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Atletas transformam dificuldades esportivas em oportunidades para faturar com negócio próprio

Luciano Burti encontrou no acidente que sacramentou o fim de sua carreira na F-1 o mote para a empresa que acaba de lançar

Por Renato Jakitas
Atualização:

O piloto Luciano Burti diz não se lembrar do impressionante acidente que protagonizou há 12 anos em Spa-Francorchamps, na Bélgica, quando perdeu o controle de seu Fórmula 1 em uma curva percorrida a 300 km/h e afundou com o carro em uma barreira de pneus.

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::: Estadão PME nas redes sociais ::: :: Twitter :: :: Facebook :: :: Google + :: Mesmo assim, ele garante que a experiência, que lhe custou a carreira na principal categoria do automobilismo, foi determinante para a empreitada que acaba de lançar em São Paulo, um negócio que usa simuladores para o treinamento de motoristas profissionais.

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Com investimento próprio de R$ 3,5 milhões, Burti adquiriu três equipamentos e encomendou um software, feito sob demanda, no Canadá. Ele também contratou alguns instrutores e, desde então, tem prospectado pessoalmente empresas de frota de grande e médio portes para oferecer cinco programas de cursos.

O carro-chefe contempla um módulo que promete reduzir em 10% os gastos com combustível dos clientes e, de quebra, diminuir desgastes de peças e riscos de sinistros. “Esse é um mercado que sofre com apagão de mão de obra e má formação dos profissionais”, conta Burti, que ainda atua como piloto de Stock Car e comentarista de Fórmula 1 na Rede Globo.

“Desde o meu acidente, comecei a me preocupar com um lado que antes não tinha muita preocupação. Fora do carro, passei a andar pela pista e prestar atenção em ponto de área de escape, nivelamento de asfalto. Acho que a Navig, minha empresa, foi nascendo assim”, revela o piloto.

Longe de ser a primeira personalidade do esporte a investir em uma empresa, Luciano Burti também não é o único a encontrar motivação empreendedora em um revés ou em uma dificuldade vivenciada durante um competição. No interior de São Paulo, a nadadora Fabíola Molina, com um currículo com três jogos olímpicos e participação em 11 mundiais, não se conformava em ter de usar os tradicionais maiôs para treinar todos os dias em piscinas descobertas.

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“Os maiôs de natação eram grandes e eu ficava com uma marca horrível no corpo. Ficava com vergonha de ir para a praia com a barriga branca e as pernas queimadas”, conta a paulista, que com a ajuda da mãe de um amiga nadadora criou uma linha de sunquíni, espécie de biquíni adaptado para os movimentos das nadadoras.

Há oito anos ela confecciona e vende os produtos a partir de São José dos Campos. A produção média é de três mil peças por mês e o faturamento gira em torno de R$ 1 milhão. “Anunciei minha aposentadoria para este ano e vou me dedicar inteiramente ao negócio. A gente quer crescer uns 20%, 30% no ano que vem”, conta.

Imagem. Para Daniella Giavina-Bianchi, diretora executiva da agência especializada em marca Interbrand, o mercado tende a ser naturalmente receptivo para empresários que anteriormente construíram uma carreira como atletas. Na opinião da especialista, essa demanda gera uma oportunidade de negócios, sobretudo para investidores que desejam se associar com essas personalidades.

Nesses casos, ela conta, os clientes tendem a transferir para a marca a imagem que ficou de seu proprietário enquanto esportista.

“O contrário também é verdadeiro, principalmente quando se estampa o seu nome no logotipo da empresa. Isso tudo é muito bom, mas merece atenção”, afirma a Daniella. “Para esse caso, vale lembrar a história de Tiger Woods, que teve problemas em sua vida pessoal e perdeu muitos de seus contratos de publicidade.”

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