Cafeterias incrementam experiência do cliente com torra portátil da Nestlé

Equipamento Roastelier, voltado para pequenas empresas, permite torra de grãos de outros países; protagonismo do cliente no serviço é diferencial para cafeterias

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Por Ana Paula Boni
Atualização:

Uma máquina onde vão 250 gramas de grãos de café prestes a serem torrados, com computador de bordo que controla o perfil da torra, é novidade que tem atraído clientes em pequenas cafeterias da cidade no último mês. Lançamento da gigante Nestlé no Brasil, o equipamento Roastelier mira pequenos empreendimentos para agregar experiência ao consumidor, com cheiro de café fresco no salão, sem precisar de um mestre de torra ao lado.

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Cinco casas em São Paulo usam o equipamento, como Kofi & Co, Torra Clara e A Ventana, além de outras duas em Campinas. Segundo a Nestlé, a projeção é chegar a 20 operações ainda neste ano e 100 endereços até o fim de 2022.

Para Marcello Cunha, da Kofi & Co, a graça da novidade está em poder oferecer mais uma experiência ao cliente, que pode escolher entre três tipos de grão e, para cada grão, dois ou três perfis de torra para café expresso ou filtrado. Depois de torrado na Roastelier, o café pode ser moído na cafeteria ou levado para casa em grãos, como sai da máquina, em pacotes de 250 gramas.

“O cliente de café busca essa nova etapa na educação sensorial, participando das escolhas. Chegamos a esse ponto de maturidade”, diz Marcello, que possui na casa mais de 30 formas de preparar café e é ponto de destino para coffee geeks. “Com a máquina, o cliente pode participar do processo da torra, ele decide.”

Marcello Cunha, dono do Kofi & Co, ao lado da máquina de torra Roastelier: computador de bordo e compartimento para 250 gramas de grãos de café. Foto: Jéssica Teixeira

Em um mês, Marcello diz ter vendido 36 kg de café torrado na Roastelier, sendo que tinha uma perspectiva de metade desse volume. O valor do pacote de 250 gramas ali vai de R$ 39 a R$ 54, de acordo com o grão. São três origens hoje comercializadas pela Nestlé: Brasil, Colômbia e Etiópia.

Ter o grão de outro país recém-torrado no Brasil é uma grande vantagem do equipamento, explica Ensei Neto, especialista em cafés e colaborador do Estadão. Isso porque, devido a barreiras sanitárias, empresas brasileiras não podem comprar grãos verdes de origens premiadas como a Etiópia. Nesse caso, a Nestlé faz um processo de pré-torra fora do Brasil e o grão não chega 100% verde, driblando as barreiras. 

Ao finalizar essa torra na Roastelier, explica Ensei, esse café está fresco como se tivesse sido 100% torrado na hora, diferentemente de se encontrar cafés importados com torra de meses de idade nas gôndolas de supermercados, já não ultrafrescos.

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Nesse processo, o cheiro da torra, que é muito especial, encanta o cliente, defendem as cafeterias. “A torra aqui traz uma atmosfera diferente, porque o cheiro muda o ambiente. Além disso, ainda traz um discurso de café, um storytelling legal para o cliente”, defende Humberto Munhoz, do A Ventana Bar & Café, que em pouco mais de um mês vendeu 80 kg de grãos torrados na Roastelier.

Torra ‘terceirizada’ para o equipamento

A Roastelier começou como projeto piloto há um ano e meio na Grécia e hoje possui 150 operações naquele país, além de outras em destinos como Japão e Portugal - todos vendem o mesmo café, com grãos do Brasil, da Etiópia e da Colômbia, explica Tiago Monteiro, gerente de marketing do Nestlé Professional. De acordo com ele, estão em estudo acrescentar novos cafés do próprio Brasil (e não só o blend atual), além de origens como Guatemala e Indonésia.

“O pulo do gato tecnológico desse projeto é o frescor do café, mas o pulo do gato financeiro é evitar o alto investimento para se ter uma torrefadora numa cafeteria”, diz Tiago, segundo quem o aluguel da Roastelier sai a R$ 690 (mais cerca de R$ 300 para o sistema de filtragem da fumaça - investimento  total abaixo de R$ 1 mil).

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Para Marcello Cunha, do Kofi & Co, esse é o atrativo para as pequenas cafeterias. “Se eu fosse colocar uma máquina de torra aqui é pelo R$ 100 mil, mais a contratação de um coffee hunter para me trazer grãos de várias partes do Brasil, mais um mestre de torra, é um investimento muito alto. E eu nem teria espaço. Aqui eu torro com esse equipamento de 1,20 m por 0,50 m.”

Como possui computador de bordo que só funciona com a leitura de código de barras fornecido nas embalagens da Nestlé, a máquina não permite a torra de outros grãos, com perfil de torra já pré-definido.

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