PUBLICIDADE

Publicidade

Bar secreto é estratégia para criar novos negócios

Com empreendimento que é uma espécie de clube fechado, jovem tem como objetivo gerar desejo e formar público

Por Letícia Ginak
Atualização:
Luis Marcelo Nascimento, criador do bar secreto The Lab, ponto de partida para a abertura de novos negócios. Foto: Werther Santana/Estadão Foto: Werther Santana/Estadão

Nada de letreiro estiloso ou placa de néon. Por trás da porta de correr e da fachada com aparência de funilaria abandonada, em uma rua calma e residencial na zona oeste de São Paulo, funciona, há quase um ano, o bar secreto The Lab. Idealizado pelo empreendedor Luis Marcelo Nascimento, o estabelecimento não é aberto ao público e opera como um clube, exclusivo para “convidados e amigos de convidados”, tudo sob a supervisão do dono.

PUBLICIDADE

“Eu conheço todo mundo que frequenta. Não passa alguém aleatório na rua e entra no bar”, conta. Os atuais 450 membros precisam seguir algumas regras, como o tom de voz baixo e evitar o ‘entra e sai’ na frente do local. Ainda como ferramenta para manter o endereço em segredo, o bar não tem wi-fi nem sinal de celular. 

Por trás do marketing que instiga o desejo, Nascimento tem outra estratégia. “O bar é uma vitrine e fonte para outros negócios. Queremos que ele seja o centro para a abertura de novas casas, porque assim já conseguimos criar o público do próximo estabelecimento”, acredita. “É uma forma diferente de montar um negócio. Estou construindo marca, conceito, conseguindo o desejo das pessoas pelo local. Nunca pensei em só abrir um bar e lotá-lo”, revela. 

Um dos resultados da manobra é o Volátil Bar, inaugurado no último sábado de julho, também na zona oeste, na Pompéia. “Abrimos o Volátil com os recursos do bar secreto. Assim, os membros e, principalmente os não membros do The Lab, podem frequentá-lo”, acrescenta.

Início. O bar secreto é resultado da união entre a inspiração vinda do formato speak easy (bares secretos da década de 1930 que surgiram nos EUA para driblar a Lei Seca instaurada no país na época) e da experiência de Nascimento no mercado de bebidas, com seis anos de atuação como desenvolvedor de receitas de cervejas artesanais e sócio da escola Sinnatrah, também do setor. O empresário reforça que a ideia inicial sempre foi abrir “um laboratório de desenvolvimento de produtos, para testar e produzir destilados e depois lançá-los no mercado.” 

Os testes resultaram na produção de bebidas e de drinques clássicos e originais. São vendidos 21 tipos de coquetéis, todos no valor de R$ 31. O bar abre apenas de quinta a sábado e recebe pouco mais de 50 pessoas durante os três dias. 

“Desde que abriu, em setembro do ano passado, o The Lab já se pagou. E para chegar ao faturamento ideal preciso atingir 1.200 membros. Tenho uma lista de espera e já poderia ter atingido esse número, mas não posso convidar todo mundo de uma só vez, estou fazendo as coisas com cautela.” Outra forma encontrada pelo empreendedor para gerar receita é fechar o local para eventos, quatro por mês, em dias em que o bar não recebe os associados. Nascimento tem três sócios e todas as licenças para operar. O dono do imóvel está ciente de que lá funciona um bar. 

Publicidade

Professor de marketing da ESPM-SP, Marcelo Pontes acredita que o caminho escolhido por Nascimento é efetivo. “Uma das principais ferramentas de influência de comunicação, apesar de todas as mídias sociais, continua sendo o boca a boca. E é isso o que ele está fazendo por meio dos seus associados”, diz. 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.