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Brechós online apostam em alta costura para crescer no Brasil

Empresários buscam inovar na venda de moda e acessórios, categoria que puxa a fila do e-commerce nacional em volume de vendas

Por Gisele Tamamar
Atualização:

Peças das marcas Louis Vuitton, Calvin Klein e Chanel são objetos de desejos de muitas mulheres. Mesmo que sejam de segunda mão. E a mudança do hábito de compra do brasileiro que elevou a categoria de moda e acessórios para a mais comprada na internet nacional abre espaço para os brechós online. Mas não basta apenas oferecer o produto. Sites como Etiqueta Única e Vintage Chic buscam se diferenciar com uma curadoria e garantia de autenticidade das peças.

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A empresária Patricia Sardenberg é a fundadora do Etiqueta Única. Os primeiros contatos com alta costura ocorreram quando ela trabalhou na Daslu, durante três anos. Ela também é designer de joias e cursou faculdade de moda. "Nesse meio tempo comecei a organizar bazares com peças de luxo e foi dando certo. Abri mão das joias e resolvi investir no site", conta.

A opção pelo comércio virtual foi feita porque os bazares são limitados. "Muita gente de fora de São Paulo tinha interesse. Com o site conseguimos escalar o negócio", diz Patricia, que colocou o site no ar em agosto do ano passado. Os resultados apareceram rápido. Os R$ 500 mil investidos inicialmente já foram recuperados e a empresa já registrou R$ 1 milhão de faturamento. A empresária planeja abrir uma segunda rodada de investimentos para captar cerca de R$ 2 milhões a serem aportados na infraestrutura do negócio. "Estamos crescendo muito rápido", diz.

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O lucro de Patricia vem da taxa cobrada por cada venda - entre 30% e 50%, dependendo do produto. A Etiqueta Única cuida de todo o processo de venda. Antes de definir se o produto será exposto na internet, a empresa faz uma triagem inicial por meio de fotos. Caso elas sejam aprovadas, as peças são enviadas para o escritório da empresária, que vai cuidar da produção e logística de envio. Caso as roupas não sejam vendidas em três meses, são devolvidas. "Fazemos uma avaliação rigorosa para atestar a autenticidade da peça", destaca Patricia.

Já o Vintage Chic foi criado por Dione Occhipinti, que mora parte do ano em Paris, onde esse tipo de negócio é comum. "Eu vendia e comprava roupas e acessórios de moda em Paris e me perguntava por que o mesmo serviço não existia no Brasil", afirma Dione, que também atua como personal stylist e, por isso mesmo, avalia todas as peças antes de aceitá-las no site. "Verificamos cada peça para atestar originalidade, alem de confirmar se o produto está de acordo com a descrição", diz.

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No Vintage Chic, a comissão também varia entre 30% e 50% do valor da venda. O valor pode ser negociado com vendedoras assíduas no site. A empresária acredita no potencial do mercado diante do maior número de pessoas viajando para o exterior, onde compram alta costura com valores mais em conta que no Brasil. "Outra questão é o desapego e hoje em dia se fala muito de sustentabilidade. Muitas pessoas têm decidido vender aquilo que não usam mais para não ficar com um monte de coisas acumuladas no guarda-roupa. Outra tendência que se observa é o culto ao vintage. Por isso acredito que o mercado é altamente favorável", completa.

Na avaliação de Pedro Guasti, diretor executivo da E-bit, empresa especializada em informações do setor, esse modelo de venda de produtos em bom estado de conservação tem bastante espaço para crescimento no Brasil. Segundo o diretor, de maneira geral, o consumidor de comércio eletrônico gosta de parcelamento, que ao lado do frete grátis ajudam a impulsionar as vendas de qualquer categoria. No entanto, a empresa precisa conseguir criar um processo de logística para recebimento e envio do produto com qualidade e dar segurança por meio da sua política de trocas.

"É um trabalho muito mais de serviço do que simplesmente uma questão de preço e parcelamento", pontua. Para Guasti, ainda existe um certo preconceito no Brasil por conta de produtos usados, mas essa mudança de comportamento deve acontecer nos próximos anos. "A curadoria é o fator fundamental para a tomada de decisão do consumidor."

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