A barbearia mudou e a reformulação pela qual passa esse tipo de negócio atualmente inclui ambiente vintage, serviço de bar, charutaria e até estúdio de tatuagem. E por trás dessa mudança está o desafio de fazer frente aos salões de beleza.
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Rosalvo Gizzi Junior, por exemplo, atuava como advogado em Curitiba, mas resolveu mudar de área ao perceber que havia carência de salões de beleza para homens na cidade paranaense. O empreendedor investiu R$ 500 mil e montou o Rei da Barba, que abriu as portas em 2010. O negócio deve faturar neste ano 30% a mais do que em 2012, quando alcançou R$ 730 mil. Segundo Junior, o resultado do pequeno negócio até agora é positivo e está de acordo com suas expectativas. “Tivemos uma consolidação financeira e o cliente aprovou.”
A empresa também desperta o interesse de potenciais empreendedores, por isso, até o fim de 2013, Junior deve concluir o projeto de transformar o negócio em franquias. A inauguração de outras unidades próprias também faz parte dos planos do empresário. “Já temos interessados em abrir franquias em São Paulo e no Rio de Janeiro”, diz. As lojas próprias poderão ser abertas em Curitiba, Porto Alegre, Belo Horizonte e também no Rio de Janeiro. “Pretendemos inaugurar 10 unidades, com investimento total de até R$ 6 milhões”, afirma.
O Rei da Barba tem ambiente e estilo de decoração que remontam ao passado. “O perfil de nossos clientes é da classe A, acima de 25 anos”, conta Junior. “Mas homens de 50 a 70 anos representam de 30% a 40% do público.”
A barbearia conta com oito funcionários e até o final do mês deverá contratar mais três. Por mês, atende cerca de mil clientes, que gastam em média R$ 60 no estabelecimento. Além de barba e cabelo, o local oferece massagem, tratamento corporal, podologia, estética facial e depilação – o proprietário ainda montou um bar, hoje responsável por 10% do faturamento, e terceirizou os serviços de charutaria e tatuagem.
Quem também conquistou espaço no segmento foi o designer Tiago Cecco, de São Paulo. Ele trocou o emprego convencional que mantinha pela oportunidade de aprender a fazer barba e cabelo.
“Aprendi com o dono de uma barbearia e depois resolvi abrir a minha. Juntei dinheiro e vendi o carro para começar”, conta. Cecco é proprietário da Barbearia 9 de Julho, sua primeira unidade atende na Rua Augusta, tradicional endereço paulistano, desde 2007. Um funcionário de Cecco, nesse período, tornou-se sócio do estabelecimento. Juntos, eles investiram em torno de R$ 50 mil para abrir mais quatro lojas na capital. “Atendemos perto de 10 mil clientes por mês.”
O empreendimento procura diferenciar-se, também, pela mão de obra – os barbeiros são amigos que se interessam pelo estilo e cultura da empresa.
“Sempre gostei de carros antigos e rock, e a decoração tem tudo a ver com isso. Fomos comprando objetos em antiquários, brechós, até peguei livros do meu avô”, conta Cecco.
Análise. Para o professor de economia e administração Jose Eduardo Balian, da ESPM, a ideia da barbearia é promissora, mas é preciso ser eficiente. “O empreendedor é um prestador de serviço e deve facilitar a vida do cliente”, diz.
Balian ressalta a importância de escolher bem o horário de trabalho, para atender à necessidade do homem, cada vez mais sem tempo. “Não pode ser como a barbearia que fechava aos domingos, tem que ter horário como os de salões de beleza, sábado até tarde e domingo. A localização também faz diferença. “Tem muita barbearia mal localizada, sem estacionamento e, nesse caso, se você não mora ou trabalha perto, não vai.”