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Brechó agora é exclusivo, luxuoso e contra o 'fast fashion'

Lojas da Galeria Ouro Fino, em SP, trocam ambiente empoeirado por exclusividade e tíquete médio maior

Por Vivian Codogno
Atualização:

Os pequenos ambientes empoeirados e apinhados com roupas antigas não definem mais alguns brechós, que decidiram direcionar o atendimento a um público que busca exclusividade e itens de luxo. A proposta de garimpar roupas usadas e vendê-las a preços mais baixos continua a mesma, porém, a estratégia de compor o portfólio de produtos com grifes clássicas diferencia esses negócios.

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Quem entra na Galeria Ouro Fino, próxima ao cruzamento da Rua Augusta com a Oscar Freire, um dos pontos mais emblemáticos da moda paulistana, se depara, no andar térreo, com o Jumble Brechó. O casaco feminino da marca Chanel, exposto logo na entrada, evidencia o posicionamento da loja do empresário Fernando Rocha. A peça, uma das mais caras do Jumble, espera uma dona que aceite desembolsar R$ 5 mil para levá-lo para casa. Rocha não revela quem são os seus fornecedores, mas conta que parte do garimpo é feito nos Estados Unidos e na Austrália.

O empreendedor garante que há uma disputa acirrada pela chegada de grifes como Burberry, Dolce & Gabbana e Armani. “Já precisei separar uma briga de dois rapazes por uma camisa listrada”, relembra Rocha. O público masculino é o principal alvo do empresário. “Existe um público alternativo à procura de coletes, gravatas-borboleta, suspensórios.”

É comum que um cliente saia da loja com mais de mil reais em compras, o que faz com que Rocha fature, em média, R$ 50 mil por mês. Faz parte da estratégia do empresário, ainda, manter um grupo que chama de “clientes especiais”, pessoas que não vão até o Jumble, mas que são avisados sobre novidades por meio do WhatsApp e cujas entregas são feitas pessoalmente.

 Foto: Estadão

No subsolo da mesma galeria, Magaly Soares ajeita alguns casacos colocados em uma arara do brechó Passado Presente. Aos 82 anos, a empresária comanda duas lojas onde vende aquilo que define como moda “vintage”. A peça que mais combina com a proposta é um chapéu branco da década de 1920, daqueles com véu que cobre os olhos. “Eu tenho o dom do bom gosto”, crava a empresária.

Proprietária de brechós há 40 anos, Magaly notou uma série de transformações ao longo do tempo. Uma delas é do público, cada vez mais jovem e exigente por peças exclusivas, mesmo que isso signifique pagar mais. Preço e valor. Já os desavisados que visitam o B.Luxo, também na galeria, podem pensar que entraram em uma grife com viés moderno e atual. Nas araras da loja, porém, há roupas de todas as décadas, desde o período vitoriano.

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A proprietária, Paula Reboredo, comenta que pretende atingir um público composto por pessoas acostumadas a comprar fora do País. “Sempre tentamos buscar peças com muita referência de moda, tanto que uma cliente pode sair da loja e parecer que está com roupa da última coleção da Gucci, por exemplo”, conta a empresária.

“O preconceito no Brasil em relação a roupa usada ainda é grande. Nosso público é composto por jovens que gostam de moda e muitas mulheres que não querem mais se vestir com fast fashion porque sabem da importância de reciclar nos dias de hoje”, reflete Paula, que tem 90% dos itens comercializados vindos de compras no exterior. “Mas ainda é difícil explicar para algumas pessoas que muitas das peças que estão expostas nas araras valem muito mais do que uma nova.”

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