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Startup lança espécie de pré-Bolsa de Valores para pequenas empresas

Corretora Bee4 quer negociar ações de empresas com faturamento até R$ 300 milhões, levando capital para PMEs; investimento será feito por meio de token

Por Marina Dayrell
Atualização:

As pequenas e médias empresas ganham, a partir de junho, uma nova alternativa para captação de recursos com a chegada ao mercado da Bee4. A startup é uma corretora voltada à negociação de ações de empresas emergentes – que têm faturamento anual entre R$ 10 milhões e R$ 300 milhões, estando em funcionamento há pelo menos um ano.

A Bee4 funciona como mercado de acesso, um passo anterior a uma bolsa de valores tradicional, como é a B3, em São Paulo. Assim, a startup segue uma regulação específica da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em que, para negociar, transforma as ações das empresas em tokens (que funcionam como a representação digital de uma ação). Esses ativos que são negociados na plataforma, em sistema blockchain – em que uma base compartilhada de dados faz o registro e a validação de transações digitais.

Patrícia Stille, fundadora e CEO da Bee4,corretora especializada na negociação de ações de empresas emergentes. Foto: Felipe Rau/Estadão

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A empresa chega em um momento difícil para a captação em mercado de capitais, em um cenário de eleições no Brasil e de tensão internacional com a guerra entre Rússia e Ucrânia. A própria B3 tem realizado poucas operações desde o ano passado – há várias companhias de grande porte na fila de captações de recursos.

Além disso, a Bolsa também tentou no começo de 2020 colocar em pé os chamados “mini” IPOs, com captações de até R$ 300 milhões, mas veio a pandemia e o projeto rendeu apenas algumas transações desde então.

Para Patrícia Stille, fundadora e CEO da Bee4, essa pode ser justamente uma oportunidade: “Hoje nós temos um grupo muito grande de empresas que está desassistido”, afirma.

Segundo dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV), publicados em 2021, há uma diferença de R$ 166 bilhões entre o crédito demandado pelas MMPEs (microempresas, empresas de pequeno porte e microempreendedores individuais) e a concessão de crédito a elas, segundo o Banco Central. De acordo com o estudo, as pequenas empresas têm uma demanda potencial anual de cerca de R$ 514 bilhões de crédito.

Patrícia acredita que o mercado de capitais pode preencher essa lacuna. “O empresário passa a ter mais uma alternativa de financiamento. Quando você se lista em um mercado organizado, em que investidores podem comprar e vender seus ativos, você passa a ter que informar seus resultados e todo o arcabouço informativo passa a ser muito mais adequado”, diz ela, segundo quem esse processo pode ajudar a empresa a ter mais visibilidade no mercado.

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Para se inscrever

O público-alvo da corretora são empresas em processo de forte crescimento, que buscam uma alternativa para financiar sua expansão. Além dos requisitos de faturamento e tempo de funcionamento, é preciso, no ato da inscrição, apresentar um contrato assinado com uma empresa de auditoria independente já cadastrada na CVM.

A empreendedora explica ainda que a empresa também terá de pagar uma taxa de listagem, de valor ainda não definido, e uma manutenção anual, cujo montante será proporcional ao faturamento da organização. A Bee4 tem a intenção de trabalhar com valores mais baixos de investimento. “O valor mínimo vai ser o de um token. Estamos atrás de aumentar o número de ações para termos valores baixos porque queremos dar acesso à liquidez”, diz ela. Os pregões ocorrerão semanalmente, sempre às quartas-feiras.

Ao lado de Patrícia e do sócio Rodrigo Fiszman, o time que compõe a empresa vem da área financeira e da própria B3, como os economistas Amarilis Sardenberg (antiga diretora de operações da BM&F Bovespa, atual B3) e Agenor Silva (ex-diretor de pós-negociação da B3). 

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