor

Por Gisele Tamamar
Atualização:

Foi-se o tempo em que o cogumelo, para o consumidor brasileiro, era apenas o champignon no estrogonofe. A proliferação de restaurantes japoneses pelo País, o interesse por outras culinárias e o consumo de alimentos saudáveis ajudam a popularizar variedades como shimeji e shitake. E por isso mesmo, pequenos produtores só tem o que comemorar.

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::: Siga o Estadão PME nas redes sociais ::: :: Twitter :: :: Facebook :: :: Google + :: Mas se o momento é bom, ele pode ficar ainda melhor. O brasileiro consome cerca de 300 gramas por ano enquanto a média europeia é de dois quilos. No total, o consumo no País é de 57 mil toneladas, mas a produção brasileira in natura chega a 17 mil toneladas. A diferença, atualmente, é preenchida com a importação. “Todo esse cogumelo que entrou de fora é o que está faltando para o mercado produzir”, afirma Edison de Souza, diretor da Brasmicel, uma empresa que vende o micélio (semente) do cogumelo, presta consultoria na área e também produz shimeji branco. De acordo com o especialista, que também é biólogo, trata-se de um mercado com potencial.

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Enquanto a produção mundial cresce na ordem de 3%, a brasileira evolui 7,1% ao ano. “A produtividade no Brasil é muito pequena. Na maioria dos casos, o cultivo é muito rústico. O grande problema da atividade é produção. Não é o mercado”, afirma Souza.

O desafio, para quem se arrisca no segmento, é não ficar dependente do clima e a saída, para isso, é investir em tecnologia para manter a produção o ano inteiro. Um desses produtores é Paulo Kawakami, de Mogi das Cruzes. Ao lado da mulher Marina, ele produz entre 13 e 15 toneladas de shimeji preto por mês em um ambiente todo controlado e climatizado. O cuidado é tanto que o produto não precisa ser lavado antes do preparo. Além de investir na produção controlada e na qualidade do cogumelo, o empresário inovou com uma embalagem que vai direto para o micro-ondas e vem com molho pronto. A busca pela diferenciação começou porque Kawakami notou que o mercado era muito baseado no preço. “Não queria vender por vender. Quis colocar a nossa cara no produto e buscar o reconhecimento da marca”, diz.

Já o negócio de Iwao Akamatsu é vender o substrato, blocos de serragem e nutrientes para o cultivo do cogumelo shitake. Ele faz cerca de 150 mil blocos por mês e vende para 40 empresários, que juntos devem produzir 80 toneladas de shitake por mês. Mesmo assim, o empreendedor não dá conta de atender todos os interessados.

A ideia de trabalhar com cogumelos começou quando o arquiteto saiu do emprego para pensar em alguma coisa para fazer por conta própria. A partir da sugestão do sogro, começou a pesquisar e iniciou o cultivo de shitake. O produto chamou a atenção de outros produtores, que ficaram interessados em comprar o substrato. “Não podia vender uma coisa sem garantia de produção, mas eles insistiram tanto e falaram que assumiam a responsabilidade se não desse nada”, conta. Dos 500 blocos produzidos por mês, 30% eram vendidos para outros empresários. Diante do sucesso, Akamatsu, em 1999, se especializou na produção do composto. Nesse mesmo ano, começaram a ocorrer oscilações na produção. E aqueles clientes que falavam que assumiriam os riscos, começaram a reclamar com o empresário. Sofisticação. “Eu não tinha quase nenhum conhecimento técnico, não sabia nem o que dizer. Pensei: ‘Se eu não buscar tecnologia, nós vamos quebrar’”, relata. Akamatsu conseguiu uma bolsa de estudos, foi para o Japão e voltou para iniciar uma nova fase na empresa. “Foi a decisão certa. Eu não tinha ideia de que é um negócio tão sofisticado. Todo mundo acha que é simples e tal. E não é. É biotecnologia pura”, destaca Akamatsu, que tem mais três sócios na Yuri Cogumelos.

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 Foto: Estadão
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